terça-feira, 8 de setembro de 2020

O REINO DOS CÉUS É UMA CONQUISTA DA INDIVIDUALIDADE

O REINO DOS CÉUS É UMA CONQUISTA DA INDIVIDUALIDADE  

Meus irmãos, 

Nestes tempos de dificuldades adicionais  no dia-a- dia de cada um dos brasileiros, estamos acompanhando as notícias de desencarne de nossos irmãos, o que nos deixa entristecidos – é da natureza do estágio de evolução em que estamos. 

O Espírita e o Espiritualista acreditam na pluralidade das existências, na individualidade que vive múltiplas personalidades e TEM FÉ nas palavras que nosso Mestre Jesus nos deixou. 

O Mestre sabia perfeitamente a quem falava e que muitos poucos estavam preparados para entender completamente a verdade mas Ele dizia: Conhecereis a verdade e ela vos libertará. Ainda hoje temos dificuldade de perceber a verdade,  porque o plano material no qual estamos mergulhados é um plano relativo, muito afastado do absoluto.   

O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO.
EU ME VOU PARA PREPARAR-VOS O LUGAR.
RECONCILIAI-VOS COM VOSSO IRMÃO ENQUANTO ESTÁS A CAMINHO. 

Então, quando SALOMÉ, esposa de Zebedeu e mãe de Tiago e João pede a Jesus que diga que seus dois filhos se sentem um à direita e outro à sua esquerda no Reino de Deus, o Mestre lhe respondeu que ela não sabia o que pedia e  nem conhecia a verdadeira posição de Jesus no Reino de Deus bem como funciona essa logística de desencarnar e assumir locais de glória na verdadeira vida.  Ainda hoje vemos com frequência, pessoas orando e desejando que o irmão que desencarnou descanse em paz.  Sabemos que na prática não é assim que funciona.

Morrer até que não é muito difícil, porém desencarnar pode se tornar complicado, dependendo de como o viajante  agiu enquanto “vivo”.  

Desencarnar, para o espírita ou espiritualista,  significa estar desligado da matéria e não é exatamente apenas do corpo físico; é de tudo que está ligado à matéria, incluindo aí as paixões terrenas e até mesmo os laços com amigos e parentes próximos ou afastados, que devem passar por uma revisão de como se dará esta aproximação.

Quando o irmão passa muitos anos encarnado, e logo que se desliga do corpo físico quase sempre ainda mantém vivos na mente os velhos hábitos, os desejos de sempre, os mesmos indesejáveis ímpetos de fazer julgamentos.  Aqui neste planeta todos que estamos encarnados somos Espíritos doentes, em tratamento. 
É necessário ter e manter isto em mente.
Passa pela evolução individual e coletiva o ajuste da individualidade que encarna neste planeta. Nos é concedido aquilo que necessitamos,  mas o véu do esquecimento dificulta bastante.

           DO LIVRO SABEDORIA DO EVANGELHO - Por Pastorino, Carlos Torres


DO LIVRO SABEDORIA DO EVANGELHO - Por Pastorino, Carlos Torres

Mateus 20:20-28
20. Então veio a ele a mãe dos filhos de Zebedeu, com os filhos dela, prostrando-se e rogando algo.

21. Ele disse-lhe, pois: "Que queres"? Respondeu-lhe: "Dize que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e outro à tua esquerda em teu reino”

22. Retrucando, Jesus disse: "Não sabeis o que
pedis. Podeis beber o cálice que estou para
beber"? Disseram-lhe: "Podemos"!

23. Disse-lhes: "Sem dúvida bebereis o meu
cálice; mas sentar à minha direita ou esquerda,
não me compete concedê-lo, mas àquele para quem foi preparado por meu Pai".

24. E ouvindo os dez, indignaram-se contra os
dois irmãos.

25. Chamando-os, porém, Jesus disse: "Sabeis que os governadores dos povos os tiranizam e os grandes os dominam.

26. Assim não será convosco; mas quem quiser
dentre vós tornar-se grande, será vosso servidor,

27. e quem quiser dentre vós ser o primeiro,
será vosso servo,

28. assim como o Filho do homem não veio
para ser servido, mas para servir e dar sua
alma como meio-de-libertação para muitos".


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Marcos 10:35-45
35. E aproximaram-se dele Tiago e João os filhos
de Zebedeu, dizendo-lhe: "Mestre, queremos que, se te pedirmos, nos faças".

36. Ele disse-lhes: "Que quereis que vos faça"?

37. Responderam-lhe eles: "Dá-nos que nos
sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda
na tua glória".

38. Mas Jesus disse-lhes: "Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu bebo, ou ser mergulhados no mergulho em que sou mergulhado"?

39. Eles retrucaram-lhe: "Podemos"! Então
Jesus disse-lhes: "O cálice que eu bebo, bebereis, e sereis mergulhados no mergulho em que sou mergulhado,

40. mas o sentar à minha direita ou esquerda, não me cabe concedê-lo, mas a quem foi dado".

