segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O Corpo Mental



Do livro Medicina da Alma, do Espírito Joseph Gleber:




CORPO MENTAL

É a forma pela qual se expressa o espírito imortal, o eu profundo ou o psiquismo puro, em dimensão superior àquela que se manifesta o psicossoma, que denominamos corpo mental.

É o corpo ou veículo superior de que se reveste a individualidade eterna e onde se processa o raciocínio puro, elaborado, e de onde procede, igualmente, a formação dos outros corpos inferiores, através dos quais se manifesta o espírito no mundo das formas.

O corpo mental é a fonte de toda manifestação intelectual do espírito.  Os fenômenos da memória, do intelecto e da cognição são aí elaborados pelo espírito, com vistas à manifestação fenomênica no  universo, pelos outros corpos de que se reveste.

Este corpo ou dimensionalidade em que se manifesta o EU mais profundo - ou a psique de certas escolas filosóficas ou científicas - é onde  são elaboradas as percepções objetivas ou idéias abstratas, as sínteses e as elocubrações filosóficas do Ser Eterno.

É na dimensão mental que são registradas as impressões captadas pelo psicossoma e enviadas à intimidade do espírito , ou do espírito para o exterior, impressões essas que se transformam em impulsos elétricos e magnéticos pelo sistema nervoso.

Enquanto o psicossoma ou perispírito trabalha na área das sensações, das emoções e dos desejos, desenvolvendo a sensibilidade, a plasticidade e outras condições essenciais do corpo espiritual, o corpo mental reflete atributos mais sutís e elevados do espírito.

Sua estrutura é de natureza vibrátil e muito superior ao perispírito, embora suas energias sejam de natureza magnética, variando sua frequencia vibracional de acordo com a natureza do pensamento emitido, de forma mais ou menos constante.

De certa forma convencionou-se que o ser humano tem elaborado um pensamento contínuo, enquanto que a pesquisa em torno da dimensão mental poderá indicar que existe, ainda, hiatos na pretensa continuidade do pensamento humano, como na maioria das criaturas, embora esses hiatos não sejam facilmente perceptíveis por meus irmãos.

Para se ter uma idéia da frequencia vibratória dessa dimensão mental ou corpo mental, podemos perceber, como exemplo, que quando alguém emite pensamentos elevados, de frequencia vibratória mais ampla, os átomos mentais ou matéria psi, como foi classificada por meus irmãos encarnados, irradiam-se em frequencias e faixas cada vez mais altas, conforme a harmonia da fonte pensadora, sendo que essas irradiações do ultra-campo mental, ou dosátomos da matéria mental, são portadoras de radiações benéficas, construtivas, de cor, forma e cheiro específicos.

Quando o pensamento é de natureza energética grosseira, inferior, portador de ódio, inveja, ciúmeou qualquer outra frequencia inferior, a energia dos átomos mentais, desse ultra-campo de manifestação do psiquismo, revestir-se-á de matéria, de massa dos planos inferiores e cairá em vibração,alcançando a aura de quantos se afinizem com o energismo grosseiro. 

Dessa forma, o potencial mental de qualquer ser encontra-se intimamente relacionado com a qualidade da fonte pensante, sendo impossível dissociar a questão moral do potencial mental, no que se refere à ascese do espírito no universo.

É fácil compreender o porque de Jesus haver recomendado a higiene mental, pelo cultivo de bons pensamentos e atos dignificantes.  O Evangelho sempre atual, é um tratado de mentalismo energético para todas as criaturas.

A dimensão onde tem a sua existência o corpo mental, está além dos limites espaço-temporais, tão comumente descritos pelos meus irmãos encarnados como sendo as tres dimensões. Os sensitivos de todas as épocas, que puderam vislumbrar algo dos registros akásicos - os registros de acontecimentos forjados na própria luz, no étercósmico - é que transpuseram os limites vibratórios das dimensões e, desenvolvendo o corpo mental, puderam ter acesso às impressões, às memórias de todas as coisas, dos acontecimentos.  Nisso estão baseadas as revelações proféticas de todas as épocas.

Além do corpo ou dimensão mental, outros ainda existem, já classificados pelos meus irmãos de outras escolas espiritualistas e filosóficas, denominando-os de setenário, nas manifestações do espírito imortal, e que merecem ser mais pesquisados por parte daqueles que querem estudar pormenorizadamente essas questões, evitando, no entanto, as complicações comuns de certos estudiosos.

Enquanto permanecem meus irmãos no estudo dos fenômenos que têm o perispírito como princípio básico de suas realizações, nós, os desencarnados de minha esfera, estamos estudando igualmente outros campos vibratórios, outras estruturas magnéticas em conjunto com a realidade do corpo espiritual, com vistas a auxiliar meus irmãos, uma vez que, mesmo para nós, permanecem ainda muitas incógnitas a serem decifradas no estudo constante da Ciência Universal, muitos problemas a serem equacionados no grande laboratório vivo do Cosmos.

Do livro  Medicina da Alma - Joseph Gleber

domingo, 27 de setembro de 2015

DEUS, CIENCIA, AS CRIATURAS E O CRIADOR



E de uma postagem da internet, vem o texto cujo link posto a seguir e é nada mais que uma constatação de que realmente precisamos estudar mais sobre


                                
                                  O QUE É DEUS.



                       A CODIFICAÇAO ESPÍRITA, iniciada com O Livro dos Espíritos, é a terceira revelação

(a primeira foram os DEZ MANDAMENTOS,
 a segunda revelação foi a CODIFICAÇAO DO EVANGELHO PELA VIDA SACRIFICIAL DE JESUS).



                     

Nos ensinamentos de RAMATIS, publicados no livro "A MISSAO DO ESPIRITISMO" declara que a PRIMEIRA REVELAÇAO " foi um imperativo para o céu, através do temor e da ameaça;


a SEGUNDA REVELAÇAO, foi um convite celestial, sob a insígnia da renúncia e do amor;


a TERCEIRA REVELAÇAO, o despertamento mental para que o homem alcance o "Eden" na construção do seu destino.


Entao, vimos que na PRIMEIRA REVELAÇAO, MOISÉS revelou à humanidade a Lei da Justiça;


na segunda, JESUS, a LEI DO AMOR e;


na terceira, Allan Kardec, codificou a LEI DO DEVER .


É fácil observar que cada uma dessas revelações chegou em um ciclo ou época na face do orbe terráqueo.


Pois então, NA TERCEIRA REVELAÇAO, os Espíritos principiaram por esclarecer O QUE É DEUS e não QUEM É DEUS.


"DEUS é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas."


Esta é a resposta da primeira questão do LIVRO DOS ESPÍRITOS.

Na resposta da questão 4, quando perguntados onde se pode encontrar a prova da existência de DEUS, esclareceram:


"Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo que não é obra do homem e a vossa razão vos responderá."


Tivesse o ilustre cientista cujo nome vai publicado abaixo oportunidade de consultar o Livro dos Espíritos, iria deparar, logo no início deste, com as questões 7 e 8, onde leria:


Questão 7 - Poder-se-ia encontrar nas propriedades íntimas da matéria a causa primeira da formação das coisas?


- " Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades ? É preciso sempre uma causa primeira." E Kardec complementa que "atribuir a formação primeira.


Na questão 8, quando perguntados sobre a teoria da formação primeira a uma combinação fortuita da matéria, se esta seria ao acaso, responderam:


"Outro absurdo. Que homem de bom sendo pode considerar o acaso como um ser inteligente? E, além disso, o que é o acaso? Nada!"



Kardec complementa que: " a harmonia que regula as forças do Universo revela combinações e propósitos determinados e, por isso mesmo, denota um poder inteligente. Atribuir a formação primeira ao acaso seria um contra-senso, pois o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria um acaso."


Na questão 9 do LIVRO DOS ESPÍRITOS, quando perguntados "onde se vê na causa primeira, uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências" eles nos responderam:

" Tendes um provérbio que diz: Pela obra se conhece o autor.`Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. É o orgulho que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de sí e é por isso que se julga um espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!"


Na resposta da questão 14 do Livro dos Espíritos, quando perguntados se DEUS não seria um ser distinto, ou segundo alguns outros, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas, os Espíritos da Codificação responderam:


"Se fosse assim, DEUS não existiria, porque seria efeito e não causa. Ele não pode ser, ao mesmo tempo, uma coisa e outra.

"DEUS existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto de onde não podereis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada sabeis. Deixai, pois, de lado todos esses sistemas, tendes muitas coisas que vos tocam mais diretamente, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos desembaraçardes delas, o que vos será mais útil do que quererdes penetrar o que é impenetrável."


Ainda, no capítulo III do LIVRO DOS ESPÍRITOS, onde é abordada a CRIAÇÃO, temos:


FORMAÇÃO DOS MUNDOS


O Universo compreende a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço, assim como os fluidos que o preenchem. ( grifo é meu)


Na questão 37: O Universo foi criado, ou existe de toda eternidade, como DEUS ?

"Sem dúvida o Universo não pôde fazer-se a si mesmo; e se existisse, como Deus, de toda a eternidade, não poderia ser obra de DEUS."

A nota de Kardec diz:


"A razão nos diz não ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo ser obra do acaso, deve ser obra

de DEUS."



E aqui, meus irmãos que estejam interessados em ter idéia da etapa evolutiva em que nos encontramos aqui neste planeta, trago o capítulo 15 do livro


DEUS E UNIVERSO, de "autoria" de PIETRO UBALDI, livro este (o décimo) considerado como obra FUNDAMENTAL de Ubaldi, o último escrito na Itália e que aborda a gênese primária do Espírito e seu afastamento do seio paterno. DEUS E UNIVERSO é considerado pelos seguidores de Ubaldi como o livro mais importante escrito no século 20 e o mais espetacular tratado de teologia composto no planeta. E tudo isto ao nosso alcance...



Um trecho que pinçamos neste capítulo que posto a seguir:


            

"Assim foi que da visão dos grandes problemas cósmicos,

chegamos à do problema espiritual do homem nas

relações da sua alma com DEUS. Agora podemos formular

uma nova e solene pergunta:

                      ONDE ENCONTRAR DEUS ?

E se é verdade que DEUS está no íntimo do ser, 


então por que não busca-lo dentro de nós e não fora? 

E como se pode alcançar DEUS  por essa via .

Tratemos agora de resolver o problema da procura

de DEUS, um dos mais árduos e importantes para o

o ser. 


 Como subirmos ao Pai que nos gerou e

pormo-nos em comunicação com ELE ? "
   

         

             Primeiramente, por ser oportuno, é muito instrutiva a leitura do capítulo 2 do livro DEUS E UNIVERSO.



                                          II


      O “EU SOU" - ESQUEMA DO SER

Caminhemos juntos à procura de Deus. Não, certamen­te, do Deus absoluto, para nós superconcebível na Sua substância, para nós não suscetível de definição, do Deus transcendente, que “é”, além de toda a Sua expressão. Para nós, humanos, Ele é hoje o inacessível, o incognoscível, que a nossa mente não pode alcançar além da Sua suprema afirmação no todo em que Ele nos apa­rece a qual nos diz: "Eu sou".




Caminhemos ao invés, à procura do Deus para nós con­cebível, porque imanente, expresso na forma, que nos é acessível porque sensoriamente vestido de uma expressão em nosso contin­gente. Eis um humilde arbusto solitário ao pé de u’a mureta. Que significa essa vida, que pensa e deseja esse pequeno ser, que pensamento contém? Deixemos de lado a botânica, a química. a es­trutura orgânica. Busquemos o mistério que das profundezas anima essa vida. Esta pequena planta sabe muitas coisas. Nós o deduzimos pelo fato de que ela as sabe fazer. Se não as sabe como consciência desperta e refletida. que as conheça, conscientemente, pela razão e pela análise o fato de que ela se comporte como se as conhecesse prova que deve saber de outra maneira. Estranho mo­do ele saber inconsciente mas ele é habitual na vida! Entretanto se possuímos os efeitos de uma sabedoria, sinais evidentes que revelam a sua recôndita presença, e se essa sabedoria não se encontra no consciente do ser, é necessário procurá-la algu­res. Onde? Essa consciência cobre apenas o campo da sua ativida­de. imprescindível aos fins da evolução Se para o ser individuali­zado o resto do universo é um oceano de mistério, sepultado no inconsciente, só o é relativamente a ele e não em si mesmo, porque esse oceano de inconsciente é formado de seres, cada um conscien­te do seu pequeno trabalho, funcionando o Todo imerso em uma atmosfera de pensamento, que o guia e rege.


Quando, pois, cada ser nos demonstra que sabe resolver todos os problemas inerentes às suas necessidades vitais, isto signi­fica que por ele sabe e pensa o consciente universal, que lhe trans­mite somente a conclusão do seu raciocínio, com um impulso, cuja análise o ser não sabe fazer, mas que lhe diz em síntese: "faça isto". Então ele, ignorante do funcionamento do Todo, passa a ser um instrumento inconsciente do consciente universal, que funciona por ele onde ele não pode nem sabe atingir. Não se nega, com isto, que o instinto seja formado pela experimentação da vida, com a técnica dos automatismos, como já dissemos em A Grande Síntese. Mas não falamos aqui dessa pequena inteligência a posteriori, e sim da superior inteligência a priori, que tudo guia, inclusive a forma­ção do instinto, imprimindo-lhe a direção necessária, de acordo com o plano geral da evolução.


Os impulsos fundamentais de nossa vida, tanto os do des­tino individual, quanto os do destino coletivo, que se desenvolve na história não constituem um produto racional e consciente, sendo in­suficiente para explicar-lhes a gênese somente um instinto puro for­mado pelas experiências do passado, pois derivam do consciente universal, que trabalha por nós onde ignoramos.


