Trago estes versos de Rodrigues de Abreu, POETA nascido em Capivari, São Paulo, a 17 de setembro de 1899, e desencarnado, tuberculoso, em Campos do Jordão, aos 24
de novembro de 1927. Publicou Casa Destelhada, Noturnos e Sala dos Passos Perdidos, além de inúmeros trabalhos esparsos na imprensa do seu Estado. Foi cognominado – “o poeta triste das rimas róseas”.publicados no primeiro livro psicografado por Chico Xavier, com o título " PARNASO DE ALÉM TÚMULO" .
de novembro de 1927. Publicou Casa Destelhada, Noturnos e Sala dos Passos Perdidos, além de inúmeros trabalhos esparsos na imprensa do seu Estado. Foi cognominado – “o poeta triste das rimas róseas”.publicados no primeiro livro psicografado por Chico Xavier, com o título " PARNASO DE ALÉM TÚMULO" .
Considero a obra PARNASO DE ALÉM TÚMULO como um decisivo recado dos mentores regentes de todos nós encarnados e desencarnados para acabar de vez com a incredulidade e dar provas de que o Espírito é pré existente à vida na carne e que findo este período que aqui para nós é de provas e expiações, ele retorna ao plano etéreo, venturoso ou não, não importa muito depois (porque a misericórdia do Pai Maior é infinita ) para continuar o trabalho de evoluir moralmente. Não é apropriado considerar bem sucedido aquele que aprendeu muito dos mistérios da ciência se ele falhou na parte moral, se não conseguiu entender que o Criador não tem planos para as individualidades e sim para o conjunto delas.
Exercitando o egoísmo, o orgulho, a alma se posiciona em caminho onde o terreno é do tipo de areias movediças e enquanto permanecer ali, cada movimento compatível com aquele que a posicionou ali, mais aderida ficará e com isto, retardando o progresso da humanidade.
Quando uso o termo humanidade, quero deixar claro que incluo todo o conjunto das almas encarnadas e desencarnadas, em todos os degraus evolutivos da matéria pesada.
Assim, para não me alongar desejo lembrar que Deus quer todos os seus filhos de volta, porém desde que estejam juntos, porque ao vê-los unidos terá a demonstração de que entenderam o significado de "amor incondicional", que foi a mensagem que nos trouxe Jesus.
Vi-te,
Senhor!
Eu
não pude ver-Te, meu Senhor,
Nos
bem-aventurados do mundo,
Como
aquele homem humilde e crente do conto de Tolstoi.
Nunca
pude enxergar
As
Tuas mãos suaves e misericordiosas,
Onde
gemiam as dores e as misérias da Terra;
E
a verdade, Senhor,
É
que Te achavas, como ainda Te encontras,
Nos
caminhos mais rudes e espinhosos,
Consolando
os aflitos e os desesperados...
Estás
no templo de todas as religiões,
Onde
busquem Teus carinhos
As
almas sofredoras,
Confundindo
os que lançam o veneno do ódio em Teu nome,
Trazendo
a visão doce do Céu
Para
o olhar angustioso de todas as esperanças.
Estás
na direção dos homens,
Em
todos os caminhos de suas atividades terrestres,
Sem
que eles se apercebam
De
Tua palavra silenciosa e renovadora,
De
Tua assistência invisível e poderosa,
Cheia
de piedade para com as suas fraquezas.
Entretanto,
Eu
era também cego no meio dos vermes vibráteis que são os
homens,
E
não Te encontrava pelos caminhos ásperos...
Mocidade,
alegria, sonho e amor,
Inquietação
ambiciosa de vencer,
E
minha vida rolava no declive de todas as ânsias...
Chamaste-me,
porém,
Com
a mansidão de Tua misericórdia infinita.
Não
disseste o meu nome para não me ofender;
Chamaste-me
sem exclamações lamentosas,
Com
o verbo silencioso do Teu amor,
E
antes que a morte coroasse a Tua magnanimidade para comigo,
Vi
que chegavas devagarinho,
Iluminando
o santuário do meu pensamento
Com
a Tua luz de todos os séculos!