41. E ouvindo isso, os dez começaram a indignar-
se contra Tiago e João.

42. E chamando-os, disse-lhes Jesus: "Sabeis que os reconhecidos como governadores dos povos os tiranizam e seus grandes os dominam.

43. Não é assim, todavia, convosco: mas o que
quiser tornar-se grande dentre vós, será vosso servidor,

44. e o que quiser dentre vós ser o primeiro, será servo de todos.

45. Porque o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar sua alma como meio de libertação para muitos”.

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COMENTÁRIOS.

Lucas (18:34) salientara que os discípulos "nada haviam entendido e as palavras de Jesus permaneciam ocultas para eles, que não tiveram a gnose do que lhes dizia". Mateus e Marcos trazem, logo depois, a prova concreta da verdade dessa assertiva.
Mateus apresenta o episódio como provocado pela mãe de Tiago e de João, com uma circunlocução
típica oriental, que designa a mãe pelos filhos: "veio a mãe dos filhos de Zebedeu com os filhos dela", ao invés do estilo direto: "veio a esposa de Zebedeu com seus filhos". Trata-se de Salomé, como sabemos por Marcos (15:40) confrontado com Mateus (27:56). Lagrange apresenta num artigo (cfr. "L’Ami du Clergé" de 1931, pág. 844) a hipótese de ser Salomé irmã de Maria mãe de Jesus, portanto sua tia.

Sendo seus primos, o sangue lhe dava o direito de primazia. Em nossa hipótese (vol. 3), demos Salomé como filha de Joana de Cuza, esta sim, irmã de Maria. Então Salomé seria sobrinha de Maria e prima em 1.º grau de Jesus (sua "irmã"), sendo Tiago e João "sobrinhos de Jesus", como filhos de sua "irmã" Salomé. Então, sendo seus sobrinhos, a razão da consanguinidade continuava valendo. Além disso, Salomé como sua irmã, tinha essa liberdade, e se achava no direito de pedir, pois dera a Jesus seus dois filhos e ainda subvencionava com seu dinheiro as necessidades de Jesus e do Colégio apostólico (cfr.Luc, 8:3 e Marc. 15:41).

Como na resposta Jesus se dirige frontalmente aos dois, Marcos suprimiu a intervenção materna: realmente eles estavam de pleno acordo com o pedido, tanto que, a seu lado, aguardavam ansiosos a palavra de Jesus. A interferência materna foi apenas o "pistolão" para algo que eles esperavam obter.
Como pescadores eram humildes; mas elevados à categoria de discípulos e emissários da Boa-Nova, acende-se neles o fogo da ambição, que era justa, segundo eles, pois gozavam da maior intimidade de Jesus, que sempre os distinguia, destacando-os, juntamente com Pedro, dos demais companheiros, nos momentos mais solenes (cfr. Mat, 9:1; 17:1; Marc. 1:29; 5:37; 9:12; 14:33; Luc. 8:51). Tinham sido, também, açulados pela promessa de se sentarem todos nos doze "tronos", julgando Israel (Mat. 19:28), então queriam, como todo ser humano, ocupar os primeiros lugares (Mat. 23:6 e Luc. 14:8-10).

A cena é descrita com pormenores. Embora parente de Jesus, Salomé lhe reconhece o valor intrínseco e a grandeza, e prostra-se a Seus pés, permanecendo silenciosa e aguardando que o Mestre lhe dirija a palavra em primeiro lugar: "que queres"?

Em Marcos a resposta é dos dois: "Queremos" (thélomen) o que exprime um pedido categórico, não havendo qualquer dúvida nem hesitação quanto à obtenção daquilo que se pede: não é admitida sequer a hipótese de recusa : "queremos"!
Jesus não os condena, não os expulsa da Escola, não os apresenta à execração pública, não os excomunga; estabelece um diálogo amigável, em que lhes mostra o absurdo espiritual do pedido, valendo-se do episódio para mais uma lição. Delicadamente, porém, é taxativo na recusa. Sabe dizer um NÃO  sem magoar, dando as razões da negativa, explicando o porquê é obrigado a não atender ao pedido:
não depende dele. Mas não titubeia nem engana nem deixa no ar uma esperança inane.
Pelas expressões de Jesus, sente-se nas entrelinhas a tristeza de quem percebe não estar sendo entendido:
"não sabeis o que pedis" Essa resposta lembra
muito aquela frase proferida mais tarde, em outras circunstâncias: "Não sabem o que fazem"!(Luc. 23:34).

Indaga então diretamente: "podeis beber o cálice que estou para beber ou ser mergulhado no mergulho em que sou mergulhado"? A resposta demonstra toda a presunção dos que não sabem, toda a pretensão dos que que ignoram: "podemos"!
Jesus deve ter sorrido complacente diante dessa mescla de amor e de ambição, de disposição ao sacrifício como meio de conquistar uma posição de relevo! Bem iguais a nós, esses privilegiados que seguiram Jesus: entusiasmo puro, apesar de nossa incapacidade!

