E de uma postagem da internet, vem o texto cujo link posto a seguir e é nada mais que uma constatação de que realmente precisamos estudar mais sobre
O QUE É DEUS.
A CODIFICAÇAO ESPÍRITA, iniciada com O Livro dos Espíritos, é a terceira revelação
(a primeira foram os DEZ MANDAMENTOS,
a segunda revelação foi a CODIFICAÇAO DO EVANGELHO PELA VIDA SACRIFICIAL DE JESUS).
Nos ensinamentos de RAMATIS, publicados no livro "A MISSAO DO ESPIRITISMO" declara que a PRIMEIRA REVELAÇAO " foi um imperativo para o céu, através do temor e da ameaça;
a SEGUNDA REVELAÇAO, foi um convite celestial, sob a insígnia da renúncia e do amor;
a TERCEIRA REVELAÇAO, o despertamento mental para que o homem alcance o "Eden" na construção do seu destino.
Entao, vimos que na PRIMEIRA REVELAÇAO, MOISÉS revelou à humanidade a Lei da Justiça;
na segunda, JESUS, a LEI DO AMOR e;
na terceira, Allan Kardec, codificou a LEI DO DEVER .
É fácil observar que cada uma dessas revelações chegou em um ciclo ou época na face do orbe terráqueo.
Pois então, NA TERCEIRA REVELAÇAO, os Espíritos principiaram por esclarecer O QUE É DEUS e não QUEM É DEUS.
"DEUS é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas."
Esta é a resposta da primeira questão do LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Na resposta da questão 4, quando perguntados onde se pode encontrar a prova da existência de DEUS, esclareceram:
"Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo que não é obra do homem e a vossa razão vos responderá."
Tivesse o ilustre cientista cujo nome vai publicado abaixo oportunidade de consultar o Livro dos Espíritos, iria deparar, logo no início deste, com as questões 7 e 8, onde leria:
Questão 7 - Poder-se-ia encontrar nas propriedades íntimas da matéria a causa primeira da formação das coisas?
- " Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades ? É preciso sempre uma causa primeira." E Kardec complementa que "atribuir a formação primeira.
Na questão 8, quando perguntados sobre a teoria da formação primeira a uma combinação fortuita da matéria, se esta seria ao acaso, responderam:
"Outro absurdo. Que homem de bom sendo pode considerar o acaso como um ser inteligente? E, além disso, o que é o acaso? Nada!"
Kardec complementa que: " a harmonia que regula as forças do Universo revela combinações e propósitos determinados e, por isso mesmo, denota um poder inteligente. Atribuir a formação primeira ao acaso seria um contra-senso, pois o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria um acaso."
Na questão 9 do LIVRO DOS ESPÍRITOS, quando perguntados "onde se vê na causa primeira, uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências" eles nos responderam:
" Tendes um provérbio que diz: Pela obra se conhece o autor.`Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. É o orgulho que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de sí e é por isso que se julga um espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!"
Na resposta da questão 14 do Livro dos Espíritos, quando perguntados se DEUS não seria um ser distinto, ou segundo alguns outros, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas, os Espíritos da Codificação responderam:
"Se fosse assim, DEUS não existiria, porque seria efeito e não causa. Ele não pode ser, ao mesmo tempo, uma coisa e outra.
"DEUS existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto de onde não podereis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada sabeis. Deixai, pois, de lado todos esses sistemas, tendes muitas coisas que vos tocam mais diretamente, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos desembaraçardes delas, o que vos será mais útil do que quererdes penetrar o que é impenetrável."
Ainda, no capítulo III do LIVRO DOS ESPÍRITOS, onde é abordada a CRIAÇÃO, temos:
FORMAÇÃO DOS MUNDOS
O Universo compreende a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço, assim como os fluidos que o preenchem. ( grifo é meu)
Na questão 37: O Universo foi criado, ou existe de toda eternidade, como DEUS ?
"Sem dúvida o Universo não pôde fazer-se a si mesmo; e se existisse, como Deus, de toda a eternidade, não poderia ser obra de DEUS."
A nota de Kardec diz:
"A razão nos diz não ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo ser obra do acaso, deve ser obra
de DEUS."
E aqui, meus irmãos que estejam interessados em ter idéia da etapa evolutiva em que nos encontramos aqui neste planeta, trago o capítulo 15 do livro
DEUS E UNIVERSO, de "autoria" de PIETRO UBALDI, livro este (o décimo) considerado como obra FUNDAMENTAL de Ubaldi, o último escrito na Itália e que aborda a gênese primária do Espírito e seu afastamento do seio paterno. DEUS E UNIVERSO é considerado pelos seguidores de Ubaldi como o livro mais importante escrito no século 20 e o mais espetacular tratado de teologia composto no planeta. E tudo isto ao nosso alcance...
Um trecho que pinçamos neste capítulo que posto a seguir:
"Assim foi que da visão dos grandes problemas cósmicos,
chegamos à do problema espiritual do homem nas
relações da sua alma com DEUS. Agora podemos formular
uma nova e solene pergunta:
ONDE ENCONTRAR DEUS ?
E se é verdade que DEUS está no íntimo do ser,
então por que não busca-lo dentro de nós e não fora?
E como se pode alcançar DEUS por essa via .
Tratemos agora de resolver o problema da procura
de DEUS, um dos mais árduos e importantes para o
o ser.
Como subirmos ao Pai que nos gerou e
pormo-nos em comunicação com ELE ? "
Primeiramente, por ser oportuno, é muito instrutiva a leitura do capítulo 2 do livro DEUS E UNIVERSO.
II
O “EU SOU" - ESQUEMA DO SER
Caminhemos juntos à procura de Deus. Não, certamente, do Deus absoluto, para nós superconcebível na Sua substância, para nós não suscetível de definição, do Deus transcendente, que “é”, além de toda a Sua expressão. Para nós, humanos, Ele é hoje o inacessível, o incognoscível, que a nossa mente não pode alcançar além da Sua suprema afirmação no todo em que Ele nos aparece a qual nos diz: "Eu sou".
Caminhemos ao invés, à procura do Deus para nós concebível, porque imanente, expresso na forma, que nos é acessível porque sensoriamente vestido de uma expressão em nosso contingente. Eis um humilde arbusto solitário ao pé de u’a mureta. Que significa essa vida, que pensa e deseja esse pequeno ser, que pensamento contém? Deixemos de lado a botânica, a química. a estrutura orgânica. Busquemos o mistério que das profundezas anima essa vida. Esta pequena planta sabe muitas coisas. Nós o deduzimos pelo fato de que ela as sabe fazer. Se não as sabe como consciência desperta e refletida. que as conheça, conscientemente, pela razão e pela análise o fato de que ela se comporte como se as conhecesse prova que deve saber de outra maneira. Estranho modo ele saber inconsciente mas ele é habitual na vida! Entretanto se possuímos os efeitos de uma sabedoria, sinais evidentes que revelam a sua recôndita presença, e se essa sabedoria não se encontra no consciente do ser, é necessário procurá-la algures. Onde? Essa consciência cobre apenas o campo da sua atividade. imprescindível aos fins da evolução Se para o ser individualizado o resto do universo é um oceano de mistério, sepultado no inconsciente, só o é relativamente a ele e não em si mesmo, porque esse oceano de inconsciente é formado de seres, cada um consciente do seu pequeno trabalho, funcionando o Todo imerso em uma atmosfera de pensamento, que o guia e rege.
Quando, pois, cada ser nos demonstra que sabe resolver todos os problemas inerentes às suas necessidades vitais, isto significa que por ele sabe e pensa o consciente universal, que lhe transmite somente a conclusão do seu raciocínio, com um impulso, cuja análise o ser não sabe fazer, mas que lhe diz em síntese: "faça isto". Então ele, ignorante do funcionamento do Todo, passa a ser um instrumento inconsciente do consciente universal, que funciona por ele onde ele não pode nem sabe atingir. Não se nega, com isto, que o instinto seja formado pela experimentação da vida, com a técnica dos automatismos, como já dissemos em A Grande Síntese. Mas não falamos aqui dessa pequena inteligência a posteriori, e sim da superior inteligência a priori, que tudo guia, inclusive a formação do instinto, imprimindo-lhe a direção necessária, de acordo com o plano geral da evolução.
Os impulsos fundamentais de nossa vida, tanto os do destino individual, quanto os do destino coletivo, que se desenvolve na história não constituem um produto racional e consciente, sendo insuficiente para explicar-lhes a gênese somente um instinto puro formado pelas experiências do passado, pois derivam do consciente universal, que trabalha por nós onde ignoramos.
Aquela pobre e ignorante plantazinha sabe, pois, viver por si mesma, conhece os meios adequados para isso, proporcionados ao seu escopo e ao ambiente, sabe escolhê-los e coordená-los. Ela quer viver !. Ela quer crescer e sabe crescer. Ela quer reproduzir-se e sabe como fazê-lo. E, assim, cuidando não mais de aparência sensória, mas por intuição penetrando a forma que ultrapassa essa aparência, nós vemos um pensamento sábio que está além do consciente do ser, que enfrenta e resolve problemas, que opõe uma vontade decidida contra qualquer obstáculo, transpondo-os a seu modo. S que dentro desse humilde ser existe uma alma, embora sem o grau espiritual que atingiu no homem; ainda que não passe de uma esmaecida manifestação que o consciente universal ou alma do Todo estendendo à periferia da sua manifestação, individualização particular, diante do Todo, imersa no inconsciente.
Esta forma é um transformismo contínuo. Efetivamente, não a encontraremos jamais idêntica a si mesma e periodicamente a vemos morrer e reproduzir-se e, assim, através da morte e do renascimento, por meio de uma renovação contínua, sobreviver sempre. Se a forma não pode assim existir senão continuamente renovando-se, deve então haver atrás dela o imutável, um outro seu aspecto, que permanece constante, aquele sem o qual não se explica e não rege a vida perene de um dado objetivo, caminhando através da incessante mutação de sua existência. E qual pode ser esse outro aspecto do dualismo, inverso e complementar, como o é o imóvel diante do móvel, qual pode ser ele diante da forma material, senão a sua imaterial idéia animadora, senão o pensamento que sabe tantas coisas e que, imutável, se exprime revestindo-se de forma mutável?
Penetremos ainda mais profundamente no íntimo dessa pequena planta. União veremos que o seu ponto central como o de todos os seres, aquele para o qual tudo converge em síntese para depois se irradiar analiticamente, o ponto pelo qual passa e se manifesta o saber do consciente universal, a vontade de vir, que permanece constante no transformismo, e o eu . O próprio homem sabe que, tendo sido ontem criança, sendo hoje adulto e amanhã velho, tudo muda nele e em seu derredor e que a única coisa que nele jamais muda é a existência desse centro pelo qual ele se chama e se sente sempre "eu" - Enquanto no ser tudo nasce e morre, somente esse eu não morre jamais. O fato de que ele permanece através de tão grandes transformações, como são as que de um lactante, fazem um homem e depois um velho, faz com que, intuitivamente, sinta a lógica de uma idêntica continuação da vida do "eu", também através desta outra mutação que é a morte do corpo, que em toda a sua vida jamais foi idêntico a si mesmo e não fez mais do que continuamente morrer e renascer. Por que, pois, só essa outra transformação deveria ter a força de destruir esse "eu" que se revelou tão invulnerável a toda mutação exterior?