Falaste-me
com a Tua linguagem do Sermão da Montanha,
Multiplicaste
o pão das minhas alegrias
E
abriste-me o Céu, que a Terra fechara dentro de minhalma...
E
entendi-Te, Senhor,
Nas
Tuas maravilhas de beleza,
Quando
Te vi na paz da Natureza,
Curando-me
com a Dor.
No
Castelo encantado
Eu
ainda não era um homem,
Quando
subi aos elevados promontórios da esperança,
Divisando
os países da beleza.
Meu
coração pulou com um ritmo descompassado
E
desejei a luz das cidades distantes,
O
perfume das florestas prodigiosas
Onde
cantavam as aves da mocidade e da glória.
Tudo
sonhei contemplando o horizonte!...
Na
embriaguez da ansiedade e do desejo,
Não
vi o cântaro de mel
Que
minha mãe deixara com o seu beijo
Na
prateleira humilde de minhalma.
Gotas
de mel, palavras de oração –
“Pai
Nosso que estais no Céu...”
“Ave
Maria, cheia de graças...”
Gotas
do mel de amor, do coração.
Tudo
esqueci, por infelicidade,
E
andei como um fauno louco pelos mares remotos e pelas ilhas
desconhecidas...
Eu
era dono do mundo inteiro
Porque
era senhor dos sonhos absolutos,
Adormecendo
à sombra enganadora
Da
árvore da ilusão, onde quase todos os frutos apodrecem.
E
quando quebrava os últimos altares,
Na
inquietação da carne e do desejo,
Chegou
ao país de minhalma um romeiro triste dos Céus,
Falando
como Jeremias sobre a Jerusalém de minhas ânsias:
“A
sombra da ilusão envenena-te a vida....
“Eu
corrijo as paisagens interiores,
Trago-te
o pão dos grandes amargores,
“Sou
a Dor, ficarei sempre contigo.
“Guarda
as minhas verdades, meu amigo,
“Manda
o Senhor que eu seja a companheira
“De
tua vida inteira...
“Irás
comigo a mundos ignorados,
“Dar-te-ei
maravilhas
“Ao
sol dos meus castelos encantados...”
Eu
não sei explicar o mistério
Daquela
personagem enigmática
Que
se intrometia, afoitamente,
Na
minha estrada de alegria.
Seu
olhar parecia
A
claridade estranha
de
toda a resignação e de todo o padecimento.
E,
desde esse momento,
Casou-se
comigo a Dor, de tal maneira,
Que
a senti junto a mim, a vida inteira:
Roubou-me
todas as glórias da Terra,
Fez
fugir-se-me a noiva idolatrada,
Deixou-me
só na lôbrega jornada,
Afastou-me
a alegria da saúde,
Apodreceu
meu coração em sua mão,
Deu-me
as sombras dos Campos do Jordão,
Fez
de meu sonho a casa destelhada,
Onde
as chuvas de todas as misérias
Caíram
sem cessar desde esse dia;
Crestou-me
a flor ditosa da alegria,
Tudo
levou-me a dor incontentada...
Mas
oh! suave milagre de ventura,
Ela
deu-me os palácios encantados
Onde
brilham as luzes dAquele que se sacrificou na cruz por
todos
os homens!...
Pela
sua porta estreita,
Encaminhou-me
à sensação perfeita
De
Tua inefável presença, ó Senhor de Bondade.
Nas
grandezas de Tua claridade,
Cala-se
o meu verso humilde,
Porque
com a Dor
Sinto
que Te compreendo, meu Senhor,
E
abençôo contente
As
mágoas que me deste antigamente...
Pois
agora é que eu sei
Banhar-me
todo nessa fonte imensa
Da
paz, doce e balsâmica da crença,
Enxergando
na tamareira da esperança,
A
cuja sombra o espírito descansa,
Pelos
desertos áridos do mundo,
O
único fruto eterno, bom e fecundo...
Fruto
que é o Teu amor
E
a Tua caridade, meu Senhor,
Sustentando
a infeliz Humanidade,
Desde
as pedras da Terra
Aos
jardins de esplendor da Eternidade!
Rodrigues de Abreu - Parnaso de Além-Túmulo
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