Cálice (em grego potêrion, em hebraico kôs pode exprimir. no Antigo Testamento, por vezes, a alegria (cfr. Salmo 23:5; 116:13; Lament 4:21); mas quase sempre é figura de sofrimento (cfr. Salmo 75:8; 1s. 51:17,22; Ezeq. 23:31-33).
Baptízein é um verbo que precisa ser bem estudado; as traduções correntes insistem em transliterar a palavra grega, falando em batismo e batizar, que assume novo significado pela evolução semântica, no decorrer dos séculos por influência dos ritos eclesiásticos e da linguagem litúrgica. Batismo tomou um sentido todo especial, atribuído ao Novo Testamento, apesar de ignorado em toda a literatura anterior e contemporânea dos apóstolos. Temos que interpretar o texto segundo a semântica da época, e não pelo sentido que a palavra veio a assumir séculos depois, por influências externas.

Estudemos o vocábulo no mais autorizado e recente dicionário ("A Greek English Lexicon", de Liddell & Scott, revised by Henry Stuart Jones, Londres, 1966), in verbo (resumindo):
"Baptizô, mergulhar, imergir: xíphos eis sphagên, "espada mergulhada na garganta" (Josefo Rell. Jud. 2.18.4): snáthion eis tò émbryon “espátula no recém-nascido" Soranus, médico do 2.º séc. A.C. 2.63); na voz passiva: referindo-se à trepanação Galeno, 10, 447. Ainda: báptison seautòn eis thálassau e báptison Dionyson pros tên thálassan, "mergulhado no mar" (Plutarco 2.166 a e 914 d); na voz passiva com o sentido de "ser afogado”, Epicteto, Gnomologium 47. Baptízô tinà hypnôi, "mergulho alguém no sono" (Anthologia Graeca, Evenus elegíaco do 5.º séc. A.C.) e hynnôi bebantisméns “mergulhado
no sono letárgico" (Archígenes, 2.º séc., apud Aécio 63); baptízô eis anaisthesían kaì hypnon,
"mergulhado na anestesia e no sono" (Josefo, Ant. Jud. 10, 9, 4); psychê bebaptisménê lypêi
"alma mergulhada na angústia" (Libânio sofista, 4.º séc. A. D., Orationes, 64,115)".
Paulo (Rom , 6:3-4) fala de outra espécie de batismo: "porventura ignorais que todos os que fomos mergulhados em Cristo Jesus, fomos mergulhados em sua morte? Fomos sepultados com ele na morte pelo mergulho, para que, como Cristo despertou dentre os mortos pela substância do Pai, assim nós andemos em vida nova".

Até agora tem sido interpretado este trecho como referente aos sofrimentos físicos de Tiago, decapitado em Jerusalém por Herodes Agripa no ano 44 (cfr. Atos, 12:2) e de João, que morreu de morte natural, segundo a tradição, mas foi mergulhado numa caldeira de óleo fervente diante da Porta Latina (Tertuliano, De Praescriptione, 36 Patrol. Lat. vol. 2, col, 49) e foi exilado na ilha de Patmos (Jerônimo, Patrol. Lat. vol. 26, col. 143).

As discussões maiores, todavia, se prendem à continuação. Pois Jesus confirma que eles beberão seu cálice e mergulharão no mesmo mergulho, mas NÃO CABE a Ele conceder o lugar à sua direita ou esquerda! Só o Pai! Como? Sendo Jesus DEUS, segundo o credo romano, sendo UM com o Pai, NÃO PODE resolver? Só o Pai; E Ele NÃO SABE? Não tem o poder nem o conhecimento do que se passaria no futuro? Por que confirmaria mais uma vez aqui que o Pai era maior que Ele (João, 14:28)?
Como só o Pai conhecia "o último dia" (Mat. 24:36). Como só o Pai conhecia "os tempos e os momentos"
(At. 1:7). Como resolver essa dificuldade? Como uma "Pessoa" da Trindade poderá não ter conhecimento das coisas? Não são três "pessoas" mas UM SÓ DEUS?
Os comentadores discutem, porque estão certos de que o "lugar à direita e à esquerda" se situa NO
CÉU. Knabenbauer escreve: neque Messias in terra versans primas in caelo sedes nunc petentibus
quibusque assignare potest, ac si vellet Patris aeterni decretum mutare vel abrogare (Cursus Sacrae Scripturae, Paris, 1894, pág. 281), ou seja: "nem o Messias, estando na Terra, pode dar os primeiros lugares no Céu aos que agora pedem, como se pretendesse mudar ou ab-rogar o decreto do Pai eterno".
Outros seguem a mesma opinião, como Loisy, "Les Évangiles Synoptiques", 1908, tomo 2, página 238; Huby, "Êvangile selon Saint Marc", 1924, pág. 241; Lagrange, "L’Évangile selon Saint Marc", 1929, pág. 280, etc. etc.