Se toda forma pode existir sem desfazer-se no contínuo transformismo que a constitui, resistindo compacta ao turbilhão das suas mutações, é porque no íntimo de todo ser existe esse "eu", centro firme na tempestade transformista. Todo ser existe no tempo enquanto disser: "eu". Di-lo o átomo, a molécula, a célula, o mineral, a planta, o animal, o homem, a família, o Estado, a humanidade, a Terra, o sistema solar, os sistemas galáticos, o cosmo. No universo, tudo está sujeito a essa necessidade de individualização. Ele é composto de seres diversamente diferenciados, mas todos dizem igualmente: "eu". De um pólo ao outro do ser tudo é construído segundo esse princípio, que é lei fundamental E assim que toda força no universo é individualizada, segundo suas qualidades particulares, o que explica a instintiva tendência dos povos primitivos para personificar as forças da natureza, atribuindo-lhes características humanas. É também sob este aspecto que podemos ver as forças do mal personificadas em Satanás e seus demônios1, que, de resto, nós realmente vemos existir em nosso mundo, nas manifestações dos seres maus . Esta característica de individualização, que em qualquer forma é sempre indispensável à existência de um ser, o princípio comum a todos, a idéia-mãe do universo, o esquema fundamental do sistema. Este princípio universal do "eu", centro de todo o ser, é a única coisa que pode manter-lhe a constante identidade em uma forma que, de outra maneira, não poderia encontrar-se a si mesma e se perderia no seu contínuo transformismo.
É este seu íntimo eu que define toda a forma nas suas características particulares, forma pela qual ele concretamente realiza a sua expressão. Se todas as formas são diferentes, é porque os “eu” são diferentes, embora conservando cada qual na sua diversidade a característica universal comum de ser um "eu". Tornamos a encontrar aqui o conceito já desenvolvido nos volumes precedentes, do princípio central único que no universo se pulveriza no particular periférico das formas, sua manifestação. Mas permanece o esquema único da constituição do universo por individualizações.
Assim se explica como cada ser assume uma forma típica, definida, com os seus limites de desenvolvimento no tempo e no espaço Se tudo isto já não estivesse estabelecido no esquema e não fosse conhecido, ainda que não seja por um processo consciente, pelo “eu" profundo que sabe, quer e permanece idêntico através de contínua mutação de forma, não haveria nenhuma garantia de ordem funcional e de regular desenvolvimento. Assim tudo é típico. O universo é um edifício composto de infinitos "eu", que, de um "Eu" central do Todo, se pulveriza hierarquicamente descendo para "eu'' sempre menores . Isto desde o infinito galático ao nuclear, um "eu" astronômico, geológico, físico, químico, espiritual, humano, animal, vegetal, sempre este "eu" é uma sabedoria e uma vontade constante, inteligentemente dirigida para um dado fim. que irresistivelmente tende à sua exteriorização. Todos esses “eu” se reagrupam por unidades coletivas, dos menores aos maiores, alcançando, das mínimas unidades atômico-nucleares às máximas organizações galáticas, do simples psiquismo orientador das moléculas dos cristais ao do homem e do gênio. Todos esses “eu” mantém um sistema orgânico que é próprio a cada um, evolvendo e funcionando sempre em cooperação com todos os outros “eu”. Esse principio, pois, não apenas conhece, quer, permanece constante, sabe reger o funcionamento individual, como também sabe guiar-lhes a evolução e coordená-los com o funcionamento de todos os outros "eu”.
Tudo isto nos mostra que o universo é um Todo que ainda quando pulverizado em infinitas formas ou expressões de um mesmo princípio central único, permanece organicamente compacto, porque ele é construído segundo um esquema único, consoante um idêntico modelo que se repete ao infinito em cada unidade menor, em que a maior se ramifica e se diferencia até à extrema pulverização. O que toma compacto o universo é ser ele um “eu”, é o mesmo princípio unitário que mantém compacta toda forma que, à semelhança da máxima, é uma unidade coletiva resultante da coordenação orgânica de unidades "eu" menores. Assim. tudo permanece unido porque coligado por uma contínua atração de parte a parte, por uma confraternização dos "eu" menores nas unidades maiores.
A observação da estrutura das formas no plano de nosso contingente nos levou à verificação desse princípio universal inserto em cada forma, o do "eu sou". Agora é a observação da estrutura de nosso particular que nos indica a estrutura do universal. Assim como cada individualização particular do ser não pode existir senão enquanto diz: "eu sou", isto é, em função dele e como sua manifestação, assim também a individualização máxima do ser, isto é, o universo, não pode existir senão enquanto diz "eu sou'', ou seja, em função deste e como sua manifestação. Isto à semelhança do que constatamos em todo ser, inclusive o homem, fato que cada um pode observar em si mesmo. E, se o "eu sou" de cada individualização é o seu íntimo princípio animador, se o "eu sou" do homem é a sua alma, que poderá ser o "eu sou" do universo, o princípio animador da forma máxima, senão Deus?
Assim se nos tornam compreensíveis as relações entre Deus e o Universo, pois que nós podemos observá-las refletidas em nós mesmos. Deus é o "Eu sou" do universo. Este, no seu aspecto dinâmico e físico, é a forma pela qual Deus exprime o pensamento e como que um Seu corpo, de modo que de Deus nós possamos na forma também, ver igualmente um semblante que pode espelhar na fisionomia e expressão o seu íntimo pensamento animador. Assim como nós procuramos num rosto humano uma alma, assim como em toda forma procuramos o princípio inteligente que nela se exprime, assim também podemos ver na criação a fisionomia de Deus. E quanto mais a nossa vista se torna penetrante pela intuição, tanto mais cada forma se fará transparente e lhe revelará sua íntima substância espiritual. Torna-se cada vez mais patente, então, que o criado é a expressão de um seu íntimo pensamento nele imanente, no qual a transcendência de Deus desceu e permanece sempre presente. Se, como transcendente, Deus permanece na Sua essência como um "Eu sou", incognoscível para o homem, como imanente, Deus, com a criação, transferindo-se em nosso relativo, através da forma que assumiu para os nossos sentidos, fica acessível ao conhecimento humano. E em que consiste a progressiva indagação da ciência, que avança de descoberta em descoberta, senão em contínuas e crescentes sondagens na profundeza do pensamento divino? Este está escrito no funcionamento orgânico do universo, e quem o indagar procura ler no livro em que estão escritas as leis ao ser e busca compreender a idéia diretriz, a alma do Todo. O místico por sua vez, é um sensitivo que, ainda quando não se dê conta consciente e racionalmente, se move atrás da mesma indagação por vias mais diretas, porfiando, através das suas visões e sensações místicas, alcançar a mesma compreensão do pensamento de Deus.
Se nós, certamente, não podemos atingir o conhecimento de Deus transcendente absoluto, podemos aproximar-nos muito de Deus imanente, vivo e presente nas formas que O exprimem isto é justamente em virtude desse esquema unitário do "eu sou” segundo o qual é construído à imagem e semelhança do caso máximo, analogicamente, todo o universo até aos casos infinitesimais. Podemos imaginar o nosso universo atual como um Todo-uno que, qual um espelho, se tenha fragmentado em miríades de partículas. Cada uma destas, embora em fragmento com respeito ao Todo, conserva-lhe em particular as qualidades, de modo a poder nos traduzir e mostrar a natureza do Todo, não obstante o fragmento tenha perdido a unidade global com a fragmentação. Desta forma cada parte reproduz o universal esquema do ser, isto é, cada criatura repete reduzidamente o divino princípio unitário, alma do Todo. Um outros termos, cada "eu", com a sua forma, é um caso menor, que repete em miniatura o motivo cósmico, no-lo narra, no-lo explica. Sendo em si um pequeno universo, fala-nos do universo máximo.
Ignoramos se tudo isto corresponde aos princípios mais aceitos em teologia, filosofia, psicologia etc. Sabemos, apenas, que cada ser fala verdadeiramente de Deus e que, segundo esta realidade, é construído o universo.
notas:
1 O vocábulo Satanás (diabo, Lúcifer, demônio, Belzebu) é de origem hebraica e significa adversário. As referências a ele, no Velho e no Novo Testamento, embora poucas, são claras e objetivas Dentre outras, podemos indicar as seguintes:
Jó 1:6; Zacarias 3:1; Isaias 14:12 e segs;
Mt 4:1-11; Mt 12:26; Lc 4:1-13; Lc 10:18;
Mc 1:13; II Co 2:11; II Co 11: 14; Ap 12:9;
Ap 20:2; Ap 2:9
Jesus Cristo e seus discípulos falam dele como um ser real. uma entidade espiritual, um autêntico anjo caído ("Eu via Satanás caindo do céu como um raio"). Não se trata, portanto, de uma alegoria, de um mero símbolo do mal, mas de uma força maligna individualizada.
Em face da evidência salientada em diversas passagens da Escritura e, principalmente, do Evangelho, temos de admitir hoje a existência de Satanás como um ser vivo e atuante, também criatura de Deus, presentemente como representação do mal, em oposição transitória a Cristo - representação suprema do Bem. (N. do T.)
É este o capítulo 15 de DEUS E UNIVERSO:
XV
A PROCURA DE DEUS
"Et multum laboravi quarens Te extrame, et Tu habitas in me”1.
(E muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim,quando Te encontras em mim.)
(S. AGOSTINHO)
Fundimos em um estreito monismo, em um só sistema, o Todo, desde o seu pólo espírito, até o pólo oposto, matéria. Terra e céu assim se tocam e se fundem em um único universo, em que o espiritual e o material não passam de momentos ou posições da mesma Substância.
Podemos agora dizer ao homem imerso nas
trevas:
trevas:
desperta e sentirás que Deus está a
teu lado, está dentro de ti, é a tua vida,
a vida de tudo. Esta é a grande descoberta, que desloca o eixo do ser e que a ciência
nem de leve sabe conceber: descobrir a própria imortalidade, o divino que está em nós e com ele aprender a viver eternamente; despertar a própria consciência adormecida, para compreender que somos filhos de Deus, imensamente amados por Ele; capacitar-se de que a causa de todos os nossos sofrimentos não reside na defeituosa construção do sistema, mas em nossa incompreensão da sua perfeita construção; convencer-se de que o tremendo destino de dor que nos aflige depende sobretudo de nossa ignorância e
que ele pode transmudar-se em um destino
de glória, somente se soubermos superar os nossos baixos instintos e evadir-nos de
nossa natureza animal inferior; entender que a vida não pode estagnar, sem avançar, a guerra não terá fim, enquanto o homem não empreender formas de luta e seleção mais evoluídas; compreender que Satanás, o qual gostamos de seguir porque nos engoda, é
antes inimigo de nossa felicidade, e que Deus, o Qual relutamos em acompanhar,
porque primeiro exige de nós o justo
trabalho para depois nos dar a alegria,
é o nosso primeiro amigo, que outra coisa
não quer e procura, senão cumular-nos de felicidade.
