terça-feira, 31 de março de 2015

Da matéria a Vida - cap 49 de A Grande Síntese



49. DA MATÉRIA À VIDA





Da mesma forma que a natureza cinética dá à energia sua característica fundamental, a de transmitir-se (dimensão espaço que ascende à dimensão tempo), o novo princípio da coordenação das forças, num mais débil e caduco, porém mais sutil, com­plexo e profundo entrelaçamento cinético, dá à energia, elevada à vida, sua característica fundamental de consciência (dimensão tempo que ascende à dimensão consciência), Individuam-se as formas de vida, tal como toda forma de energia individuarizara-se num tipo bem definido, com fisionomia própria e com tendência a con­servar-se 
em seu modo de ser, como indivíduo que deseja afirmar-se e distinguir-se de todos os afins, com movimento, forma, dire­ção e, portanto, com objetivo próprio: um Eu que já possui os ele­mentos fundamentais da personalidade e, não obstante seu contí­nuo devenir, conserva inalterado seu tipo.


Nas formas de vida, o princípio de individuação — depois que a Substância atingiu o mais alto grau de evolução e de diferenciação — torna-se cada vez mais evidente. Já na energia, as formas conquistam uma existência pró­pria independente de sua fonte originária. A luz, uma vez lançada, destaca-se e existe progredindo de per si no espaço. Chega do infinito, luz estelar emanada milhares de anos antes, sem que saibais se a estrela que a originou sequer ainda existe. E o som continua, avança e chega, quando a causa das vibrações já está em repouso. Se as formas de energia, uma vez geradas, sabem existir no espaço pelo seu próprio princípio, na vida, a autonomia é com­pleta. Como são parentes pela comunidade de origem e pela afini­dade de caracteres, as formas químicas e depois as formas dinâmi­cas, de igual modo, são parentes entre si as formas de vida, pela gênese e pelos caracteres, todas fundidas com todos os seres existentes, orgânicos e inorgânicos, numa fraternidade universal. Ir­mandade substancial, constituída de igual matéria, idêntico modo de ser, do mesmo objetivo a atingir; fraternidade a que se deve a possibilidade da convivência, simbiose universal, e de todas as trocas da vida, que são sua condição.


Voltemos um olhar ao caminho percorrido. Beta concentrou seu íntimo movimento no núcleo, unidade constitutiva do éter. Neste ponto, o movimento de descida involutiva ou de concentra­ção cinética, ou de condensação da Substância, inverte-se em dire­ção oposta, de subida evolutiva ou de descentralização cinética. O núcleo, síntese máxima de potencial dinâmico no ponto   Beta =>Gama  do transformismo fenomênico, reconduz, por sucessiva emissão de elétrons, a energia cinética concentrada. Percorramos a fase Gama, as­sistindo ao desenvolvimento da série estequiogenética. Se na  quí­mica temos, como primeiro estágio, o hidrogênio, na astronomia temos a nebulosa, isto é, matéria jovem e universo jovem — estado gasoso — estrelas quentes, fase ainda de alta concentração dinâmica. Enquanto de um lado desenvolve-se a árvore genealógica das es­pécies químicas, do outro evolui a vida das estrelas que envelhe­cem, resfriam-se, solidificam-se, assumindo constituição química, luz e espectro diferentes, afastando-se do centro genético do sis­tema galáctico. Há uma maturação paralela, integral, da substância e da forma. Noventa e dois elétrons são sucessivamente lançados fora da órbita espiralóide nuclear, cada um deles continua a girar em sua órbita ligeiramente espiralóide. sucessivamente constroem-se os edifícios atômicos, cada vez mais complexos, dos corpos químicos indecompostos, segundo uma escala de pesos atômicos crescentes. Aqui torna-se possível uma aproximação entre o vórtice galáctico e o vórtice atômico. A gênese e o desenvolvimento do primeiro podem dar-vos um exemplo tangível da gênese e do desenvolvimento do segundo. Enquanto a energia concentra-se no núcleo (éter) — centro genético das formas de Gama — paralelamente o universo, na fase dinâmica, concentra-se na nebulosa mãe da expan­são espiralóide galáctica. Inversamente, as estrelas, durante o pro­cesso de sua evolução, projetam-se do centro à periferia, com ve­locidades progressivas à proporção que envelhecem e se afastam desse centro. Isso ocorre com uma técnica que coincide com a do desenvolvimento espiralóide do átomo. Uma vez mais os fenôme­nos confirmam a atuação da trajetória típica dos movimentos fe­nomênicos em seus dois movimentos, involutivo e evolutivo.