Os séculos correram sobre as discussões infindáveis, sem que uma solução tivesse sido dada, até que no dia 5 de junho de 1918, após tão longa perplexidade, o "Santo Ofício" deu uma solução ao caso.
Disse que se tratava do que passaria a chamar-se, por uma "convenção teológica", uma APROPRIAÇÃO, ou seja: "além das operações estritamente trinitárias, todas as obras denominadas ad extra (isto é, "fora de Deus") são comuns às pessoas da Santíssima Trindade; mas a expressão corrente - fiel à iniciativa de Jesus - reserva e apropria a cada uma delas os atos exteriores que tem mais afinidade com  suas relações hipostáticas".
Em outras palavras: embora a Trindade seja UM SÓ DEUS, no entanto, ao agir "para fora", ao Pai
competem certos atos, outros ao Filho, e outros ao Espírito Santo. Não sabemos, todavia, como será possível a Deus agir "para fora", se Sua infinitude ocupa todo o infinito e mais além!
Os dois irmãos, portanto, pretendem apropriar-se dos dois primeiros lugares, sem pensar em André,
que foi o primeiro chamado, nem em Pedro, que recebeu diante de todos as "chaves do reino". 

Como verificamos, a terrível ambição encontrou terreno propício e tentou levar à ruína a união dos membros do colégio apostólico, e isso ainda na presença física de Jesus! Que não haveria depois da ausência Dele?

Swete anota que os dez se indignaram, mas "pelas costas" dos dois, e não diante deles; e isto porque foi empregada pelo narrador a preposição perí, e não katá, que exprimiria a discussão face a face.

Há aqui outra variante. Nas traduções vulgares diz-se: "não me pertence concedê-lo, mas será dado àqueles para quem está destinado por meu Pai". No entanto, o verbo hetoimózô significa mais rigorosamente  "preparar". Ora, aí encontramos hétoímastai, perfeito passivo, 3.ª pessoa singular; portanto, "foi preparado".
Jesus entra com a sublime lição da humildade e do serviço, que, infelizmente, ainda não aprendemos depois de dois mil anos: é a vitória através do serviço prestado aos semelhantes. O exemplo vivo e palpitante é o próprio caso Dele: "Vim" (êlthen) indica missão especial da encarnação (cfr. Marc. 1:38 e 2:17; e Is. 52:13 a 53:12). E essa vinda especial foi para SERVIR (diakonêsai), e não para ser servido  (diakonêthênai), fato que foi exaustivamente vivido pelo Mestre diante de Seus discípulos e em relação a eles.
O serviço é para libertação (lytron). Cabe-nos estudar o significado desse vocábulo. "Lytron" é, literalmente "meio-de-libertação", a que também se denomina "resgate". O resgate era a soma de dinheiro  dada ao templo, ao juiz ou ao "senhor" para, com ela, libertar o escravo. O termo é empregado vinte vezes na Septuaginta (cfr. Hatche and Redpath, "Concordance to the Septuagint", in verbo) e corresponde a quatro palavras do texto hebraico massorético: a kôfer, seis vezes; a pidion e outros derivados de pâdâh, sete vezes; a ga'al ou ge'ullah, cinco vezes, e a mehhir, uma vez; exprime sempre a compensação, em dinheiro, para resgatar um homicídio ou uma ofensa grave, ou o preço pago por um objeto, ou o resgate de um escravo para comprar-lhe a liberdade. E a vigésima vez aparece em Números (3:12) quando o termo lytron exprime a libertação por substituição: os levitas podiam servir de lytron, substituindo os primogênitos de Israel no serviço do Templo.
Temos, portanto, aí, a única vez em que lytron não é dinheiro, mas uma pessoa humana, que substitui outra, para libertá-la de uma obrigação imposta pela lei.

Em vista disso, a igreja romana interpretou a crucificação de Jesus como um resgate de sangue dado por Deus ao Diabo (!?), afim de comprar a liberdade dos homens! Confessemos que deve tratar-se de um deus mesquinho, pequenino, inferior ao "diabo", e de tal modo sujeito a seus caprichos, que foi constrangido
 a entregar seu próprio filho à morte para, com o derramamento de seu sangue, satisfazer-lhe
os instintos sanguinários; e o diabo então, ébrio de sangue, abriu a mão e permitiu (!) que Deus pudesse carregar para seu céu algumas das almas que lhe estavam sujeitas ... Como foi possível que tantas pessoas inteligentes aceitassem uma teoria tão absurda durante tantos séculos? ... Isso poderia ocorrer com espíritos inferiores em relação a homens encarnados, como ainda hoje vemos em certos "terreiros" de criaturas fanatizadas, e como lemos também em Eusébio (Patrol. Graeca, vol. 21, col.
85) que transcreve uma notícia de Philon de Byblos, segundo o qual os reis fenícios, em caso de calamidade, sacrificavam seus filhos mais queridos para aplacar seu "deus", algum "exu" atrasadíssimo.
Monsenhor Pirot (o.c. vol. 9, pág. 530) diz textualmente: "entregando-se aos sofrimentos e à morte, é que Jesus pagará o resgate de nossa pobre humanidade, e assim a livrará do pecado que a havia escravizado ao demônio"!