Até aqui temos procurado explicar,
com o máximo de clareza, o fim do mal: a autodestruição.
As teorias não são nossas, mas as lemos no livro da vida e o Evangelho
Lucas, 11: 17-18) no-las confirma, quando nos diz:
"Todo reino dividido contra si mesmo será destruído, e as casas cairão umas sobre as outras. Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?" (...)
O mal, portanto, como provém do
anti-sistema, com força negativa, está condenado ao aniquilamento pela própria natureza e qualidade. O espírito de separatismo que anima Satanás o
desagregará também pela mesma lei fatal
das coisas. E com Satanás se extinguirão
a dor e a morte, com a vitória da vida,
vida cujo centro se situa no espírito, centelha pela qual Deus se manifesta em tudo o que existe. Não deve a compreensão de tudo isso encher-nos de alegria, de um otimismo fecundo em meio a qualquer dor? Esta é a psicologia da superação que vai além do miserável contigente e nos dá a paz das coisas eternas e a segurança do amanhã.
Tudo isto está largamente exposto no Evangelho e foi por nós tentado racional e cientificamente demonstrar nos esquemas expostos, a fim de conseguir tornar compreensível esta boa nova, já proclamada por Cristo e que aqui repetimos identicamente, porque ela é a maior alegria da alma. Deus está conosco. Quando uma
espiga de trigo se multiplica em centenas
de espigas e as messes aluíram os campos
para dar-nos o pão, Deus está conosco.
Quando os rebanhos se multiplicam e os animais, que nos fornecem alimento, se desenvolvem e tudo na terra germina e
cresce fecundamente, Deus está conosco. Quando nossos filhos se tornam grandes,
Deus está conosco. Deus é esse irrefreável impulso de vida, mesmo que ele possa ser feroz nos graus inferiores, porque os seres não sabem ainda aprender lições mais refinadas. Avançamos, contudo, no caminho ascensional. Já muitos homens têm terror desta vida inferior, em que muitos se
sentem bem. É fatal que a evolução avance e produza um novo e mais civilizado tipo biológico humano. Ele talvez seja, como
hoje, dado apenas por um em um milhão.
Amanhã estará na proporção de um por mil, depois será um em cem, e assim por diante, até que o homem novo seja maioria e se afirme. A natureza procede por graus e
antes de realizar o novo em grandes
séries, experimenta-lhe os exemplares
em poucos casos, explorando o terreno.
Quando os judeus quiseram lapidar Cristo - narra João - (cap. 10:33-34) a acusação era de blasfêmia:
(...) "lapidamos-te por blasfêmia,
porque sendo tu homem, fazes-te Deus.
Jesus lhes replicou: Não está escrito
na vossa lei:
Eu disse: Vós sois Deuses?"
Quando descobriremos a grandeza desta nossa natureza divina, que se filia a Deus?
Quando os místicos falam de união, provam
que atingiram, ou pelo menos se avizinharam dela.
No íntimo de nosso ser, no espírito, há uma profundidade de infinito, para o
qual a evolução progressivamente nos desperta.
E neste infinito que O nosso pequeno “eu sou” funde-se com: o “Eu sou” do Todo. Quando descobriremos que somos Deuses, que somos, mercê de nossa centelha originária, hoje decaída nas trevas, formados da mesma Substância de que Deus é formado? Como poderia deixar de sê-lo um filho do Pai? E que mais, além disto, poderia significar a imanência?
O Evangelho é uma contínua luta para fazer-se compreender pelos seres inferiores.
E os judeus pensavam, como tantos outros ainda hoje, em um Deus déspota, que
é obedecido porque pode mais do que nós e
que nos faz pagar a desobediência, um Deus
de uma outra raça que nos domina, nada tendo em comum conosco. Há, contudo, um denominador comum, um fundo comum, ainda que muitíssimo remoto entre Deus Pai, Cristo e o homem - é esta natureza. divina. Somente que, no ser humano essa íntima Substância se aprofundou tanto na inconsciência, após a queda, que o ser dela nada mais sabe e não consegue imaginar Deus, seu pai. e amoroso amigo, senão antropomorficamente, tal feroz senhor, qual ele seria, se porventura viesse a tornar-se Deus. Não é possível ao ser formar de Deus uma imagem superior a que o grau de compreensão atingido pela sua evolução pode permitir-lhe. Assim, esta não é a psicologia dos judeus apenas, mas do tipo humano involuído, que hoje impera.
Quando imergimos o olhar na essência das coisas, vemos revelar-se-nos um mundo inteiramente diverso do que comumente nos aparece em superfície. são esses novos continentes do espírito que. estamos descobrindo nestes volumes, traduzindo o
que tão natural e evidente surge ao olho da intuição, em linguagem racional e científica, reduzindo tudo à forma mental corrente, a
fim de tornar-nos compreensíveis, mesmo por aqueles que não sabem enxergar senão com os olhos da razão. Encontramo-nos diante das mesmas dificuldades que na Terra encontrou o Evangelho, na mesma luta por se fazer compreendido. O atual homem comum está tão habituado a conceber qualquer manifestação
do ser somente na. sua extrema forma exterior e sensória, está tão convencido de que esta
é a realidade e toda a realidade, que quando deseja orar a Deus, projeta Dele uma imagem material, a que ele poderia formar de Deus, e a adora. Ela não é mentira consciente. É uma tradução da linguagem espiritual, que lhe é incompreensível, em uma linguagem concreta,
a ele acessível. Assim pode ver e tocar as imagens de Deus. Esta é uma ingênua necessidade de involuídos, que não conseguem pensar e orar a não ser com o corpo, e com os sentidos. Mas certamente, para quem sente Deus em Sua universal presença e potência, isto pode parecer uma profanação, ainda quando, nos casos mais felizes, constitua um lampejo capaz de reavivar a centelha da arte.
Assim foi que da visão dos grandes problemas cósmicos, chegamos à do problema espiritual do homem nas relações da sua alma com Deus.
Agora podemos formular uma nova e solene pergunta:
onde encontrar Deus?
E se é verdade que Deus está no
íntimo do ser, então por. que não buscá-Lo dentro de nós e não fora?
E como se pode alcançar Deus por
essa via?
Tratemos agora de resolver o problema da procura de Deus, um dos mais árduos e
importantes para o ser. Como subirmos ao
Pai que nos gerou e pormo-nos em comunicação com Ele?
Para bem compreender, reportemo-nos às primeiras origens, conceito que depois desenvolveremos (Cap. XVII: Imanência e Transcendência).
Deus, antes de realizar o ato criador, era o Uno-Todo, Que deveria ainda tudo tirar de Si.
Sobrevindo a criação dos espíritos, o sistema desmorona, como já vimos, e com ele, de certa forma, desmorona também Deus, Que, sendo o seu íntimo animador, não podia e, por Amor, não devia separar-se dele, houvesse o que houvesse.
Por isso nasceu de Deus o aspecto de imanência, que o torna presente no anti-sistema ou sistema desmoronado, como igualmente. vimos.
Mas em Seu aspecto transcendente, Ele está além de qualquer criação Sua e dos fatos a ela referentes. E a sua divisão nestes dois aspectos representa juntamente a divisão do Todo no dualismo, que será depois a característica desse Todo, cindido daí por diante em sistema e anti-sistema, entre Deus e Satanás que, então, nasceu como tal, o antagonista.
O partir do pão na Eucaristia, já vimos que significa exatamente a divisão do Uno no dualismo, prelúdio da imanência, pela qual o princípio fundamental e originário do Amor não pode subsistir a não ser como sacrifício.
Eis a lógica concatenação que liga a divisão do pão à paixão de Cristo, cuja descida à Terra, em corpo humano, é um caso
e prova fulgurante da imanência de Deus no anti-sistema, em que nos encontramos.
Sem imanência, não poderia existir a paixão e redenção maior que Deus realiza
em todo o nosso universo, como já expusemos.
E a Eucaristia, para o caso particular de nossa humanidade e do Cristo que a preside, representa justamente esta imanência Isto quer dizer que Cristo não quis descer à Terra por uns poucos anos apenas, mas aí quis ficar permanentemente presente em espírito, na Eucaristia, que expressa. a imanência de Deus em nossa humanidade, com finalidade regeneradora (redenção).
E esta, que é a via da descida, representa também o canal da subida; o fio de comunicação com a divindade. Que
significa imanência, senão que Deus permaneceu no fundo de nosso ser como espírito, a animá-lo e fazê-lo evolver, reconduzindo-o a Ele?
O espírito, como já afirmamos, é o
fundo comum entre Deus Pai, Cristo e o homem e só através desse fundo comum é possível a comunicação. Isto confirma ainda que Deus realmente não pode ser alcançado senão
quando descemos conscientes à profundeza
de nosso espírito. Veremos a seguir o que significa - conscientes.
Ouçamos as confirmações que nos enviam as grandes almas, as que souberam percorrer esse caminho de retorno. Diz-nos Agostinho:
“Est Deus superior summo, interior intimo meo”².
E acrescenta, falando de Deus:
teu lado, está dentro de ti, é a tua vida,
a vida de tudo. Esta é a grande descoberta, que desloca o eixo do ser e que a ciência
nem de leve sabe conceber: descobrir a própria imortalidade, o divino que está em nós e com ele aprender a viver eternamente; despertar a própria consciência adormecida, para compreender que somos filhos de Deus, imensamente amados por Ele; capacitar-se de que a causa de todos os nossos sofrimentos não reside na defeituosa construção do sistema, mas em nossa incompreensão da sua perfeita construção; convencer-se de que o tremendo destino de dor que nos aflige depende sobretudo de nossa ignorância e
que ele pode transmudar-se em um destino
de glória, somente se soubermos superar os nossos baixos instintos e evadir-nos de
nossa natureza animal inferior; entender que a vida não pode estagnar, sem avançar, a guerra não terá fim, enquanto o homem não empreender formas de luta e seleção mais evoluídas; compreender que Satanás, o qual gostamos de seguir porque nos engoda, é
antes inimigo de nossa felicidade, e que Deus, o Qual relutamos em acompanhar,
porque primeiro exige de nós o justo
trabalho para depois nos dar a alegria,
é o nosso primeiro amigo, que outra coisa
não quer e procura, senão cumular-nos de felicidade.
Até aqui temos procurado explicar,
com o máximo de clareza, o fim do mal: a autodestruição.
As teorias não são nossas, mas as lemos no livro da vida e o Evangelho
Lucas, 11: 17-18) no-las confirma, quando nos diz:
"Todo reino dividido contra si mesmo será destruído, e as casas cairão umas sobre as outras. Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?" (...)