Aquela pobre e ignorante plantazinha sabe, pois, viver por si mesma, conhece os meios adequados para isso, proporcionados ao seu escopo e ao ambiente, sabe escolhê-los e coordená-los. Ela quer viver !.  Ela quer crescer e sabe crescer. Ela quer reproduzir­-se e sabe como fazê-lo. E, assim, cuidando não mais de aparência sensória, mas por intuição penetrando a forma que ultrapassa essa aparência, nós vemos um pensamento sábio que está além do consciente do ser, que enfrenta e resolve problemas, que opõe uma von­tade decidida contra qualquer obstáculo, transpondo-os a seu mo­do. S que dentro desse humilde ser existe uma alma, embora sem o grau espiritual que atingiu no homem; ainda que não passe de uma esmaecida manifestação que o consciente universal ou alma do Todo estendendo à periferia da sua manifestação, individualização particular, diante do Todo, imersa no inconsciente.


Esta forma é um transformismo contínuo. Efetivamente, não a encontraremos jamais idêntica a si mesma e periodicamente a vemos morrer e reproduzir-se e, assim, através da morte e do re­nascimento, por meio de uma renovação contínua, sobreviver sem­pre. Se a forma não pode assim existir senão continuamente renovando-se, deve então haver atrás dela o imutável, um outro seu aspecto, que permanece constante, aquele sem o qual não se ex­plica e não rege a vida perene de um dado objetivo, caminhando através da incessante mutação de sua existência. E qual pode ser esse outro aspecto do dualismo, inverso e complementar, como o é o imóvel diante do móvel, qual pode ser ele diante da forma material, senão a sua imaterial idéia animadora, senão o pensamento que sabe tantas coisas e que, imutável, se exprime revestindo-se de forma mutável?


Penetremos ainda mais profundamente no íntimo dessa pe­quena planta. União veremos que o seu ponto central como o de to­dos os seres, aquele para o qual tudo converge em síntese para depois se irradiar analiticamente, o ponto pelo qual passa e se manifesta o saber do consciente universal, a vontade de vir, que permanece cons­tante no transformismo, e o eu . O próprio homem sabe que, ten­do sido ontem criança, sendo hoje adulto e amanhã velho, tudo mu­da nele e em seu derredor e que a única coisa que nele jamais mu­da é a existência desse centro pelo qual ele se chama e se sente sempre "eu" - Enquanto no ser tudo nasce e morre, somente esse eu não morre jamais. O fato de que ele permanece através de tão grandes transformações, como são as que de um lactante, fazem um homem e depois um velho, faz com que, intuitivamente, sinta a ló­gica de uma idêntica continuação da vida do "eu", também através desta outra mutação que é a morte do corpo, que em toda a sua vida jamais foi idêntico a si mesmo e não fez mais do que continuamente morrer e renascer. Por que, pois, só essa outra transfor­mação deveria ter a força de destruir esse "eu" que se revelou tão invulnerável a toda mutação exterior?



Se toda forma pode existir sem desfazer-se no contínuo transformismo que a constitui, resistindo compacta ao turbilhão das suas mutações, é porque no íntimo de todo ser existe esse "eu", centro firme na tempestade transformista. Todo ser existe no tem­po enquanto disser: "eu". Di-lo o átomo, a molécula, a célula, o mineral, a planta, o animal, o homem, a família, o Estado, a hu­manidade, a Terra, o sistema solar, os sistemas galáticos, o cosmo. No universo, tudo está sujeito a essa necessidade de individualização. Ele é composto de seres diversamente diferenciados, mas todos dizem igualmente: "eu". De um pólo ao outro do ser tudo é construído segundo esse princípio, que é lei fundamental E assim que toda força no universo é individualizada, segundo suas qualidades particulares, o que explica a instintiva tendência dos povos primitivos para personificar as forças da natureza, atribuindo-lhes características humanas. É também sob este aspecto que podemos ver as forças do mal personificadas em Satanás e seus demônios1, que, de resto, nós realmente vemos existir em nosso mundo, nas manifestações dos seres maus . Esta característica de individualização, que em qualquer forma é sempre indispensável à existência de um ser, o princípio comum a todos, a idéia-mãe do universo, o esquema fundamental do sistema. Este princípio universal do "eu", centro de todo o ser, é a única coisa que pode manter-lhe a constante identidade em uma forma que, de outra maneira, não poderia en­contrar-se a si mesma e se perderia no seu contínuo transformismo.


É este seu íntimo eu que define toda a forma nas suas características particulares, forma pela qual ele concretamente realiza a sua expressão. Se todas as formas são diferentes, é porque os “eu” são diferentes, embora conservando cada qual na sua di­versidade a característica universal comum de ser um "eu". Tor­namos a encontrar aqui o conceito já desenvolvido nos volumes pre­cedentes, do princípio central único que no universo se pulveriza no particular periférico das formas, sua manifestação. Mas permanece o esquema único da constituição do universo por individualizações.


Assim se explica como cada ser assume uma forma típica, definida, com os seus limites de desenvolvimento no tempo e no espaço Se tudo isto já não estivesse estabelecido no esquema e não fosse conhecido, ainda que não seja por um processo consciente, pelo “eu" profundo que sabe, quer e permanece idêntico através de contínua mutação de forma, não haveria nenhuma garantia de ordem funcional e de regular desenvolvimento. Assim tudo é típi­co. O universo é um edifício composto de infinitos "eu", que, de um "Eu" central do Todo, se pulveriza hierarquicamente descendo para "eu'' sempre menores . Isto desde o infinito galático ao nu­clear, um "eu" astronômico, geológico, físico, químico, espiritual, humano, animal, vegetal, sempre este "eu" é uma sabedoria e uma vontade constante, inteligentemente dirigida para um dado fim. que irresistivelmente tende à sua exteriorização. Todos esses “eu” se reagrupam por unidades coletivas, dos menores aos maiores, alcançando, das mínimas unidades atômico-nucleares às máximas organizações galáticas, do simples psiquismo orientador das moléculas dos cristais ao do homem e do gênio. Todos esses “eu” mantém um sistema orgânico que é próprio a cada um, evolvendo e funcio­nando sempre em cooperação com todos os outros “eu”. Esse principio, pois, não apenas conhece, quer, permanece constante, sa­be reger o funcionamento individual, como também sabe guiar-lhes a evolução e coordená-los com o funcionamento de todos os ou­tros "eu”.


Tudo isto nos mostra que o universo é um Todo que  ain­da quando pulverizado em infinitas formas ou expressões de um mesmo princípio central único, permanece organicamente compacto, porque ele é construído segundo um esquema único, consoante um idêntico modelo que se repete ao infinito em cada unidade menor, em que a maior se ramifica e se diferencia até à extrema pulverização. O que toma compacto o universo é ser ele um “eu”, é o mesmo princípio unitário que mantém compacta toda for­ma que, à semelhança da máxima, é uma unidade coletiva resul­tante da coordenação orgânica de unidades "eu" menores. Assim. tudo permanece unido porque coligado por uma contínua atração de parte a parte, por uma confraternização dos "eu" menores nas unidades maiores.