Uma palavra ainda a respeito de polloí que, literalmente, significa "’muitos". Pergunta-se: por que resgate "de muitos" e não "de todos"? Alguns aduzem que, em vários pontos do Novo Testamento, o termo grego polloí corresponde ao hebraico rabbim, isto é, "todos" (em grego pántes), como em Mat.20:28 e 26:28; em Marc. 14:24; em Rom. 5:12-19 e em Isaías, 53:11-12).
Sabemos que (Mat. 1:21) foi dado ao menino o nome de Jesus, que significa "Salvador" porque libertar á "seu povo de seus erros"; e Ele próprio dirá que traz a libertação para os homens (Luc. 4:18).

Esta lição abrange vários tópicos:

a) o exemplo a ser evitado, de aspirar, nem mesmo interior e subconscientemente, aos primeiros postos;

b) a necessidade das provas pelas quais devem passar os candidatos à iniciação: 
"beber o cálice" e "ser mergulhados";

c) a decisão, em última instância, cabe ao Pai, que é superior a Jesus (o qual, portanto, não é Deus no sentido absoluto, como pretendem os católicos romanos, ortodoxos e reformados);

d) a diferença, mais uma vez sublinhada, entre personagem e individualidade, sendo que esta só
evolui através da LEI DO SERVIÇO (5.º plano).

Vejamo-lo em ordem.

I - É próprio da personagem, com seu "eu" vaidoso e ambicioso, querer projetar-se acima dos outros, em emulação de orgulho e egoísmo. São estes os quatro vícios mais difíceis de desarraigar da personagem (cfr. Emmanuel, "Pensamento e Vida", cap. 24), e todos os quatro são produtos do intelecto separatista e antagonista da individualidade.

O pedido de Tiago (Jacó) e de João, utilizando-se do "pistolão" de sua mãe, é típico, e reflete o que se passa com todas as criaturas ainda hoje. Neste ponto, as seitas cristãs que se desligaram recentemente do catolicismo (reformados e espiritistas) fornecem exemplos frisantes.

Entre os primeiros, basta que alguém julgue descobrir nova interpretação de uma palavra da Bíblia, para criar mais uma ramificação, em que ele EVIDENTEMENTE será o primeiro, o "chefe".
O mesmo se dá entre os espiritistas. Pululam "centros" e "tendas" que nascem por impulso vaidoso de elementos que se desligam das sociedades a que pertenciam para fundar o SEU centro ou a SUA tenda:  ou foram preteridos dos "primeiros lugares à direita e à esquerda" do ex-chefe; ou se julgam mais  apazes de realização que aquele chefe que, segundo eles, não é dinâmico; ou discordam de alguma interpretação da doutrina; ou querem colocar em evidência o SEU "guia", que acham não estar sendo  bastante "prestigiado" (quando não é o próprio "guia" (!) que quer aparecer mais, e incita o seu "aparelho" a fundar outro centro PARA Ele!); ou a criatura quer simplesmente colocar-se numa posição de destaque de que não desfrutava (embora jamais confesse essa razão); ou qualquer outro motivo, geralmente fútil e produto da vaidade, do orgulho, do egoísmo e da ambição. Competência? Cultura?  Adiantamento espiritual? 
Ora, o essencial é conquistar a posição de "chefe"! Há ainda muitos Tiagos e Joões, e também muitas Salomés, que buscam para seus filhos ou companheiros os primeiros lugares, e tanto os atenazam com suas palavras e reclamações, que acabam vencendo. Que se abram os olhos e se examinem as consciências, e os exemplos aparecerão por si mesmos.

Tudo isso é provocado pela ânsia do "eu” personalístico, de destacar-se da multidão anônima; daí as "diretorias" dos centros e associações serem constituídas de uma porção de NOMES, só para satisfazer à vaidade de seus portadores, embora estes nada façam e até, por vezes, atrapalhem os que fazem.

O Anti-Sistema é essencialmente separatista e divisionista, e por isso o dizemos " satânico" (opositor).