O mal, portanto, como provém do
anti-sistema, com força negativa, está condenado ao aniquilamento pela própria natureza e qualidade. O espírito de separatismo que anima Satanás o
desagregará também pela mesma lei fatal
das coisas. E com Satanás se extinguirão
a dor e a morte, com a vitória da vida,
vida cujo centro se situa no espírito, centelha pela qual Deus se manifesta em tudo o que existe. Não deve a compreensão de tudo isso encher-nos de alegria, de um otimismo fecundo em meio a qualquer dor? Esta é a psicologia da superação que vai além do miserável contigente e nos dá a paz das coisas eternas e a segurança do amanhã.
Tudo isto está largamente exposto no Evangelho e foi por nós tentado racional e cientificamente demonstrar nos esquemas expostos, a fim de conseguir tornar compreensível esta boa nova, já proclamada por Cristo e que aqui repetimos identicamente, porque ela é a maior alegria da alma. Deus está conosco. Quando uma
espiga de trigo se multiplica em centenas
de espigas e as messes aluíram os campos
para dar-nos o pão, Deus está conosco.
Quando os rebanhos se multiplicam e os animais, que nos fornecem alimento, se desenvolvem e tudo na terra germina e
cresce fecundamente, Deus está conosco. Quando nossos filhos se tornam grandes,
Deus está conosco. Deus é esse irrefreável impulso de vida, mesmo que ele possa ser feroz nos graus inferiores, porque os seres não sabem ainda aprender lições mais refinadas. Avançamos, contudo, no caminho ascensional. Já muitos homens têm terror desta vida inferior, em que muitos se
sentem bem. É fatal que a evolução avance e produza um novo e mais civilizado tipo biológico humano. Ele talvez seja, como
hoje, dado apenas por um em um milhão.
Amanhã estará na proporção de um por mil, depois será um em cem, e assim por diante, até que o homem novo seja maioria e se afirme. A natureza procede por graus e
antes de realizar o novo em grandes
séries, experimenta-lhe os exemplares
em poucos casos, explorando o terreno.
Quando os judeus quiseram lapidar Cristo - narra João - (cap. 10:33-34) a acusação era de blasfêmia:
(...) "lapidamos-te por blasfêmia,
porque sendo tu homem, fazes-te Deus.
Jesus lhes replicou: Não está escrito
na vossa lei:
Eu disse: Vós sois Deuses?"
Quando descobriremos a grandeza desta nossa natureza divina, que se filia a Deus?
Quando os místicos falam de união, provam
que atingiram, ou pelo menos se avizinharam dela.
No íntimo de nosso ser, no espírito, há uma profundidade de infinito, para o
qual a evolução progressivamente nos desperta.
E neste infinito que O nosso pequeno “eu sou” funde-se com: o “Eu sou” do Todo. Quando descobriremos que somos Deuses, que somos, mercê de nossa centelha originária, hoje decaída nas trevas, formados da mesma Substância de que Deus é formado? Como poderia deixar de sê-lo um filho do Pai? E que mais, além disto, poderia significar a imanência?
O Evangelho é uma contínua luta para fazer-se compreender pelos seres inferiores.
E os judeus pensavam, como tantos outros ainda hoje, em um Deus déspota, que
é obedecido porque pode mais do que nós e
que nos faz pagar a desobediência, um Deus
de uma outra raça que nos domina, nada tendo em comum conosco. Há, contudo, um denominador comum, um fundo comum, ainda que muitíssimo remoto entre Deus Pai, Cristo e o homem - é esta natureza. divina. Somente que, no ser humano essa íntima Substância se aprofundou tanto na inconsciência, após a queda, que o ser dela nada mais sabe e não consegue imaginar Deus, seu pai. e amoroso amigo, senão antropomorficamente, tal feroz senhor, qual ele seria, se porventura viesse a tornar-se Deus. Não é possível ao ser formar de Deus uma imagem superior a que o grau de compreensão atingido pela sua evolução pode permitir-lhe. Assim, esta não é a psicologia dos judeus apenas, mas do tipo humano involuído, que hoje impera.
Quando imergimos o olhar na essência das coisas, vemos revelar-se-nos um mundo inteiramente diverso do que comumente nos aparece em superfície. são esses novos continentes do espírito que. estamos descobrindo nestes volumes, traduzindo o
que tão natural e evidente surge ao olho da intuição, em linguagem racional e científica, reduzindo tudo à forma mental corrente, a
fim de tornar-nos compreensíveis, mesmo por aqueles que não sabem enxergar senão com os olhos da razão. Encontramo-nos diante das mesmas dificuldades que na Terra encontrou o Evangelho, na mesma luta por se fazer compreendido. O atual homem comum está tão habituado a conceber qualquer manifestação
do ser somente na. sua extrema forma exterior e sensória, está tão convencido de que esta
é a realidade e toda a realidade, que quando deseja orar a Deus, projeta Dele uma imagem material, a que ele poderia formar de Deus, e a adora. Ela não é mentira consciente. É uma tradução da linguagem espiritual, que lhe é incompreensível, em uma linguagem concreta,
a ele acessível. Assim pode ver e tocar as imagens de Deus. Esta é uma ingênua necessidade de involuídos, que não conseguem pensar e orar a não ser com o corpo, e com os sentidos. Mas certamente, para quem sente Deus em Sua universal presença e potência, isto pode parecer uma profanação, ainda quando, nos casos mais felizes, constitua um lampejo capaz de reavivar a centelha da arte.
Assim foi que da visão dos grandes problemas cósmicos, chegamos à do problema espiritual do homem nas relações da sua alma com Deus.
Agora podemos formular uma nova e solene pergunta:
onde encontrar Deus?
E se é verdade que Deus está no
íntimo do ser, então por. que não buscá-Lo dentro de nós e não fora?
E como se pode alcançar Deus por
essa via?
Tratemos agora de resolver o problema da procura de Deus, um dos mais árduos e
importantes para o ser. Como subirmos ao
Pai que nos gerou e pormo-nos em comunicação com Ele?
Para bem compreender, reportemo-nos às primeiras origens, conceito que depois desenvolveremos (Cap. XVII: Imanência e Transcendência).
Deus, antes de realizar o ato criador, era o Uno-Todo, Que deveria ainda tudo tirar de Si.
Sobrevindo a criação dos espíritos, o sistema desmorona, como já vimos, e com ele, de certa forma, desmorona também Deus, Que, sendo o seu íntimo animador, não podia e, por Amor, não devia separar-se dele, houvesse o que houvesse.
Por isso nasceu de Deus o aspecto de imanência, que o torna presente no anti-sistema ou sistema desmoronado, como igualmente. vimos.
Mas em Seu aspecto transcendente, Ele está além de qualquer criação Sua e dos fatos a ela referentes. E a sua divisão nestes dois aspectos representa juntamente a divisão do Todo no dualismo, que será depois a característica desse Todo, cindido daí por diante em sistema e anti-sistema, entre Deus e Satanás que, então, nasceu como tal, o antagonista.
O partir do pão na Eucaristia, já vimos que significa exatamente a divisão do Uno no dualismo, prelúdio da imanência, pela qual o princípio fundamental e originário do Amor não pode subsistir a não ser como sacrifício.
Eis a lógica concatenação que liga a divisão do pão à paixão de Cristo, cuja descida à Terra, em corpo humano, é um caso
e prova fulgurante da imanência de Deus no anti-sistema, em que nos encontramos.
Sem imanência, não poderia existir a paixão e redenção maior que Deus realiza
em todo o nosso universo, como já expusemos.
E a Eucaristia, para o caso particular de nossa humanidade e do Cristo que a preside, representa justamente esta imanência Isto quer dizer que Cristo não quis descer à Terra por uns poucos anos apenas, mas aí quis ficar permanentemente presente em espírito, na Eucaristia, que expressa. a imanência de Deus em nossa humanidade, com finalidade regeneradora (redenção).
E esta, que é a via da descida, representa também o canal da subida; o fio de comunicação com a divindade. Que
significa imanência, senão que Deus permaneceu no fundo de nosso ser como espírito, a animá-lo e fazê-lo evolver, reconduzindo-o a Ele?
O espírito, como já afirmamos, é o
fundo comum entre Deus Pai, Cristo e o homem e só através desse fundo comum é possível a comunicação. Isto confirma ainda que Deus realmente não pode ser alcançado senão
quando descemos conscientes à profundeza
de nosso espírito. Veremos a seguir o que significa - conscientes.
“Est Deus superior summo, interior intimo meo”².
E acrescenta, falando de Deus:
“Et multum laboravi,quaerens Te extra me, et Tu habitas in me”.
Agostinho testemunha, portanto, que Deus está na intimidade do ser e que não deve ser procurado fora, mas dentro de nós.
Paulo afirma a respeito de Deus:
"In ipso vivimus, movemur et sumus"³ (...)
Paulo afirma a respeito de Deus:
"In ipso vivimus, movemur et sumus"³ (...)
S. Paulo em Atenas -Atos, 17: 28.
A Beata Ângela de Foligno ouviu Cristo dizer-lhe:
"Eu sou mais íntimo de tua alma do que ela de ti mesma".
Os místicos cristãos, experimentados em semelhantes indagações; dizem que:
"Deus é a nossa superessência”, isto é, algo de tão íntimo e profundo a ponto de parecer a nossa própria sublimação.
Eis a palavra que nos traça a via de retorno: sublimação, isto é, purificação e elevação de nossa personalidade. Esta é a estrada que reconduz o ser ao ponto de partida, lá onde, após determinados períodos, a ascensão atingirá a meta que é o ponto de chegada. Então o Deus imanente, que por Amor se mostra prazerosamente no sacrifício, lado a lado com a criatura, com ela carregando a cruz, terá refeito todo o caminho da descida. E assim o ciclo será completado e o Deus, do aspecto imanente, terá alcançado o Deus do aspecto transcendente, o imperfeito ter-se-á tornado perfeito, poderá fundir-se nele, o Uno ter-se-á reconstituído e a cisão do dualismo estará sanada.
E evidente que hoje o Todo está dividido em duas partes: o perfeito, que ficou como recordação no fundo do "eu" qual anelo e instinto fundamental dele; e o imperfeito, que evolve para a sua perfeição. Ora, se o imperfeito avança sempre para o perfeito, na progressão para o infinito, ele deverá reduzir as distâncias a quantidades cada vez mais infinitesimais, até sobrepor-se e coincidir com o perfeito. Isto porque, se Deus de um certo modo desmoronou no Seu aspecto imanente, Ele permaneceu perfeito, sem desmoronar, em seu aspecto transcendente. Este é o ponto de chegada que aguarda o imperfeito. Este é o eixo íntegro de todo o sistema, aquele que deve salvá-lo, mesmo no seu momento negativo de anti-sistema.