A observação da estrutura das formas no plano de nosso contingente nos levou à verificação desse princípio universal inserto em cada forma, o do "eu sou". Agora é a observação da estrutura de nosso particular que nos indica a estrutura do universal. Assim como cada individualização particular do ser não pode existir senão enquanto diz: "eu sou", isto é, em função dele e como sua mani­festação, assim também a individualização máxima do ser, isto é, o universo, não pode existir senão enquanto diz "eu sou'', ou seja, em função deste e como sua manifestação. Isto à semelhança do que constatamos em todo ser, inclusive o homem, fato que cada um pode observar em si mesmo. E, se o "eu sou" de cada individualização é o seu íntimo princípio animador, se o "eu sou" do ho­mem é a sua alma, que poderá ser o "eu sou" do universo, o prin­cípio animador da forma máxima, senão Deus?

Assim se nos tornam compreensíveis as relações entre Deus e o Universo, pois que nós podemos observá-las refletidas em nós mesmos. Deus é o "Eu sou" do universo. Este, no seu aspecto dinâmico e físico, é a forma pela qual Deus exprime o pensamento e como que um Seu corpo, de modo que de Deus nós possamos na forma também, ver igualmente um semblante que pode espelhar na fisionomia e expressão o seu íntimo pensamento animador. Assim como nós procuramos num rosto humano uma alma, assim como em toda forma procuramos o princípio inteligente que nela se expri­me, assim também podemos ver na criação a fisionomia de Deus. E quanto mais a nossa vista se torna penetrante pela intuição, tan­to mais cada forma se fará transparente e lhe revelará sua íntima substância espiritual. Torna-se cada vez mais patente, então, que o criado é a expressão de um seu íntimo pensamento nele imanen­te, no qual a transcendência de Deus desceu e permanece sempre presente. Se, como transcendente, Deus permanece na Sua essên­cia como um "Eu sou", incognoscível para o homem, como ima­nente, Deus, com a criação, transferindo-se em nosso relativo, através da forma que assumiu para os nossos sentidos, fica acessível ao conhecimento humano. E em que consiste a progressiva indagação da ciência, que avança de descoberta em descoberta, senão em contínuas e crescentes sondagens na profundeza do pensamento divino? Este está escrito no funcionamento orgânico do universo, e quem o indagar procura ler no livro em que estão escritas as leis ao ser e busca compreender a idéia diretriz, a alma do Todo. O místico por sua vez, é um sensitivo que, ainda quando não se dê conta consciente e racionalmente, se move atrás da mesma indagação por vias mais diretas, porfiando, através das suas visões e sensações místicas, alcançar a mesma compreensão do pensamento de Deus.


Se nós, certamente, não podemos atingir o conhecimento de Deus transcendente absoluto, podemos aproximar-nos muito de Deus imanente, vivo e presente nas formas que O exprimem isto é justamente em virtude desse esquema unitário do "eu sou” segundo o qual é construído à imagem e semelhança do caso máximo, analogicamente, todo o universo até aos casos infinitesimais. Podemos imaginar o nosso universo atual como um Todo-uno que, qual um espelho, se tenha fragmentado em miríades de partículas. Cada uma destas, embora em fragmento com respeito ao Todo, con­serva-lhe em particular as qualidades, de modo a poder nos tradu­zir e mostrar a natureza do Todo, não obstante o fragmento tenha perdido a unidade global com a fragmentação. Desta forma cada parte reproduz o universal esquema do ser, isto é, cada criatura repete reduzidamente o divino princípio unitário, alma do Todo. Um outros termos, cada "eu", com a sua forma, é um caso menor, que repete em miniatura o motivo cósmico, no-lo narra, no-lo ex­plica. Sendo em si um pequeno universo, fala-nos do universo máximo.


Ignoramos se tudo isto corresponde aos princípios mais aceitos em teologia, filosofia, psicologia etc. Sabemos, apenas, que cada ser fala verdadeiramente de Deus e que, segundo esta realida­de, é construído o universo.





notas:

1 O vocábulo Satanás (diabo, Lúcifer, demônio, Belzebu) é de origem hebraica e significa adversário. As referências a ele, no Ve­lho e no Novo Testamento, embora poucas, são claras e objetivas Dentre outras, podemos indicar as seguintes:

Jó 1:6; Zacarias 3:1; Isaias 14:12 e segs;

Mt 4:1-11; Mt 12:26; Lc 4:1-13; Lc 10:18;

Mc 1:13; II Co 2:11; II Co 11: 14; Ap 12:9;

Ap 20:2; Ap 2:9


Jesus Cristo e seus discípulos falam dele como um ser real. uma entidade espiritual, um autêntico anjo caído ("Eu via Satanás caindo do céu como um raio"). Não se trata, portanto, de uma alegoria, de um mero símbolo do mal, mas de uma força maligna indivi­dualizada.


Em face da evidência salientada em diversas passagens da Es­critura e, principalmente, do Evangelho, temos de admitir hoje a existência de Satanás como um ser vivo e atuante, também criatura de Deus, presentemente como representação do mal, em oposição transitória a Cristo - representação suprema do Bem. (N. do T.)






É este o capítulo 15 de DEUS E UNIVERSO: 






XV



A PROCURA DE DEUS


"Et multum laboravi quarens  Te extrame, et Tu habitas in me”1.

(E muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim,quando Te encontras em mim.)

(S. AGOSTINHO)




Fundimos em um estreito monismo, em um só sistema, o Todo, desde o seu pólo espírito, até o pólo oposto, matéria. Terra e céu assim se tocam e se fundem em um único universo, em que o espiritual e o material não passam de momentos ou posições da mesma Substância.


Podemos agora dizer ao homem imerso nas 
tre­vas: 

     desperta e sentirás que Deus está a 
teu lado, está dentro de ti, é a tua vida,
a vida de tudo. Esta é a grande descoberta, que desloca o eixo do ser e que a ciência 
nem de leve sabe conceber: descobrir a própria imortalidade, o divino que está em nós e com ele aprender a viver eternamente; despertar a própria consciência adormecida, para compreender que somos filhos de Deus, imensa­mente amados por Ele; capacitar-se de que a causa de todos os nossos sofrimentos não reside na defeituosa construção do sistema, mas em nossa incompreensão da sua perfeita construção; convencer-se de que o tremendo destino de dor que nos aflige depende sobretu­do de nossa ignorância e 
que ele pode transmudar-se em um destino 
de glória, somente se soubermos superar os nossos baixos instintos e evadir-nos de 
nossa natureza animal inferior; entender que a vida não pode estagnar, sem avançar, a guerra não terá fim, enquanto o homem não empreender formas de luta e seleção mais evoluídas; compreender que Satanás, o qual gostamos de seguir porque nos engoda, é 
antes inimigo de nossa felicidade, e que Deus, o Qual re­lutamos em acompanhar, 
porque primeiro exige de nós o justo 
tra­balho para depois nos dar a alegria, 
é o nosso primeiro amigo, que outra coisa
não quer e procura, senão cumular-nos de felicidade.


       Até aqui temos procurado explicar,

com o máximo de cla­reza, o fim do mal: a autodestruição.