II - As "provas" são indispensáveis para que as criaturas sejam aprovadas nos exames. E por isso
Jesus salienta a ignorância revelada pelo pedido de quem queria os primeiros postos, sem ter ainda superado a" dificuldades do caminho: "não sabeis o que pedis"!
O cálice que deve beber o candidato é amargo: são as dores físicas, os sofrimentos morais, as angústias provocadas pela aniquilação da personalidade e pela destruição total do "eu" pequeno, que precisa morrer para que a individualidade cresça (cfr. João 3:30); são as calúnias dos adversários e:,sobretudo, dos companheiros de ideal que o abandonam, com as desculpas mais absurdas, acusando-o  de culpas inexistentes, embora possam "parecer" verdadeiras: mas sempre falando pelas costas, sem dar oportunidade ao acusado de defender-se: são os martírios que vêm rijos: as prisões materiais (raramente) mas sobretudo as morais: por laços familiares; as torturas físicas (raras, hoje), mas principalmente as do próprio homem, criadas pelo "eu" personalístico, que o incita a largar tudo e a trocar os sacrifícios por uma vida fácil e tranquila, que lhe é tão simples de obter ...

Mas, além disso, há outra prova: o MERGULHO na "morte".

Conforme depreendemos do sentido de baptízô que estudamos, pode o vocábulo significar: mergulhar
ou imergir na água; mergulhar uma espada no corpo de alguém; mergulhar uma faca para operar
cirurgicamente; mergulhar alguém no sono letárgico, ou mergulhar na morte.
Podemos, pois, interpretar o mergulho a que Jesus se refere como sendo: o mergulho no "coração" para o encontro com o Cristo interno; o mergulho que Ele deu na atmosfera terrena, provindo de mundos muito superiores ao nosso; o mergulho no sono letárgico da "morte", para superação do quinto grau iniciático, do qual deveria regressar à vida, tal como ocorrera havia pouco com Lázaro; ou outro, que talvez ainda desconheçamos. Parece-nos que a referência se fez à iniciação.
Estariam os dois capacitados a realizar esse mergulho e voltar à vida, sem deixar que durante ele se rompesse o "cordão prateado"? Afoitamente responderam eles: "podemos"! Confiavam nas próprias forças. Mas era questão de tempo para preparar-se. João teve tempo, Tiago não ... Com efeito, apenas doze anos depois dessa conversa, (em 42 A. D.) Tiago foi decapitado, não conseguindo, pois, evitar o rompimento do "umbigo fluídico". Mas João o conseguiu bem mais tarde, quando pode sair com vida  (e Eusébio diz "rejuvenescido") da caldeira de óleo fervente, onde foi literalmente mergulhado.
A esse mergulho, então, parece-nos ter-se referido Jesus: mergulho na morte com regresso à vida, após o "sono letárgico" mais ou menos prolongado, que Ele realizaria pouco mais tarde.
Esse mergulho é essencial para dar ao iniciado o domínio sobre a morte (cfr. "a morte não dominará mais além dele", Rom. 6:9; "por último, porém, será destruída a morte", 1.ª Cor. 15:26; "a morte foi absorvida pela vitória; onde está, ó morte, tua vitória? onde está, ó morte, teu estímulo"? , 1.ª Cor.
15:54-55; "Feliz e santo é o que tem parte na primeira ressurreição: sobre estes a segunda morte não tem poder, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele durante os mil anos": Apoc.20:6). De fato, a superação do quinto grau faz a criatura passar ao sexto, que é o sacerdócio (cfr. vol.4).
Modernamente o sacerdócio é conferido por imposição das mãos, com rituais específicos, após longa preparação. No catolicismo, ainda hoje, percebemos muitos resquícios das iniciações antigas, como podemos verificar (e o experimentamos pessoalmente). Em outras organizações que "se" denominam "ordens iniciáticas", o sacerdócio é apenas um título pro forma, simples paródia para lisonjear a vaidade daqueles de quem os "Chefes" querem, em retribuição, receber também adulações, para se construírem fictício prestígio perante si mesmos.
O sacerdócio REAL só pode ser conferido após o mergulho REAL, efetivo e consciente, plenamente
vitorioso, no reino da morte. Transe doloroso e arriscado para quem não esteja à altura: "podeis ser mergulhados no mergulho em que sou mergulhado"?
A morte, realizada em seu simulacro, no sono cataléptico era rito insubstituível no Egito, onde se utilizava, por exemplo, a Câmara do Rei, na" pirâmide de Quéops, para o que lá havia (e ainda hoje lá está), o sarcófago vazio, onde se deitavam os candidatos. Modernamente, Paul Brunton narra ter vivido pessoalmente essa experiência (in "Egito Secreto"). Também na Grécia os candidatos passavam por essa prova, sob a proteção de Hades e Proserpina, nos mistérios dionisíacos; assim era realizado
em Roma (cfr. Vergílio, Eneida, canto VI e Plotino, Enéadas, sobretudo o canto V); assim se, fazia em todas as escolas antigas, como também, vimo-lo, ocorreu com Lázaro.
Superada essa morte, o vencedor recebia seu novo nome, o hierónymos (ou seja, hierós, "sagrado";
ónymos, "nome"), donde vem o nome "Jerônimo"; esse passava a ser seu nome sacerdotal, o qual, de modo geral, exprimia sua especialidade espiritual, intelectual ou artística; costume que ainda se conserva na igreja romana, sobretudo nas Ordens Monásticas (cfr. vol. 5, nota) (1). O catolicismo prepara para o sacerdócio com cerimônias que lembram e "imitam" a morte, da qual surge o candidato, após a “ordenação", como "homem novo" e muitas vezes com nome diferente.
(1) Veja-se, também, a esse respeito: Ephemerides Archeologicae, 1883, pág. 79; C.I.A., III, 900; Luciano, Lexiphanes, 10; Eunapio, In Maximo, pág. 52; Plutarco, De Sera Numinis Vindicta, 22.