Como se vê, o problema da ascensão espiritual ou sublimação tem suas raízes no cosmo e não é solúvel a não ser em função do grande problema do ser. Há, pois, um grande fio condutor para a ascensão dado pela imanência de Deus, que deriva da Sua transcendência, o imperfeito que deriva do perfeito. Ora, este último termo do ciclo, no qual o dualismo é sanado e as duas metades do Uno se reúnem, está no fundo de nós mesmos e é nesta direção que devemos caminhar se quisermos atingi-lo. E como se deve proceder para caminhar em direção à profundeza de nós mesmos? Isto significa o que antes já havíamos dito em outras palavras, ou seja, "descer conscientes na profundeza de nosso espírito". Palavras igualmente sibilinas, que não sabemos como traduzir no mundo da ilusão a que chamamos realidade! Trata-se de passar de uma linguagem verdadeira, onde tudo se faz com o espírito - única realidade - para um linguagem falsa, onde tudo se faz com o corpo e com os seus sentidos, construtores da ilusão. O leitor, todavia, vê como estamos assediando e envolvendo a fortaleza em que o problema se entrincheira, até poder finalmente penetrar nela. Primeiro o encaramos do alto das posições máximas do ser. Abordamo-lo agora de baixo, partindo de nosso corpo físico.
A primeira qualidade do existir, que chamamos de vida, é o sentir. A insensibilidade é característica da morte, ausência do espírito. A sensibilidade é atributo do espírito, que é o existir. Espírito significa o que é. Onde falta o espírito, não há existência, porque Deus é espírito, isto é, a plenitude do ser. A sensibilidade, ou seja, a aptidão de perceber, como nós a possuímos, é qualidade exclusiva da alma. Uma vez esta destacada do corpo, este não mais sente, ainda que os seus órgãos estejam intactos. O místico, arrebatado em êxtase, não percebe mais através dos sentidos, porque a alma está ausente deles. Quando estamos distraídos, a mensagem sensória chega regularmente à alma, mas esta não a registrou e, assim, vendo, não enxergamos, escutando, não ouvimos. Sabemos que os nossos vários órgãos sensoriais nada mais são do que aparelhos de captação e transmissão de ondas, não mais. Isto implica que existe um ponto de chegada da transmissão a que estão ligados esses aparelhos. O sistema central (cerebral) para o qual converge o periférico, é apenas um órgão de seleção e coordenação, ainda situado na dimensão espacial, enquanto o “eu” possui a faculdade de juízo e de síntese, próprias de outras dimensões, a que não pertencem nem o sistema central, nem o periférico. Trata-se de um “eu” princípio unitário de todo o organismo e que, como tal, permanece inalterável, não obstante o crescimento e envelhecimento deste, que está sujeito a um contínuo transformismo. Nesse princípio está o abstrato, o supersensório, algo de qualitativamente diverso da vibração transmitida, qualquer coisa que pensa, quer e reage depois, por meio de outros órgãos. Eis o espírito, que se une a Deus. Ele põe-se em comunicação com o mundo exterior por intermédio dos órgãos do corpo, os quais lhe transmitem sinais que ele interpreta e que lhe permitem registrar uma limitada gama de vibrações (som, luz, calor), necessárias à sua vida terrena, além das quais ele nada percebe do mundo exterior. O resto do universo terá também ele a sua sensibilidade, pois que é igualmente animado de vida, isto é, de espírito, de Deus imanente. Mas qual seja ela, não o sabemos. Não podemos saber se a matéria, quem sabe de que maneira, sente a sua estrutura atômica; se um cristal percebe a sua vibração molecular; a célula, o seu metabolismo; uma planta, o mundo exterior. Não podemos penetrar nessas formas do ser tão distanciadas de nós, mas apenas nas biologicamente para nós mais semelhantes e aproximadas.
Ora, a evolução é uma espiritualização, isto é, um despertar para a vida do espírito, que é interior; é um aguçamento, uma precisão, um aperfeiçoamento da sensibilização. Isto é caminhar para a vida, sentindo que se vive cada vez mais intensamente. Significa uma acentuação da vida, isto é, uma revelação crescente do espírito. São qualidades que não podem nascer do nada, mas que constituem apenas um despertar consciente do que estava adormentado no inconsciente, qualidades que representam um progressivo revelar-se de capacidade sensitiva, que forma a divina essência do espírito, o qual, por esta via do despertar, se põe em união com Deus. Certamente, entendemos aqui sensibilização no sentido lato, não só sensório, dado que pode receber novas mensagens do exterior, mas também espiritual e, sobretudo, moral, pela qual se impõem normas de vida cada vez mais aderentes à Lei de Deus.
É por intermédio deste processo que conseguimos sentir em nós, e nas coisas, a presença de Deus. Compreendida de maneiras extremamente diversas no contingente, esta é a essência e o último significado da evolução: despertar em nós o Deus imanente, oculto na profundeza do espírito; tornar de novo consciente e vivido aquilo que, havendo-se invertido pela queda, tornara-se inconsciente e morto. Todo o trabalho da vida, o sucesso ou insucesso, a alegria ou a dor, através de infinitas provas, tudo se reduz a isto. Chama-se catarse ou sublimação, sensibilização sensória, psíquica ou moral, maceração ou maturação evolutiva, superação da treva ou da ignorância pela luz ou conhecimento - trata-se sempre do mesmo fenômeno de infinitas formas. A hierarquia dos seres é dada pelo grau deste despertar, pois ele que marca o seu valor, representado pela capacidade conseguida de vibrar, é dada pelo grau de consciência alcançado, que os avizinha mais ou menos de Deus.
As almas vão, assim, lentamente despertando, compelidas pela Lei, que expressa a imanência de Deus entre nós. Os involuídos não passam de pobres adormecidos. Entretanto, Deus está tão próximo, que realmente é o "interior intimo meo"! Como fazer, então, compreender isto a seres que O sentem, ao invés, tão distante, chegando mesmo ao ateísmo? Em que consiste essa proximidade e distância? A verdade é que esta sensação possui um sentido interiormente espiritual e não espacial. Não é em quilômetros, como na Terra, ou em anos - luz, como para as estrelas, que se podem medir essas distâncias. O espírito não vive na dimensão espaço, mesmo que venha a manifestar-se nele.
Para compreender é preciso reportar-se à natureza do espírito, que não é matéria espacial, mas um imponderável, definível, por conseguinte, por outras mensurações. A presença de Deus no universo é dada pelo estado cinético, que vimos ser a nova posição que Deus assume do absoluto imóvel, projetando-se na gênese. A vida do universo se manifesta como estado mais ou menos complexo e evoluído, mas sempre com tal íntima natureza. A vida do espírito é representada, então, por um estado vibratório. E a vibração, pois, mais ou menos complexa e evoluída, é também a medida que o define. Ora, a proximidade ou distância entre uma alma e Deus é dada pelo grau de afinidade de vibração atingido por ela em relação a Ele. Em outros termos, a vizinhança é uma sintonização, uma vibração do mesmo diapasão, que, para os místicos, termina na unificação. Ora, o involuído não vibra de modo algum com a vibração do divino, isto é, não está fundido na Lei com toda a alma e, se vibrar, vibra ignorando Deus, freqüentemente contra Deus. Eis no que consiste a imensa distância.
Daí os místicos sentirem a sua personalidade desfazer-se em Deus, no Qual se anulam como egocentrismo separado, porque vêm a assumir, cada vez mais, a vibração do Centro. E assim, quanto maior o progresso neste sentido, tanto mais difícil se torna distinguir-se como "eu", mas em compensação o "eu" se sente viver mais como Deus, isto é, como vastidão, potência e unidade. Por isso Paulo pôde dizer:
"Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim4".
E assim que a divindade pode despertar em nós. Eis os resultados da evolução. E quanto mais ela avança, tanto mais o egocentrismo separatista do "eu", filho da fragmentação do Uno, se atenua, irmanando-se em unidades coletivas cada vez maiores, e tanto mais se reconstitui a grande harmonia unitária do sistema, rompida na queda.
Eis o que significa o despertar de Deus dentro de nós. A vibração Dele, estado cinético da vida, mantém-se em inatividade no involuído e com isto a verdadeira vida está apenas latente, em estado de inércia, à espera de desenvolvimento, como um instrumento musical, cujas cordas estão mudas. A vida do involuído é uma vida animal, inferior, que a cada passo é contida pela morte e pela dor. Não é a vida verdadeira. Trata-se aqui de um despertar de consciência, que é justamente o estado cinético, qualidade do espírito; trata-se de entrar cada vez mais nesse estado cinético, o que significa desmaterializar-se (sair da inércia da matéria), para espiritualizar-se (entrar no dinamismo do espírito). E retornar ao espírito significa retornar ao divino, nosso estado originário, volvendo a ser consciente, vivo, vibrante, até na profundeza em que está Deus. Eis qual é a via para reencontrar Deus. Quando o homem tiver se tornado consciente da presença de Deus em si, o caminho da evolução estará completado, o edifício desmoronado estará reconstruído, a natureza rebelde terá volvido ao Criador.
O homem comum está em poder do jogo das suas ilusórias sensações de superfície e ignora que maravilhosos tesouros repousam inexplorados na intimidade do seu ser. Mas aqui estão descritos de forma racional as profundas mutações ocorridas na alma, quando um homem se torna santo. Poucos as reparam porque a maioria vive de sensações a que escapam tais interioridades. Estes não estão em grau de compreender e admitir, em absoluto, uma distância qualitativa, evolutiva, de igual natureza, do tipo de vibração, uma imensa distância de algo que, no entanto, nos é tão intimo. É inútil, pois, falar de uma incompreensível imanência de Deus em todas as coisas e, sobretudo, na profundidade de nossa alma. Quem não possui meios para registrar uma vibração, acredita-a inexistente e a nega. Essa incompreensão, porém, explica-se facilmente. É difícil da periferia mover-se à procura de Deus, onde se está situado em posição invertida A ciência, em última análise, nada mais faz do que tentar essa procura. Ela não o sabe, embevecida pelas habituais miragens, mas, na realidade, é esse o seu verdadeiro e substancial objetivo Na periferia, todavia, em meio a um sistema esfrangalhado em uma infinita poeira fenomênica, ela se perde no particular, condenada ainda à ausência de uma síntese total. Para voltar a encontrar Deus, seria necessário reconstituir no Uno essa infinita pulverização do ser, o que é impossível. Não é, pois, à ciência que podemos pedir tais resultados. São necessárias outras vias para que isso se dê.