       As teorias não são nossas, mas as lemos no livro da vida e o Evangelho 

Lucas, 11: 17-18) no-las confirma, quando nos diz:


"Todo reino dividido contra si mesmo será destruído, e as casas cairão umas sobre as outras. Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?" (...) 

       O mal, portanto, como provém do 

anti-sistema, com força negativa, está condenado ao aniquilamento pela própria natureza e qualidade. O espírito de separatismo que anima Satanás o 
desagre­gará também pela mesma lei fatal
 das coisas. E com Satanás se extinguirão
 a dor e a morte, com a vitória da vida, 
vida cujo centro se situa no espírito, centelha pela qual Deus se manifesta em tudo o que existe. Não deve a compreensão de tudo isso encher-nos de alegria, de um otimismo fecundo em meio a qualquer dor? Esta é a psicologia da superação que vai além do miserável contigente e nos dá a paz das coisas eternas e a segurança do amanhã.


       Tudo isto está largamente exposto no Evangelho e foi por nós tentado racional e cientificamente demonstrar nos esquemas expostos, a fim de conseguir tornar compreensível esta boa nova, já proclamada por Cristo e que aqui repetimos identicamente, por­que ela é a maior alegria da alma. Deus está conosco. Quando uma 

espiga de trigo se multiplica em centenas 
de espigas e as mes­ses aluíram os campos 
para dar-nos o pão, Deus está conosco. 
Quando os rebanhos se multiplicam e os animais, que nos fornecem alimento, se desenvolvem e tudo na terra germina e 
cresce fecun­damente, Deus está conosco. Quando nossos filhos se tornam gran­des, 
Deus está conosco. Deus é esse irrefreável impulso de vida, mesmo que ele possa ser feroz nos graus inferiores, porque os seres não sabem ainda aprender lições mais refinadas. Avançamos, con­tudo, no caminho ascensional. Já muitos homens têm terror desta vida inferior, em que muitos se 
sentem bem. É fatal que a evolução avance e produza um novo e mais civilizado tipo biológico humano. Ele talvez seja, como 
hoje, dado apenas por um em um milhão. 
Amanhã estará na proporção de um por mil, depois será um em cem, e assim por diante, até que o homem novo seja maioria e se afirme. A natureza procede por graus e
antes de realizar o novo em grandes
séries, experimenta-lhe os exemplares 
em poucos casos, explorando o terreno.


       Quando os judeus quiseram lapidar Cristo - narra João - (cap. 10:33-34) a acusação era de blasfêmia:

(...) "lapida­mos-te por blasfêmia,

porque sendo tu homem, fazes-te Deus.

Jesus lhes replicou: Não está escrito

na vossa lei:
Eu disse: Vós sois Deuses?"

       Quando descobriremos a grandeza desta nossa natureza di­vina, que se filia a Deus?

Quando os místicos falam de união, pro­vam 

que atingiram, ou pelo menos se avizinharam dela.

       No íntimo de nosso ser, no espírito, há uma profundidade de infinito, para o 

qual a evolução progressivamente nos desperta.


      E neste infinito que O nosso pequeno “eu sou” funde-se com: o “Eu sou” do Todo. Quando descobriremos que somos Deuses, que somos, mercê de nossa centelha originária, hoje decaída nas trevas, formados da mes­ma Substância de que Deus é formado? Como poderia deixar de sê-lo um filho do Pai? E que mais, além disto, poderia significar a imanência?


      O Evangelho é uma contínua luta para fazer-se compreender pelos seres inferiores.


       E os judeus pensavam, como tantos outros ainda hoje, em um Deus déspota, que

é obedecido porque pode mais do que nós e 
que nos faz pagar a desobediência, um Deus
 de uma outra raça que nos domina, nada tendo em comum conosco. Há, contudo, um denominador comum, um fundo comum, ainda que muitíssimo remoto entre Deus Pai, Cristo e o homem - é esta natureza. divina. Somente que, no ser humano essa íntima Substância se aprofundou tanto na inconsciência, após a queda, que o ser dela nada mais sabe e não consegue imaginar Deus, seu pai. e amoroso amigo, senão antropomorficamente, tal feroz senhor, qual ele seria, se porventura viesse a tornar-se Deus. Não é pos­sível ao ser formar de Deus uma imagem superior a que o grau de compreensão atingido pela sua evolução pode permitir-lhe. Assim, esta não é a psicologia dos judeus apenas, mas do tipo humano involuído, que hoje impera.


      Quando imergimos o olhar na essência das coisas, vemos revelar-se-nos um mundo inteiramente diverso do que comumente nos aparece em superfície. são esses novos continentes do espírito que. estamos descobrindo nestes volumes, traduzindo o 

que tão na­tural e evidente surge ao olho da intuição, em linguagem racional e científica, reduzindo tudo à forma mental corrente, a 
fim de tor­nar-nos compreensíveis, mesmo por aqueles que não sabem enxer­gar senão com os olhos da razão. Encontramo-nos diante das mes­mas dificuldades que na Terra encontrou o Evangelho, na mesma luta por se fazer compreendido. O atual homem comum está tão habituado a conceber qualquer manifestação
do ser somente na. sua extrema forma exterior e sensória, está tão convencido de que esta
 é a realidade e toda a realidade, que quando deseja orar a Deus, projeta Dele uma imagem material, a que ele poderia formar de Deus, e a adora. Ela não é mentira consciente. É uma tradução da linguagem espiritual, que lhe é incompreensível, em uma linguagem concreta,
a ele acessível. Assim pode ver e tocar as imagens de Deus. Esta é uma ingênua necessidade de involuídos, que não conseguem pensar e orar a não ser com o corpo, e com os sentidos. Mas certamente, para quem sente Deus em Sua universal presença e potência, isto pode parecer uma profanação, ainda quando, nos casos mais felizes, constitua um lampejo capaz de reavivar a cen­telha da arte.


      Assim foi que da visão dos grandes problemas cósmicos, chegamos à do problema espiritual do homem nas relações da sua alma com Deus.


      Agora podemos formular uma nova e solene per­gunta:

         onde encontrar Deus?

      E se é verdade que Deus está no

ín­timo do ser, então por. que não buscá-Lo dentro de nós e não fora?

      E como se pode alcançar Deus por

essa via?

      Tratemos agora de re­solver o problema da procura de Deus, um dos mais árduos e 

im­portantes para o ser. Como subirmos ao 
Pai que nos gerou e por­mo-nos em comunicação com Ele?

      Para bem compreender, reportemo-nos às primeiras ori­gens, conceito que depois desenvolveremos (Cap. XVII: Imanên­cia e Transcendência).


      Deus, antes de realizar o ato criador, era o Uno-Todo, Que deveria ainda tudo tirar de Si.

      Sobrevindo a criação dos es­píritos, o sistema desmorona, como já vimos, e com ele, de certa forma, desmorona também Deus, Que, sendo o seu íntimo animador, não podia e, por Amor, não devia separar-se dele, houvesse o que houvesse.

     Por isso nasceu de Deus o aspecto de imanência, que o torna presente no anti-sistema ou sistema desmoronado, como igualmente. vimos.