III - Já vimos que Jesus, cônscio de Sua realidade, sempre se colocou em posição subalterna e submissa ao Pai, embora se afirmasse "unido a Ele e UNO com Ele" (João, 10:30, 38; 14:10, 11, 13; 16:15, etc. etc.).
Vejamos rapidamente alguns trechos: "esta é a vontade do Pai que me enviou" (João, 6:40), logo
vontade superior à Sua, e autoridade superior, pois só o superior pode "enviar" alguém; "falo como o Pai me ensinou" (João, 8:28), portanto, o inferior aprende com o superior, com quem sabe mais que ele; "o Pai me santificou" (João, 10.36), o mais santo santifica o menos santo; "O Pai que me enviou, me ordenou" (João, 12:49), só um inferior recebe ordens e delegações do superior; "falo como o Pai me disse" (João, 12:50), aprendizado de quem sabe menos com quem sabe mais; "o Pai, em mim, faz ele mesmo as obras" (João, 14:11), logo, a própria força de Jesus provém do Pai, e reconhecidamente não é sua pessoal; "o Pai é maior que eu" (João, 14:28), sem necessidade de esclarecimentos; "como o Pai me ordenou, assim faço" (João, 14:31); "não beberei o cálice que o Pai me deu”? (João, 18:11), qual o inferior que pode dar um sofrimento a um superior? "como o Pai me enviou, assim vos envio"
(João, 20:21); e mais: "Quem me julga é meu Pai" (João, 8:54); “meu Pai, que me deu, é maior que
tudo" (João, 10:29); "eu sou a videira, meu Pai é o viticultor" (João, 15:1), portanto, o agricultor é superior à planta da qual cuida; "Pai, agradeço-te porque me ouviste" (João, 11:41), jamais um superior ora a um inferior, e se este cumpre uma "ordem" não precisa agradecer-lhe; "Pai, salva-me desta hora" (João, 12:27), um menor não tem autoridade para “salvar" um maior: sempre recorremos a quem está acima de nós; e mais: "Pai, afasta de mim este cálice" (Marc. 14:36); "Pai, se queres, afasta de mim este cálice" (Luc. 22:42); "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Luc.23:34), e porque, se fora Deus, não diria: "perdoo-lhes eu”? e o último ato de confiança e de entrega total: "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito" (Luc. 23:46), etc.

Por tudo isso, vemos que Jesus sempre colocou o Pai acima Dele: "faça-se a tua vontade, e não a minha"
(Mat. 26:42, Luc. 22:42). Logo, não se acredita nem quer fazer crer que seja o Deus Absoluto, como pretendeu torná-Lo o Concílio de Nicéia (ano 325), contra os "arianos", que eram, na realidade, os verdadeiros cristãos, e dos quais foram assassinados, em uma semana, só em Roma, mais de 30.000, na perseguição que contra eles se levantou por parte dos "cristãos" romanos, que passaram a denominar-se "católicos".

Natural que, não sendo a autoridade suprema, nem devendo ocorrer as coisas com a simplicidade
suposta pelos discípulos, no restrito cenário palestinense, não podia Jesus garantir coisa alguma quanto ao futuro. Daí não poder NINGUÉM garantir “lugares determinados" no fabuloso "céu", como pretenderam os papas católicos ao vender esses lugares a peso de ouro (o que provocou o protesto veemente de Lutero); nem mesmo ter autoridade para afirmar que A ou B são "santos" no "céu”, como ainda hoje pretendem com as "canonizações". Julgam-se eles superiores ao próprio Jesus, que humilde e taxativamente asseverou: "não me compete, mas somente ao Pai"! A pretensão vaidosa dos homens não tem limites! ...