Assim, tudo o que existe, inclusive os homens, escalona-se por degraus ao longo da escala evolutiva, representando a reconstrução dos vários planos do sistema desmoronado. A escala do que conhecemos vai da matéria ao super-homem. E tudo está a caminho. O termo fixo de comparação, o absoluto que, na relatividade do Todo, permite estabelecerem-se as distâncias, é Deus. No mineral, o divino está tão profundamente sepultado em estado de inconsciência que não se pode, de maneira nenhuma, falar de consciência e espírito, pois que eles jazem como que anulados. Sem liberdade de escolha, nem luz de compreensão, o ser ai se movimenta no determinismo que a Lei, completamente ignorada, impõe. Todavia, a individualidade atômica, molecular, química, planetária ou galáctica, tem as suas características inequívocas, que lhe conferem como que uma personalidade. E esta exprime uma estrutura tão complexa, que o homem ainda não a decifrou. Há, pois, aí também, um grande pensamento, que não pode deixar de ser o de Deus imanente, porque ao certo essa individualidade o ignora por completo. Não poderemos admitir que o átomo saiba calcular a sua velocidade interior e trajetória. Ele é ligado a uma lei de ferro, da qual não tem consciência. Estamos nos antípodas do centro-Deus, onde existe a plenitude da liberdade e da consciência. O ser deve reconquistar essa plenitude, que, neste caso extremo, se inverteu em uma carência completa; deve, evolvendo, reconstruir-se. E assim se sobe gradativamente. Na progressiva conquista de mobilidade e de sensibilidade, há uma liberação. A consciência, qualidade divina, revela-se cada vez mais, por graus, até o plano do homem e do super-homem. Mas nós vemos que a inteligência de Deus existe mesmo nos graus ínfimos do ser. Só existe esta diferença com as formas mais evoluídas: estas, quanto mais ascendem; tanto mais vêm a tornar-se participes dessa inteligência que já existia, mas da qual, embora ela existisse dentro deles, esses seres estavam excluídos. E que mais significa esta, senão tornar-se consciente, isto é, o despertar no ser do Deus Que, com o desmoronamento, permaneceu nele imanente, mas sepultado na inconsciência?
É grave e de transcendental importância a conclusão deste capítulo, especialmente para quem está em condições de senti-lo inteiramente, porque a atingiu por si mesmo, através da própria maturação e visão. Constitui uma descoberta revolucionária chegar a saber que, na profundidade do próprio "eu", se possui o divino e que Deus, que o animal ignora e o ignorante nega, está tão junto de nós. E deveras emocionante saber-se eterno cidadão do universo! E uma conclusão de incomensurável alcance, mas por isso mesmo perigosa, se não for encarada sabiamente, motivo pelo qual não pode ser dita indiscriminadamente a todos e manuseada pelo involuído Quem não estiver preparado, não pode receber a luz da verdade, tão excessivamente ofuscante. A verdade deve ser dada proporcionadamente a quem a recebe. Tais conceitos, postos na mente do involuído, são transviados, podem ser entendidos às avessas no que se refere à sua posição de modo que, ao invés de estimularem uma anulação do próprio egocentrismo, na fusão com Deus podem levá-lo a exalçar-se, erigindo-se em anti-Deus. A primeira rebelião está sempre pronta a explodir de novo no anti-sistema. O indivíduo pode, assim, ser levado a crer-se Deus. Esta, embora uma interpretação invertida, satânica, da conclusão verdadeira, será quase certa. E por esta razão que o conhecimento de um fato de tal alcance, como é a presença do divino em nós, é vedado à maioria, enquanto não houver alcançado o grau de evolução necessário. Ai de quem entender em sentido inverso a presença de Deus em nós, porque, então, tudo isto, ao invés de servir para a ascensão, contribuirá para a descida ainda maior. O místico jamais se ensoberba com essa descoberta; pelo contrário, vê nela um motivo a mais de obediência e humildade. É necessário fazer Deus crescer em si, não pelo caminho oposto da exaltação do "eu". Deus está em nós como princípio de Amor, para que façamos Dele o nosso centro, e não para que façamos de nós um centro contra Ele. Então Deus se negará cada vez mais, em lugar de dar-se, e o ser precipitar-se-á ao invés de subir.
Estamos na Terra, em um reino periférico do anti-sistema, onde é comum subverter a verdade no erro. Assim é fácil, neste reino, conferir à nossa fé e intuição da imanência de Deus uma interpretação de panteísmo impessoal, confundindo-o com o unilateral, que exclui de Deus o aspecto pessoal e transcendente. Esta foi efetivamente a interpretação que emprestaram aos volumes precedentes, especialmente em A Grande Síntese, da qual este e os demais tomos não são mais do que o desenvolvimento e a explicação. Ora, Deus estar em nós, como presente em todos os seres, porque sem Ele nada pode existir, é uma certeza, uma realidade que jamais poderá renegar quem a atingir por intuição. Depois, se corretamente interpretada, ela não leva a uma soberba deificação do nosso eu , ou da natureza, mas determinará a fusão de nossa alma e do criado, com o Criador aí imanente, sem o que tudo estaria órfão. Os conceitos acima expostos não levantam o "eu" contra Deus, mas tendem a diminuir o "eu" para deixar que Deus desperte nele e viva nele em lugar do "eu" separado, filho do desmoronamento. Não é mais o "eu" rebelde que agora predomina, mas o "eu" em sacrifício, aos pés da Lei. "Os últimos serão os primeiros", isto e, quem quiser ser o primeiro no sistema, deve ser o último no anti-sistema, ou seja, servo do próximo, não em soberba, mas em obediência e em humildade. Desta maneira não se aumenta a cisão, mas a unificação, não se caminha para o triunfo do "eu", mas de Deus. É evidente que a via acima traçada não é a que leva a Satanás, mas a que conduz a Deus.
E assim evidente também o que diz o Evangelho sobre a necessidade de decidir-se na escolha, porque não é possível servir a dois senhores ao mesmo tempo, isto é, prosperar concomitantemente no sistema e no anti-sistema. Se quisermos realmente vencer, é de nosso interesse seguir o primeiro e não o segundo. É natural, pois, que Cristo e o mundo sejam inexoravelmente inimigos, mas também que Cristo, Senhor do sistema, vença o anti-sistema. Cristo não sofreu porque fosse fraco ou vencido, como acreditou a estupidez dos seus algozes, mas em razão de livre e deliberado sacrifício de Amor. A paixão de Cristo se situa logicamente no plano de salvação do universo, no plano da reconstrução do sistema com o anti-sistema em que ele desmoronou.
1 "E muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim,quando Te encontras em mim". (N. do T.)
2 “Deus está nas supremas alturas e também no meu íntimo.”
3 Nele vivemos, nos movemos e existimos. (N. do T.)
4 Gálatas, 2:20 (N. do T.)
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AINDA, PIETRO UBALDI, MAS
AGORA NO CAPÍTULO 30 DE
"A GRANDE SÍNTESE"
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Por hoje é só.
(E muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim,
quando Te encontras em mim.) Santo Agostinho.
Não esqueçamos que neste blog já tem um publicação sobre
O QUE É DEUS
aqui neste link
http://omundoextrafisico.blogspot.com.br/2015/08/o-que-e-deus-e-pietro-ubaldi-no.html
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O que foi publicado no link divulgado no Yahoo:
Um dos principais cientistas do planeta falou sobre o ser humano e Deus. Em entrevista concedida ao jornal El País, Stephen Hawking afirmou que teme pelo futuro da raça humana e explicou sua relação com conceitos religiosos.
“Utilizo a palavra ‘Deus’ em um sentido impessoal, da mesma forma que Einstein, para me referir às leis da natureza. As leis da ciência bastam para explicar a origem do Universo. Não é preciso invocar Deus”, explicou ele.
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/super-incr%C3%ADvel/-as-leis-da-ci%C3%AAncia-bastam--n%C3%A3o-precisamos-de-deus---afirma-stephen-hawking-201215905.html
A Beata Ângela de Foligno ouviu Cristo dizer-lhe:
"Eu sou mais íntimo de tua alma do que ela de ti mesma".
Os místicos cristãos, experimentados em semelhantes indagações; dizem que:
"Deus é a nossa superessência”, isto é, algo de tão íntimo e profundo a ponto de parecer a nossa própria sublimação.
Eis a palavra que nos traça a via de retorno: sublimação, isto é, purificação e elevação de nossa personalidade. Esta é a estrada que reconduz o ser ao ponto de partida, lá onde, após determinados períodos, a ascensão atingirá a meta que é o ponto de chegada. Então o Deus imanente, que por Amor se mostra prazerosamente no sacrifício, lado a lado com a criatura, com ela carregando a cruz, terá refeito todo o caminho da descida. E assim o ciclo será completado e o Deus, do aspecto imanente, terá alcançado o Deus do aspecto transcendente, o imperfeito ter-se-á tornado perfeito, poderá fundir-se nele, o Uno ter-se-á reconstituído e a cisão do dualismo estará sanada.
E evidente que hoje o Todo está dividido em duas partes: o perfeito, que ficou como recordação no fundo do "eu" qual anelo e instinto fundamental dele; e o imperfeito, que evolve para a sua perfeição. Ora, se o imperfeito avança sempre para o perfeito, na progressão para o infinito, ele deverá reduzir as distâncias a quantidades cada vez mais infinitesimais, até sobrepor-se e coincidir com o perfeito. Isto porque, se Deus de um certo modo desmoronou no Seu aspecto imanente, Ele permaneceu perfeito, sem desmoronar, em seu aspecto transcendente. Este é o ponto de chegada que aguarda o imperfeito. Este é o eixo íntegro de todo o sistema, aquele que deve salvá-lo, mesmo no seu momento negativo de anti-sistema.
Como se vê, o problema da ascensão espiritual ou sublimação tem suas raízes no cosmo e não é solúvel a não ser em função do grande problema do ser. Há, pois, um grande fio condutor para a ascensão dado pela imanência de Deus, que deriva da Sua transcendência, o imperfeito que deriva do perfeito. Ora, este último termo do ciclo, no qual o dualismo é sanado e as duas metades do Uno se reúnem, está no fundo de nós mesmos e é nesta direção que devemos caminhar se quisermos atingi-lo. E como se deve proceder para caminhar em direção à profundeza de nós mesmos? Isto significa o que antes já havíamos dito em outras palavras, ou seja, "descer conscientes na profundeza de nosso espírito". Palavras igualmente sibilinas, que não sabemos como traduzir no mundo da ilusão a que chamamos realidade! Trata-se de passar de uma linguagem verdadeira, onde tudo se faz com o espírito - única realidade - para um linguagem falsa, onde tudo se faz com o corpo e com os seus sentidos, construtores da ilusão. O leitor, todavia, vê como estamos assediando e envolvendo a fortaleza em que o problema se entrincheira, até poder finalmente penetrar nela. Primeiro o encaramos do alto das posições máximas do ser. Abordamo-lo agora de baixo, partindo de nosso corpo físico.