     Mas em Seu aspecto transcendente, Ele está além de qualquer criação Sua e dos fatos a ela referentes. E a sua divi­são nestes dois aspectos representa juntamente a divisão do Todo no dualismo, que será depois a característica desse Todo, cindido daí por diante em sistema e anti-sistema, entre Deus e Satanás que, então, nasceu como tal, o antagonista.

     O partir do pão na Eucaris­tia, já vimos que significa exatamente a divisão do Uno no dualis­mo, prelúdio da imanência, pela qual o princípio fundamental e originário do Amor não pode subsistir a não ser como sacrifício.

     Eis a lógica concatenação que liga a divisão do pão à paixão de Cristo, cuja descida à Terra, em corpo humano, é um caso

e prova fulgurante da imanência de Deus no anti-sistema, em que nos en­contramos.

     Sem imanência, não poderia existir a paixão e redenção maior que Deus realiza

em todo o nosso universo, como já expuse­mos.


     E a Eucaristia, para o caso particular de nossa humanidade e do Cristo que a preside, representa justamente esta imanência Isto quer dizer que Cristo não quis descer à Terra por uns poucos anos apenas, mas aí quis ficar permanentemente presente em espí­rito, na Eucaristia, que expressa. a imanência de Deus em nossa hu­manidade, com finalidade regeneradora (redenção).


     E esta, que é a via da descida, representa  também o ca­nal da subida; o fio de comunicação com a divindade. Que

signi­fica imanência, senão que Deus permaneceu no fundo de nosso ser como espírito, a animá-lo e fazê-lo evolver, reconduzindo-o a Ele?

     O espírito, como já afirmamos, é o 

fundo comum entre Deus Pai, Cristo e o homem e só através desse fundo comum é possível a co­municação. Isto confirma ainda que Deus realmente não pode ser alcançado senão
quando descemos conscientes à profundeza
 de nos­so espírito. Veremos a seguir o que significa - conscientes.

     Ouçamos as confirmações que nos enviam as grandes almas, as que souberam percorrer esse caminho de retorno. Diz-nos Agostinho:


“Est Deus superior summo, interior intimo meo”².

E acrescenta, falando de Deus: 

“Et multum laboravi,quaerens Te extra me, et Tu habitas in me”. 

    Agostinho testemunha, portanto, que Deus está na intimidade do ser e que não deve ser procurado fora, mas dentro de nós.

Paulo afirma a respeito de Deus:

"In ipso vivimus, movemur et sumus"³ (...)
S. Paulo em Atenas -Atos, 17: 28.


         A Beata Ângela de Foligno ouviu Cristo dizer-lhe:

    "Eu sou mais íntimo de tua alma do que ela de ti mesma".

      Os místicos cristãos, experimentados em semelhantes indagações; dizem que:

      "Deus é a nossa superessência”, isto é, algo de tão íntimo e pro­fundo a ponto de parecer a nossa própria sublimação.

      Eis a palavra que nos traça a via de retorno: sublimação, isto é, purificação e elevação de nossa personalidade. Esta é a es­trada que reconduz o ser ao ponto de partida, lá onde, após deter­minados períodos, a ascensão atingirá a meta que é o ponto de chegada. Então o Deus imanente, que por Amor se mostra praze­rosamente no sacrifício, lado a lado com a criatura, com ela carre­gando a cruz, terá refeito todo o caminho da descida. E assim o ciclo será completado e o Deus, do aspecto imanente, terá alcan­çado o Deus do aspecto transcendente, o imperfeito ter-se-á tornado perfeito, poderá fundir-se nele, o Uno ter-se-á reconstituído e a ci­são do dualismo estará sanada.

      E evidente que hoje o Todo está dividido em duas par­tes: o perfeito, que ficou como recordação no fundo do "eu" qual anelo e instinto fundamental dele; e o imperfeito, que evolve para a sua perfeição. Ora, se o imperfeito avança sempre para o perfei­to, na progressão para o infinito, ele deverá reduzir as distâncias a quantidades cada vez mais infinitesimais, até sobrepor-se e coin­cidir com o perfeito. Isto porque, se Deus de um certo modo des­moronou no Seu aspecto imanente, Ele permaneceu perfeito, sem desmoronar, em seu aspecto transcendente. Este é o ponto de che­gada que aguarda o imperfeito. Este é o eixo íntegro de todo o sistema, aquele que deve salvá-lo, mesmo no seu momento negati­vo de anti-sistema.

     Como se vê, o problema da ascensão espiritual ou subli­mação tem suas raízes no cosmo e não é solúvel a não ser em função do grande problema do ser. Há, pois, um grande fio condutor para a ascensão dado pela imanência de Deus, que deriva da Sua transcendência, o imperfeito que deriva do perfeito. Ora, este últi­mo termo do ciclo, no qual o dualismo é sanado e as duas metades do Uno se reúnem, está no fundo de nós mesmos e é nesta direção que devemos caminhar se quisermos atingi-lo. E como se deve pro­ceder para caminhar em direção à profundeza de nós mesmos? Isto significa o que antes já havíamos dito em outras palavras, ou seja, "descer conscientes na profundeza de nosso espírito". Palavras igualmente sibilinas, que não sabemos como traduzir no mundo da ilusão a que chamamos realidade! Trata-se de passar de uma linguagem verdadeira, onde tudo se faz com o espírito - única realidade - para um linguagem falsa, onde tudo se faz com o corpo e com os seus sentidos, construtores da ilusão. O leitor, todavia, vê como estamos assediando e envolvendo a fortaleza em que o problema se entrincheira, até poder finalmente penetrar nela. Primeiro o en­caramos do alto das posições máximas do ser. Abordamo-lo agora de baixo, partindo de nosso corpo físico.


     A primeira qualidade do existir, que chamamos de vida, é o sentir. A insensibilidade é característica da morte, ausência do espírito. A sensibilidade é atributo do espírito, que é o existir. Es­pírito significa o que é. Onde falta o espírito, não há existência, porque Deus é espírito, isto é, a plenitude do ser. A sensibilidade, ou seja, a aptidão de perceber, como nós a possuímos, é qualidade exclusiva da alma. Uma vez esta destacada do corpo, este não mais sente, ainda que os seus órgãos estejam intactos. O místico, arre­batado em êxtase, não percebe mais através dos sentidos, porque a alma está ausente deles. Quando estamos distraídos, a mensagem sensória chega regularmente à alma, mas esta não a registrou e, as­sim, vendo, não enxergamos, escutando, não ouvimos. Sabemos que os nossos vários órgãos sensoriais nada mais são do que apare­lhos de captação e transmissão de ondas, não mais. Isto implica que existe um ponto de chegada da transmissão a que estão ligados esses aparelhos. O sistema central (cerebral) para o qual converge o periférico, é apenas um órgão de seleção e coordenação, ainda si­tuado na dimensão espacial, enquanto o “eu” possui a faculdade de juízo e de síntese, próprias de outras dimensões, a que não perten­cem nem o sistema central, nem o periférico. Trata-se de um “eu” princípio unitário de todo o organismo e que, como tal, permanece inalterável, não obstante o crescimento e envelhecimento deste, que está sujeito a um contínuo transformismo. Nesse princípio está o abstrato, o supersensório, algo de qualitativamente diverso da vibra­ção transmitida, qualquer coisa que pensa, quer e reage depois, por meio de outros órgãos. Eis o espírito, que se une a Deus. Ele põe-se em comunicação com o mundo exterior por intermédio dos ór­gãos do corpo, os quais lhe transmitem sinais que ele interpreta e que lhe permitem registrar uma limitada gama de vibrações (som, luz, calor), necessárias à sua vida terrena, além das quais ele nada percebe do mundo exterior. O resto do universo terá também ele a sua sensibilidade, pois que é igualmente animado de vida, isto é, de espírito, de Deus imanente. Mas qual seja ela, não o sabemos. Não podemos saber se a matéria, quem sabe de que maneira, sente a sua estrutura atômica; se um cristal percebe a sua vibração mo­lecular; a célula, o seu metabolismo; uma planta, o mundo exterior. Não podemos penetrar nessas formas do ser tão distanciadas de nós, mas apenas nas biologicamente para nós mais semelhantes e aproximadas.