IV - A diferença entre a personagem dominadora e tirânica, representada pelo exemplo dos "governadores de povos" e dos "grandes", e a humildade serviçal da individualidade" é mais uma vez salientada.
Aqueles que seguem o Cristo, têm como essencial SERVIR ATRAVÉS DO AMOR e AMAR ATRAVÉS DO SERVIÇO.
Essa é a realidade profunda que precisa encarnar em nós. Sem isso, nenhuma evolução é possível.
O próprio Jesus desceu à Terra para servir por amor. E esse amor foi levado aos extremos imagináveis, pois além do serviço que prestou à humanidade, "deu sua alma para libertação de muitos".
Esta é uma das lições mais sublimes que recebemos do Mestre.
Quem não liquidou seu personalismo e passou a “servir", em lugar de "ser servido", está fora da Senda.
DAR SUA ALMA, que as edições vulgares traduzem como "dar sua vida", tem sentido especial. O fato de "dar sua vida" (deixar que matem o corpo físico) é muito comum, é corriqueiro, e não apresenta nenhum significado especial, desde o soldado que "dá sua vida" para defender, muitas vezes, a ambição de seus chefes, até a mãe que “dá sua vida" para colocar mundo mais um filho de Deus; desde o fanático que "dá sua vida" para favorecer a um grupo revolucionário, até o cientista que também "dá sua vida" em benefício do progresso da humanidade; desde o mantenedor da ordem pública que "dá sua vida" para defender os cidadãos dos malfeitores, até o nadador, que "dá sua vida" para salvar um quase náufrago; muitas centenas de pessoas, a cada mês, dão suas vidas pelos mais diversos motivos, reais ou imaginários, bons ou maus, filantrópicos ou egoístas, materiais ou espirituais.
Ora, Jesus não deu apenas sua vida, o que seria pouca coisa, pois com o renascimento pode obter-se outro corpo, até bem melhor que o anterior que foi sacrificado.

Jesus deu SUA ALMA, Sua psychê, toda a Sua sensibilidade amorosa, num sacrifício inaudito, trazendo-a de planos elevados, onde só encontrava a felicidade, para "mergulhar" na matéria grosseira de um planeta denso e atrasado, imergindo num oceano revolto de paixões agudas e descontroladas, tendo
que manter-se ligado aos planos superiores para não sucumbir aos ataques mortíferos que contra
Ele eram assacados. Sua aflição pode comparar-se, embora não dê ainda idéia perfeita, a um mergulhador que descesse até águas profundas do oceano, suportando a pressão incomensurável de muitas toneladas em cada centímetro quadrado do corpo. Pressão tão grande que sufoca, peso tão esmagador que oprime. Nem sempre o físico resiste. E quando essa pressão provém do plano astral, atingindo diretamente a psychê, a angústia é muito mais asfixiante, e só um ser excepcional poderá suportá-la sem fraquejar.
Jesus deu Sua psychê para libertação de muitos. Realmente, muitos aproveitaram o caminho que ele abriu. Todos, não. Quantos se extraviaram e se extraviam pelas estradas largas das ilusões, pelos campos abertos do prazer, aventurando-se no oceano amplo de mâyâ, sem sequer desconfiar que estão passeando às tontas, sem direção segura, e que não alcançarão a pleta neste eon; e quantos, também, despencam ladeira abaixo, aos trambolhões, arrastados pelas paixões que os enceguecem, pelos vícios que os ensurdecem, pela indiferença que os paralisa; e vão de roldão estatelar-se no fundo do abismo, devendo aguardar outras oportunidades: nesta, perderam a partida e não conseguiram a liberdade gloriosa dos Filhos de Deus.

Muitos, entretanto, já se libertaram. São os que se esquecem de si mesmos, os que deixam de existir e se transformam em pão, para alimentar a fome da humanidade: a fome física, a fome intelectual, a fome espiritual; e transubstanciam seu sangue em vinho de sabedoria, em vinho de santidade, em vinho
de amor, para inebriar as criaturas com o misticismo puro da plenitude crística, pois apresentam a todos, como Mestre, apenas o Cristo de Deus, e desaparecem do cenário: sua personalidade morre, para surgir o Cristo em seu lugar; seu intelecto cala, para erguer-se a voz diáfana do Cristo; suas emoções apagam-se, para que só brilhe o amor do Cristo. E através deles, os homens comem o Pão Vivo descido do céu, que é o Cristo, e bebem o sangue da Nova Aliança, que é o Cristo, e retemperam suas energias e se alçam às culminâncias da perfeição, porque mergulham nas profundezas da humildade  e do amor.
Essa é a libertação, que teve como lytron ("meio-de-libertação") a sublime psychê de Jesus. Para isso, Ele deu Sua psychê puríssima e santa; entregando-a à humanidade que O não entendeu ... e quis assassiná-Lo, porque Ele falava uma linguagem incompreensível de liberdade, a linguagem da liberdade, a linguagem da paz, a linguagem da sabedoria e do amor.
Deu sua psychê generosa e amoravelmente, para ajudar a libertar os que eram DELE: células de Seu prístino corpo, que Lhe foram dadas pelo Pai, ao Qual Ele pediu que, onde Ele estivesse, estivessem também aqueles que Lhe foram doados (João, 17:24), para que o Todo se completasse, a cabeça e os membros (cfr. 1.ª Cor. 12:27). 
A esse respeito já escrevemos (cfr. vol. 1 e vol. 5).

Textos de Pastorino.