Assim, do éter — último termo da descida de Beta  — nasceu a matéria que, depois, por evolução atômica, atinge as espécies radi­oativas. Primeiro os corpos de peso atômico menos elevado, depois os de peso atômico mais alto. Primeiro o magnésio, o silício, o cálcio; mais tarde aparecem os elementos mais sólidos, como prata, pla­tina, ouro, menos jovens. Vós os encontrais no velho sistema solar e sua parte mais solidificada e resfriada dele, os planetas. Os corpos simples, no estado gasoso, como Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio, são mais raros em vosso globo. Aqui aparece a radioa­tividade, como fenômeno tão difuso, como uma função inerente à matéria, em vista do estágio em que se encontra em vosso planeta. Para o centro deste, onde a matéria manteve-se mais quente e está menos envelhecida, são mais raros os corpos radioativos, tanto que, apenas a 100 Km de profundidade a radioatividade quase desaparece. Depois de completada a maturação das formas de Gama, ocorreu também uma expansão do vórtice galáctico, do centro à periferia, com o resfriamento e a solidificação da matéria. Esta terminou o ciclo da vida e a Subs­tância assume novas formas; transforma-se lentamente em indivi­duações de grau mais alto. A dimensão espaço ascende à dimensão tempo. A matéria inicia uma transformação radical, doando todo o seu movimento tipo Gama ao movimento tipo Beta . O vórtice nuclear do éter desenvolveu, na fase Gama o vórtice atômico da matéria.


Chegando ao máximo da dilatação, esse vórtice continua a expandir-se, des­envolvendo as formas dinâmicas, e nasce a energia. A Substância continua a evoluir, prosseguindo sua ascensão em Beta. A primeira emanação gravífica de comprimento mínimo de onda, frequência vibratória e velocidade de propagação máxima no sistema dinâ­mico, completa-se com a emanação radioativa da desintegração atômica. O processo de transformação dinâmica, que tem suas raízes na evolução estequiogenética, isola-se, afirmando-se decidi­damente. O vórtice atômico rompe-se e decompõe-se, por pro­gressiva expulsão do sistema daqueles elétrons, que já nasceram para serem expulsos do sistema nuclear.


Trata-se de um constante realizar-se daquilo que estava em potência, fechando-se em germe por concentração de movimento. Nascem novas espécies dinâmi­cas: depois da gravitação e da radioatividade, apa­recem as radiações químicas, a luz, o calor, a eletricidade, sempre em ordem de frequência vibratória decrescente e comprimento de onda progressivo. A matéria, que viveu e não tem mais vida pró­pria, responde ao impulso desse novo turbilhão dinâmico que ela mesma gerou, é toda invadida por ele e movimentada. 

Este é vosso atual universo: a matéria que está morrendo, a energia em plena maturidade, a vida e a consciência jovens, em vias de formação. Os cadáveres da matéria, já solidificada e sem vida própria, de forma­ção química, lançados e sustentados nos espaços pela gravitação, inundados de radiações de toda espécie, são apenas o sustentáculo de formas de existência mais altas. 

Da eletricidade (a forma dinâ­mica mais madura), numa nova grande curva da evolução, nasce e veremos como, a vida: matéria organizada como vida, ou seja, retomada num
turbilhão ainda mais alto.

A vida, pequena centelha na origem, na qual continua a expansão evolucionista do princípio nuclear e atômico, dinâmico (onda), numa forma cada vez mais complexa de 
coordenação de partes, de especialização de funções, de organização de unidades e de atividades; a vida, cuja substância, cujo significado, objetivo e produto é a criação da consciência, é Alfa , o espírito. 

E da primeira célula se iniciará, através de miríades de formas, de tentativas, de fracassos e de vitórias, a lenta conquista que gradualmente triunfará no homem e dele, hoje, lança-se para as últimas fases do terceiro período de vossa evolução, que se resume na conquista da superconsciência e na realização bioló­gica
do Reino de Deus. 





F I M