      Ora, a evolução é uma espiritualização, isto é, um des­pertar para a vida do espírito, que é interior; é um aguçamento, uma precisão, um aperfeiçoamento da sensibilização. Isto é caminhar para a vida, sentindo que se vive cada vez mais intensamente. Significa uma acentuação da vida, isto é, uma revelação crescente do espírito. São qualidades que não podem nascer do nada, mas que constituem apenas um despertar consciente do que estava ador­mentado no inconsciente, qualidades que representam um progres­sivo revelar-se de capacidade sensitiva, que forma a divina essência do espírito, o qual, por esta via do despertar, se põe em união com Deus. Certamente, entendemos aqui sensibilização no sentido lato, não só sensório, dado que pode receber novas mensagens do exte­rior, mas também espiritual e, sobretudo, moral, pela qual se im­põem normas de vida cada vez mais aderentes à Lei de Deus.

       É por intermédio deste processo que conseguimos sentir em nós, e nas coisas, a presença de Deus. Compreendida de manei­ras extremamente diversas no contingente, esta é a essência e o úl­timo significado da evolução: despertar em nós o Deus imanente, oculto na profundeza do espírito; tornar de novo consciente e vivi­do aquilo que, havendo-se invertido pela queda, tornara-se incons­ciente e morto. Todo o trabalho da vida, o sucesso ou insucesso, a alegria ou a dor, através de infinitas provas, tudo se reduz a isto. Chama-se catarse ou sublimação, sensibilização sensória, psíquica ou moral, maceração ou maturação evolutiva, superação da treva ou da ignorância pela luz ou conhecimento - trata-se sempre do mesmo fenômeno de infinitas formas. A hierarquia dos seres é dada pelo grau deste despertar, pois ele que marca o seu valor, re­presentado pela capacidade conseguida de vibrar, é dada pelo grau de consciência alcançado, que os avizinha mais ou menos de Deus.

      As almas vão, assim, lentamente despertando, compelidas pela Lei, que expressa a imanência de Deus entre nós. Os involuídos não passam de pobres adormecidos. Entretanto, Deus está tão próximo, que realmente é o "interior intimo meo"! Como fazer, então, compreender isto a seres que O sentem, ao invés, tão distan­te, chegando mesmo ao ateísmo? Em que consiste essa proximidade e distância? A verdade é que esta sensação possui um sentido in­teriormente espiritual e não espacial. Não é em quilômetros, como na Terra, ou em anos - luz, como para as estrelas, que se podem medir essas distâncias. O espírito não vive na dimensão espaço, mesmo que venha a manifestar-se nele.


      Para compreender é preciso reportar-se à natureza do es­pírito, que não é matéria espacial, mas um imponderável, definível, por conseguinte, por outras mensurações. A presença de Deus no universo é dada pelo estado cinético, que vimos ser a nova posição que Deus assume do absoluto imóvel, projetando-se na gênese. A vida do universo se manifesta como estado mais ou menos comple­xo e evoluído, mas sempre com tal íntima natureza. A vida do es­pírito é representada, então, por um estado vibratório. E a vibra­ção, pois, mais ou menos complexa e evoluída, é também a medida que o define. Ora, a proximidade ou distância entre uma alma e Deus é dada pelo grau de afinidade de vibração atingido por ela em relação a Ele. Em outros termos, a vizinhança é uma sintoni­zação, uma vibração do mesmo diapasão, que, para os místicos, ter­mina na unificação. Ora, o involuído não vibra de modo algum com a vibração do divino, isto é, não está fundido na Lei com toda a alma e, se vibrar, vibra ignorando Deus, freqüentemente contra Deus. Eis no que consiste a imensa distância.

     Daí os místicos sentirem a sua personalidade desfazer-se em Deus, no Qual se anulam como egocentrismo separado, porque vêm a assumir, cada vez mais, a vibração do Centro. E assim, quanto maior o progresso neste sentido, tanto mais difícil se torna distinguir-se como "eu", mas em compensação o "eu" se sente viver mais como Deus, isto é, como vastidão, potência e unidade. Por isso Paulo pôde dizer:


     "Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim4".

     E assim que a divindade pode despertar em nós. Eis os resultados da evolução. E quanto mais ela avan­ça, tanto mais o egocentrismo separatista do "eu", filho da frag­mentação do Uno, se atenua, irmanando-se em unidades coletivas cada vez maiores, e tanto mais se reconstitui a grande harmonia unitária do sistema, rompida na queda.




     Eis o que significa o despertar de Deus dentro de nós. A vibração Dele, estado cinético da vida, mantém-se em inatividade no involuído e com isto a verdadeira vida está apenas latente, em estado de inércia, à espera de desenvolvimento, como um instru­mento musical, cujas cordas estão mudas. A vida do involuído é uma vida animal, inferior, que a cada passo é contida pela morte e pela dor. Não é a vida verdadeira. Trata-se aqui de um desper­tar de consciência, que é justamente o estado cinético, qualidade do espírito; trata-se de entrar cada vez mais nesse estado cinético, o que significa desmaterializar-se (sair da inércia da matéria), para espiritualizar-se (entrar no dinamismo do espírito). E retornar ao espírito significa retornar ao divino, nosso estado originário, volven­do a ser consciente, vivo, vibrante, até na profundeza em que está Deus. Eis qual é a via para reencontrar Deus. Quando o homem tiver se tornado consciente da presença de Deus em si, o caminho da evolução estará completado, o edifício desmoronado estará re­construído, a natureza rebelde terá volvido ao Criador.