A primeira qualidade do existir, que chamamos de vida, é o sentir. A insensibilidade é característica da morte, ausência do espírito. A sensibilidade é atributo do espírito, que é o existir. Espírito significa o que é. Onde falta o espírito, não há existência, porque Deus é espírito, isto é, a plenitude do ser. A sensibilidade, ou seja, a aptidão de perceber, como nós a possuímos, é qualidade exclusiva da alma. Uma vez esta destacada do corpo, este não mais sente, ainda que os seus órgãos estejam intactos. O místico, arrebatado em êxtase, não percebe mais através dos sentidos, porque a alma está ausente deles. Quando estamos distraídos, a mensagem sensória chega regularmente à alma, mas esta não a registrou e, assim, vendo, não enxergamos, escutando, não ouvimos. Sabemos que os nossos vários órgãos sensoriais nada mais são do que aparelhos de captação e transmissão de ondas, não mais. Isto implica que existe um ponto de chegada da transmissão a que estão ligados esses aparelhos. O sistema central (cerebral) para o qual converge o periférico, é apenas um órgão de seleção e coordenação, ainda situado na dimensão espacial, enquanto o “eu” possui a faculdade de juízo e de síntese, próprias de outras dimensões, a que não pertencem nem o sistema central, nem o periférico. Trata-se de um “eu” princípio unitário de todo o organismo e que, como tal, permanece inalterável, não obstante o crescimento e envelhecimento deste, que está sujeito a um contínuo transformismo. Nesse princípio está o abstrato, o supersensório, algo de qualitativamente diverso da vibração transmitida, qualquer coisa que pensa, quer e reage depois, por meio de outros órgãos. Eis o espírito, que se une a Deus. Ele põe-se em comunicação com o mundo exterior por intermédio dos órgãos do corpo, os quais lhe transmitem sinais que ele interpreta e que lhe permitem registrar uma limitada gama de vibrações (som, luz, calor), necessárias à sua vida terrena, além das quais ele nada percebe do mundo exterior. O resto do universo terá também ele a sua sensibilidade, pois que é igualmente animado de vida, isto é, de espírito, de Deus imanente. Mas qual seja ela, não o sabemos. Não podemos saber se a matéria, quem sabe de que maneira, sente a sua estrutura atômica; se um cristal percebe a sua vibração molecular; a célula, o seu metabolismo; uma planta, o mundo exterior. Não podemos penetrar nessas formas do ser tão distanciadas de nós, mas apenas nas biologicamente para nós mais semelhantes e aproximadas.
Ora, a evolução é uma espiritualização, isto é, um despertar para a vida do espírito, que é interior; é um aguçamento, uma precisão, um aperfeiçoamento da sensibilização. Isto é caminhar para a vida, sentindo que se vive cada vez mais intensamente. Significa uma acentuação da vida, isto é, uma revelação crescente do espírito. São qualidades que não podem nascer do nada, mas que constituem apenas um despertar consciente do que estava adormentado no inconsciente, qualidades que representam um progressivo revelar-se de capacidade sensitiva, que forma a divina essência do espírito, o qual, por esta via do despertar, se põe em união com Deus. Certamente, entendemos aqui sensibilização no sentido lato, não só sensório, dado que pode receber novas mensagens do exterior, mas também espiritual e, sobretudo, moral, pela qual se impõem normas de vida cada vez mais aderentes à Lei de Deus.
É por intermédio deste processo que conseguimos sentir em nós, e nas coisas, a presença de Deus. Compreendida de maneiras extremamente diversas no contingente, esta é a essência e o último significado da evolução: despertar em nós o Deus imanente, oculto na profundeza do espírito; tornar de novo consciente e vivido aquilo que, havendo-se invertido pela queda, tornara-se inconsciente e morto. Todo o trabalho da vida, o sucesso ou insucesso, a alegria ou a dor, através de infinitas provas, tudo se reduz a isto. Chama-se catarse ou sublimação, sensibilização sensória, psíquica ou moral, maceração ou maturação evolutiva, superação da treva ou da ignorância pela luz ou conhecimento - trata-se sempre do mesmo fenômeno de infinitas formas. A hierarquia dos seres é dada pelo grau deste despertar, pois ele que marca o seu valor, representado pela capacidade conseguida de vibrar, é dada pelo grau de consciência alcançado, que os avizinha mais ou menos de Deus.
As almas vão, assim, lentamente despertando, compelidas pela Lei, que expressa a imanência de Deus entre nós. Os involuídos não passam de pobres adormecidos. Entretanto, Deus está tão próximo, que realmente é o "interior intimo meo"! Como fazer, então, compreender isto a seres que O sentem, ao invés, tão distante, chegando mesmo ao ateísmo? Em que consiste essa proximidade e distância? A verdade é que esta sensação possui um sentido interiormente espiritual e não espacial. Não é em quilômetros, como na Terra, ou em anos - luz, como para as estrelas, que se podem medir essas distâncias. O espírito não vive na dimensão espaço, mesmo que venha a manifestar-se nele.
Para compreender é preciso reportar-se à natureza do espírito, que não é matéria espacial, mas um imponderável, definível, por conseguinte, por outras mensurações. A presença de Deus no universo é dada pelo estado cinético, que vimos ser a nova posição que Deus assume do absoluto imóvel, projetando-se na gênese. A vida do universo se manifesta como estado mais ou menos complexo e evoluído, mas sempre com tal íntima natureza. A vida do espírito é representada, então, por um estado vibratório. E a vibração, pois, mais ou menos complexa e evoluída, é também a medida que o define. Ora, a proximidade ou distância entre uma alma e Deus é dada pelo grau de afinidade de vibração atingido por ela em relação a Ele. Em outros termos, a vizinhança é uma sintonização, uma vibração do mesmo diapasão, que, para os místicos, termina na unificação. Ora, o involuído não vibra de modo algum com a vibração do divino, isto é, não está fundido na Lei com toda a alma e, se vibrar, vibra ignorando Deus, freqüentemente contra Deus. Eis no que consiste a imensa distância.
Daí os místicos sentirem a sua personalidade desfazer-se em Deus, no Qual se anulam como egocentrismo separado, porque vêm a assumir, cada vez mais, a vibração do Centro. E assim, quanto maior o progresso neste sentido, tanto mais difícil se torna distinguir-se como "eu", mas em compensação o "eu" se sente viver mais como Deus, isto é, como vastidão, potência e unidade. Por isso Paulo pôde dizer:
"Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim4".
E assim que a divindade pode despertar em nós. Eis os resultados da evolução. E quanto mais ela avança, tanto mais o egocentrismo separatista do "eu", filho da fragmentação do Uno, se atenua, irmanando-se em unidades coletivas cada vez maiores, e tanto mais se reconstitui a grande harmonia unitária do sistema, rompida na queda.
Eis o que significa o despertar de Deus dentro de nós. A vibração Dele, estado cinético da vida, mantém-se em inatividade no involuído e com isto a verdadeira vida está apenas latente, em estado de inércia, à espera de desenvolvimento, como um instrumento musical, cujas cordas estão mudas. A vida do involuído é uma vida animal, inferior, que a cada passo é contida pela morte e pela dor. Não é a vida verdadeira. Trata-se aqui de um despertar de consciência, que é justamente o estado cinético, qualidade do espírito; trata-se de entrar cada vez mais nesse estado cinético, o que significa desmaterializar-se (sair da inércia da matéria), para espiritualizar-se (entrar no dinamismo do espírito). E retornar ao espírito significa retornar ao divino, nosso estado originário, volvendo a ser consciente, vivo, vibrante, até na profundeza em que está Deus. Eis qual é a via para reencontrar Deus. Quando o homem tiver se tornado consciente da presença de Deus em si, o caminho da evolução estará completado, o edifício desmoronado estará reconstruído, a natureza rebelde terá volvido ao Criador.
O homem comum está em poder do jogo das suas ilusórias sensações de superfície e ignora que maravilhosos tesouros repousam inexplorados na intimidade do seu ser. Mas aqui estão descritos de forma racional as profundas mutações ocorridas na alma, quando um homem se torna santo. Poucos as reparam porque a maioria vive de sensações a que escapam tais interioridades. Estes não estão em grau de compreender e admitir, em absoluto, uma distância qualitativa, evolutiva, de igual natureza, do tipo de vibração, uma imensa distância de algo que, no entanto, nos é tão intimo. É inútil, pois, falar de uma incompreensível imanência de Deus em todas as coisas e, sobretudo, na profundidade de nossa alma. Quem não possui meios para registrar uma vibração, acredita-a inexistente e a nega. Essa incompreensão, porém, explica-se facilmente. É difícil da periferia mover-se à procura de Deus, onde se está situado em posição invertida A ciência, em última análise, nada mais faz do que tentar essa procura. Ela não o sabe, embevecida pelas habituais miragens, mas, na realidade, é esse o seu verdadeiro e substancial objetivo Na periferia, todavia, em meio a um sistema esfrangalhado em uma infinita poeira fenomênica, ela se perde no particular, condenada ainda à ausência de uma síntese total. Para voltar a encontrar Deus, seria necessário reconstituir no Uno essa infinita pulverização do ser, o que é impossível. Não é, pois, à ciência que podemos pedir tais resultados. São necessárias outras vias para que isso se dê.
Assim, tudo o que existe, inclusive os homens, escalona-se por degraus ao longo da escala evolutiva, representando a reconstrução dos vários planos do sistema desmoronado. A escala do que conhecemos vai da matéria ao super-homem. E tudo está a caminho. O termo fixo de comparação, o absoluto que, na relatividade do Todo, permite estabelecerem-se as distâncias, é Deus. No mineral, o divino está tão profundamente sepultado em estado de inconsciência que não se pode, de maneira nenhuma, falar de consciência e espírito, pois que eles jazem como que anulados. Sem liberdade de escolha, nem luz de compreensão, o ser ai se movimenta no determinismo que a Lei, completamente ignorada, impõe. Todavia, a individualidade atômica, molecular, química, planetária ou galáctica, tem as suas características inequívocas, que lhe conferem como que uma personalidade. E esta exprime uma estrutura tão complexa, que o homem ainda não a decifrou. Há, pois, aí também, um grande pensamento, que não pode deixar de ser o de Deus imanente, porque ao certo essa individualidade o ignora por completo. Não poderemos admitir que o átomo saiba calcular a sua velocidade interior e trajetória. Ele é ligado a uma lei de ferro, da qual não tem consciência. Estamos nos antípodas do centro-Deus, onde existe a plenitude da liberdade e da consciência. O ser deve reconquistar essa plenitude, que, neste caso extremo, se inverteu em uma carência completa; deve, evolvendo, reconstruir-se. E assim se sobe gradativamente. Na progressiva conquista de mobilidade e de sensibilidade, há uma liberação. A consciência, qualidade divina, revela-se cada vez mais, por graus, até o plano do homem e do super-homem. Mas nós vemos que a inteligência de Deus existe mesmo nos graus ínfimos do ser. Só existe esta diferença com as formas mais evoluídas: estas, quanto mais ascendem; tanto mais vêm a tornar-se participes dessa inteligência que já existia, mas da qual, embora ela existisse dentro deles, esses seres estavam excluídos. E que mais significa esta, senão tornar-se consciente, isto é, o despertar no ser do Deus Que, com o desmoronamento, permaneceu nele imanente, mas sepultado na inconsciência?
É grave e de transcendental importância a conclusão deste capítulo, especialmente para quem está em condições de senti-lo inteiramente, porque a atingiu por si mesmo, através da própria maturação e visão. Constitui uma descoberta revolucionária chegar a saber que, na profundidade do próprio "eu", se possui o divino e que Deus, que o animal ignora e o ignorante nega, está tão junto de nós. E deveras emocionante saber-se eterno cidadão do universo! E uma conclusão de incomensurável alcance, mas por isso mesmo perigosa, se não for encarada sabiamente, motivo pelo qual não pode ser dita indiscriminadamente a todos e manuseada pelo involuído Quem não estiver preparado, não pode receber a luz da verdade, tão excessivamente ofuscante. A verdade deve ser dada proporcionadamente a quem a recebe. Tais conceitos, postos na mente do involuído, são transviados, podem ser entendidos às avessas no que se refere à sua posição de modo que, ao invés de estimularem uma anulação do próprio egocentrismo, na fusão com Deus podem levá-lo a exalçar-se, erigindo-se em anti-Deus. A primeira rebelião está sempre pronta a explodir de novo no anti-sistema. O indivíduo pode, assim, ser levado a crer-se Deus. Esta, embora uma interpretação invertida, satânica, da conclusão verdadeira, será quase certa. E por esta razão que o conhecimento de um fato de tal alcance, como é a presença do divino em nós, é vedado à maioria, enquanto não houver alcançado o grau de evolução necessário. Ai de quem entender em sentido inverso a presença de Deus em nós, porque, então, tudo isto, ao invés de servir para a ascensão, contribuirá para a descida ainda maior. O místico jamais se ensoberba com essa descoberta; pelo contrário, vê nela um motivo a mais de obediência e humildade. É necessário fazer Deus crescer em si, não pelo caminho oposto da exaltação do "eu". Deus está em nós como princípio de Amor, para que façamos Dele o nosso centro, e não para que façamos de nós um centro contra Ele. Então Deus se negará cada vez mais, em lugar de dar-se, e o ser precipitar-se-á ao invés de subir.
Estamos na Terra, em um reino periférico do anti-sistema, onde é comum subverter a verdade no erro. Assim é fácil, neste reino, conferir à nossa fé e intuição da imanência de Deus uma interpretação de panteísmo impessoal, confundindo-o com o unilateral, que exclui de Deus o aspecto pessoal e transcendente. Esta foi efetivamente a interpretação que emprestaram aos volumes precedentes, especialmente em A Grande Síntese, da qual este e os demais tomos não são mais do que o desenvolvimento e a explicação. Ora, Deus estar em nós, como presente em todos os seres, porque sem Ele nada pode existir, é uma certeza, uma realidade que jamais poderá renegar quem a atingir por intuição. Depois, se corretamente interpretada, ela não leva a uma soberba deificação do nosso eu , ou da natureza, mas determinará a fusão de nossa alma e do criado, com o Criador aí imanente, sem o que tudo estaria órfão. Os conceitos acima expostos não levantam o "eu" contra Deus, mas tendem a diminuir o "eu" para deixar que Deus desperte nele e viva nele em lugar do "eu" separado, filho do desmoronamento. Não é mais o "eu" rebelde que agora predomina, mas o "eu" em sacrifício, aos pés da Lei. "Os últimos serão os primeiros", isto e, quem quiser ser o primeiro no sistema, deve ser o último no anti-sistema, ou seja, servo do próximo, não em soberba, mas em obediência e em humildade. Desta maneira não se aumenta a cisão, mas a unificação, não se caminha para o triunfo do "eu", mas de Deus. É evidente que a via acima traçada não é a que leva a Satanás, mas a que conduz a Deus.
E assim evidente também o que diz o Evangelho sobre a necessidade de decidir-se na escolha, porque não é possível servir a dois senhores ao mesmo tempo, isto é, prosperar concomitantemente no sistema e no anti-sistema. Se quisermos realmente vencer, é de nosso interesse seguir o primeiro e não o segundo. É natural, pois, que Cristo e o mundo sejam inexoravelmente inimigos, mas também que Cristo, Senhor do sistema, vença o anti-sistema. Cristo não sofreu porque fosse fraco ou vencido, como acreditou a estupidez dos seus algozes, mas em razão de livre e deliberado sacrifício de Amor. A paixão de Cristo se situa logicamente no plano de salvação do universo, no plano da reconstrução do sistema com o anti-sistema em que ele desmoronou.
Senhor
deste plano, desdenhando os pobres meios humanos de ataque e
defesa, Cristo, o Cordeiro pacífico e inerme, venceu o mundo.
1 "E muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim,quando Te encontras em mim". (N. do T.)
2 “Deus está nas supremas alturas e também no meu íntimo.”
3 Nele vivemos, nos movemos e existimos. (N. do T.)
4 Gálatas, 2:20 (N. do T.)
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AINDA, PIETRO UBALDI, MAS
AGORA NO CAPÍTULO 30 DE
"A GRANDE SÍNTESE"
30. PALINGENESIA
(Eterno Retorno)
Que vem a ser, neste sistema, o vosso
conceito de Divindade? Compreendeis que Deus
não pode ser algo mais e exterior
à criação,
ou distinto dela; que só o homem que está no
relativo pode
acrescentar a si, ou devenir
além de si, não Deus, que é o absoluto.
Vossa concepção de um Deus que cria fora e
além de si, acrescentando algo a si mesmo,
é
absurda concepção antropomórfica, é querer
reduzir o absoluto ao relativo.
Não pode
haver criação no absoluto. Só
no relativo
pode haver nascimento e transformação. O
absoluto simplesmente
“é”. Não queirais
restringir a Divindade
aos limites de vossa
razão; não vos eleveis a juízes e à medida
do todo;
não projeteis no infinito as
pequeninas imagens de vosso finito; não
ponhais
limites ao absoluto. Em sua
essência, Deus está além do universo de
vossa consciência, além dos limites de vosso
concebível. É irreverência aviltar esse
conceito para querer compreendê-Lo.
Constituindo-vos em medida das coisas,
colocais como sobrenatural e miraculoso
qualquer fato novo para vossas
sensações,
tudo o que exorbite do que sabeis e
conheceis. Mas, a natureza é
expressão
divina e não pode haver nada acima dela,
nenhum acréscimo, nenhuma
exceção, nenhuma
correção à Lei.
Sobrenatural e milagre são conceitos Absurdos diante do absoluto, aceitáveis
apenas em vosso relativo, aptos a
exprimir
vosso assombro diante do que é novo para vós
e nada mais. Neles está
contida a idéia de
limite e de seu superamento; conceitos
inaplicáveis à
Divindade. Esta é superior a
qualquer prodígio e o exclui como exceção,
como
retorno ao que já está feito, como reto
que ou arrependimento e, sobretudo,
como
vontade de desordem no equilíbrio da lei
estabelecida. Limitai a vós
mesmos esses con
ceitos e não vos julgueis centro do
universo.
Guardai para vós
os conceitos de tempo, de
espaço, de quantidade, de medida, de movi
mento, de
perfectibilidade. Não deveis medir
a Divindade como medis a vós mesmos; não
tenteis defini-La, muito menos com aquilo
que serve para definir-vos a vós mesmos,
por multiplicação e expansão de vosso
concebível.
que serve para definir-vos a vós mesmos,
por multiplicação e expansão de vosso
concebível.
Se quereis somar ao
infinito vossos
superlativos, dizei ao infinito: isto ainda
não é Deus. Seja Deus para vós uma direção,
uma
aspiração, uma tendência; seja para vós
a meta. Se Deus está no infinito —
inconcebível para vós em sua essência —
nosso finito dele se avizinha por
aproximações conceptuais progressivas. Vede
como na Terra cada um adora a representação
máxima da Divindade que pode conceber, e
como, notempo, essa aproximação se dilata.
Do politeísmo ao monoteísmo e ao monismo
nosso finito dele se avizinha por
aproximações conceptuais progressivas. Vede
como na Terra cada um adora a representação
máxima da Divindade que pode conceber, e
como, notempo, essa aproximação se dilata.
Do politeísmo ao monoteísmo e ao monismo
verificais o
progresso de vossa concepção,
que é proporcional à vossa força intelectiva
e
progride com ela. A luz aparece mais
intensa à proporção que o olhar se torna
mais Penetrante. O mistério subsiste, mas
empurrado cada vez para mais
longínquos
horizontes. Por mais que este se dilate,
haverá sempre um horizonte
mais afastado
para atingir.Ao verificar vossa relatividade
que progride, eu não destruo o mistério, mas
o enquadro no todo e dele dou a justificação
para atingir.Ao verificar vossa relatividade
que progride, eu não destruo o mistério, mas
o enquadro no todo e dele dou a justificação
racional, torno-o um mistério relativo, que
só existe pela limitação de vossas
capacidades intelectivas, que recua
continuamente diante da luz, em função do ca
minho das verdades
progressivas; um mistério
fechado dentro dos limites que a evolução
ultrapassa dia a dia. Se a divindade é um
princípio que exorbita vossos limites
conceptuais, ela lá está a esperar-vos;
para
revelar-se, espera vossa maturação.
Hoje, que finalmente vossa mente está
amadurecendo, não é mais lícito, como no
passado, “reduzir” aquele conceito a
proporções antropomórficas.
Hoje, que finalmente vossa mente está
amadurecendo, não é mais lícito, como no
passado, “reduzir” aquele conceito a
proporções antropomórficas.
Hoje, eu já trouxe ao vosso relativo nova e
maior aproximação; projetei em vossas mentes
a maior imagem que as
humanidades futuras
terão de Deus. Este
é um canto mais alto de
sua glória. Isto não é irreligiosidade, mas
ao invés,
pela maior exaltação de Deus, é
religiosidade mais profunda. Não procureis
Deus apenas fora de vós, tornando-O concreto
em imagens e expressões de
matéria, mas O
“sentis”, sobretudo , em sua forma de maior
poder dentro de
vós, na idéia abstrata,
estendendo os braços para o universo do
espírito, que
vos aguarda.
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Por hoje é só.
(E muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim,
quando Te encontras em mim.) Santo Agostinho.
Não esqueçamos que neste blog já tem um publicação sobre
O QUE É DEUS
aqui neste link
http://omundoextrafisico.blogspot.com.br/2015/08/o-que-e-deus-e-pietro-ubaldi-no.html
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O que foi publicado no link divulgado no Yahoo:
Um dos principais cientistas do planeta falou sobre o ser humano e Deus. Em entrevista concedida ao jornal El País, Stephen Hawking afirmou que teme pelo futuro da raça humana e explicou sua relação com conceitos religiosos.
“Utilizo a palavra ‘Deus’ em um sentido impessoal, da mesma forma que Einstein, para me referir às leis da natureza. As leis da ciência bastam para explicar a origem do Universo. Não é preciso invocar Deus”, explicou ele.
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/super-incr%C3%ADvel/-as-leis-da-ci%C3%AAncia-bastam--n%C3%A3o-precisamos-de-deus---afirma-stephen-hawking-201215905.html