     O homem comum está em poder do jogo das suas ilusó­rias sensações de superfície e ignora que maravilhosos tesouros re­pousam inexplorados na intimidade do seu ser. Mas aqui estão des­critos de forma racional as profundas mutações ocorridas na alma, quando um homem se torna santo. Poucos as reparam porque a maioria vive de sensações a que escapam tais interioridades. Estes não estão em grau de compreender e admitir, em absoluto, uma dis­tância qualitativa, evolutiva, de igual natureza, do tipo de vibração, uma imensa distância de algo que, no entanto, nos é tão intimo. É inútil, pois, falar de uma incompreensível imanência de Deus em todas as coisas e, sobretudo, na profundidade de nossa alma. Quem não possui meios para registrar uma vibração, acredita-a inexistente e a nega. Essa incompreensão, porém, explica-se facilmente. É di­fícil da periferia mover-se à procura de Deus, onde se está situado em posição invertida A ciência, em última análise, nada mais faz do que tentar essa procura. Ela não o sabe, embevecida pelas habi­tuais miragens, mas, na realidade, é esse o seu verdadeiro e substancial objetivo Na periferia, todavia, em meio a um sistema es­frangalhado em uma infinita poeira fenomênica, ela se perde no particular, condenada ainda à ausência de uma síntese total. Para voltar a encontrar Deus, seria necessário reconstituir no Uno essa infinita pulverização do ser, o que é impossível. Não é, pois, à ciência que podemos pedir tais resultados. São necessárias ou­tras vias para que isso se dê.


      Assim, tudo o que existe, inclusive os homens, escalona-se por degraus ao longo da escala evolutiva, representando a re­construção dos vários planos do sistema desmoronado. A escala do que conhecemos vai da matéria ao super-homem. E tudo está a caminho. O termo fixo de comparação, o absoluto que, na relati­vidade do Todo, permite estabelecerem-se as distâncias, é Deus. No mineral, o divino está tão profundamente sepultado em estado de inconsciência que não se pode, de maneira nenhuma, falar de cons­ciência e espírito, pois que eles jazem como que anulados. Sem liberdade de escolha, nem luz de compreensão, o ser ai se movimen­ta no determinismo que a Lei, completamente ignorada, impõe. To­davia, a individualidade atômica, molecular, química, planetária ou galáctica, tem as suas características inequívocas, que lhe conferem como que uma personalidade. E esta exprime uma estrutura tão complexa, que o homem ainda não a decifrou. Há, pois, aí tam­bém, um grande pensamento, que não pode deixar de ser o de Deus imanente, porque ao certo essa individualidade o ignora por com­pleto. Não poderemos admitir que o átomo saiba calcular a sua velocidade interior e trajetória. Ele é ligado a uma lei de ferro, da qual não tem consciência. Estamos nos antípodas do centro-Deus, onde existe a plenitude da liberdade e da consciência. O ser deve reconquistar essa plenitude, que, neste caso extremo, se inverteu em uma carência completa; deve, evolvendo, reconstruir-se. E assim se sobe gradativamente. Na progressiva conquista de mobilidade e de sensibilidade, há uma liberação. A consciência, qualidade divi­na, revela-se cada vez mais, por graus, até o plano do homem e do super-homem. Mas nós vemos que a inteligência de Deus existe mesmo nos graus ínfimos do ser. Só existe esta diferença com as formas mais evoluídas: estas, quanto mais ascendem; tanto mais vêm a tornar-se participes dessa inteligência que já existia, mas da qual, embora ela existisse dentro deles, esses seres estavam excluí­dos. E que mais significa esta, senão tornar-se consciente, isto é, o despertar no ser do Deus Que, com o desmoronamento, permaneceu nele imanente, mas sepultado na inconsciência?


     É grave e de transcendental importância a conclusão deste capítulo, especialmente para quem está em condições de senti-lo in­teiramente, porque a atingiu por si mesmo, através da própria ma­turação e visão. Constitui uma descoberta revolucionária chegar a saber que, na profundidade do próprio "eu", se possui o divino e que Deus, que o animal ignora e o ignorante nega, está tão junto de nós. E deveras emocionante saber-se eterno cidadão do univer­so! E uma conclusão de incomensurável alcance, mas por isso mes­mo perigosa, se não for encarada sabiamente, motivo pelo qual não pode ser dita indiscriminadamente a todos e manuseada pelo invo­luído Quem não estiver preparado, não pode receber a luz da ver­dade, tão excessivamente ofuscante. A verdade deve ser dada pro­porcionadamente a quem a recebe. Tais conceitos, postos na mente do involuído, são transviados, podem ser entendidos às avessas no que se refere à sua posição de modo que, ao invés de estimula­rem uma anulação do próprio egocentrismo, na fusão com Deus  podem levá-lo a exalçar-se, erigindo-se em anti-Deus. A primeira rebelião está sempre pronta a explodir de novo no anti-sistema. O indivíduo pode, assim, ser levado a crer-se Deus. Esta, embora uma interpretação invertida, satânica, da conclusão verdadeira, será quase certa. E por esta razão que o conhecimento de um fato de tal alcance, como é a presença do divino em nós, é vedado à maio­ria, enquanto não houver alcançado o grau de evolução necessário. Ai de quem entender em sentido inverso a presença de Deus em nós, porque, então, tudo isto, ao invés de servir para a ascensão, contribuirá para a descida ainda maior. O místico jamais se enso­berba com essa descoberta; pelo contrário, vê nela um motivo a mais de obediência e humildade. É necessário fazer Deus crescer em si, não pelo caminho oposto da exaltação do "eu". Deus está em nós como princípio de Amor, para que façamos Dele o nosso centro, e não para que façamos de nós um centro contra Ele. En­tão Deus se negará cada vez mais, em lugar de dar-se, e o ser pre­cipitar-se-á ao invés de subir.


      Estamos na Terra, em um reino periférico do anti-siste­ma, onde é comum subverter a verdade no erro. Assim é fácil, nes­te reino, conferir à nossa fé e intuição da imanência de Deus uma interpretação de panteísmo impessoal, confundindo-o com o unila­teral, que exclui de Deus o aspecto pessoal e transcendente. Esta foi efetivamente a interpretação que emprestaram aos volumes pre­cedentes, especialmente em A Grande Síntese, da qual este e os demais tomos não são mais do que o desenvolvimento e a explica­ção. Ora, Deus estar em nós, como presente em todos os seres, por­que sem Ele nada pode existir, é uma certeza, uma realidade que jamais poderá renegar quem a atingir por intuição. Depois, se cor­retamente interpretada, ela não leva a uma soberba deificação do nosso eu , ou da natureza, mas determinará a fusão de nossa al­ma e do criado, com o Criador aí imanente, sem o que tudo estaria órfão. Os conceitos acima expostos não levantam o "eu" contra Deus, mas tendem a diminuir o "eu" para deixar que Deus desper­te nele e viva nele em lugar do "eu" separado, filho do desmoro­namento. Não é mais o "eu" rebelde que agora predomina, mas o "eu" em sacrifício, aos pés da Lei. "Os últimos serão os primei­ros", isto e, quem quiser ser o primeiro no sistema, deve ser o úl­timo no anti-sistema, ou seja, servo do próximo, não em soberba, mas em obediência e em humildade. Desta maneira não se aumen­ta a cisão, mas a unificação, não se caminha para o triunfo do "eu", mas de Deus. É evidente que a via acima traçada não é a que leva a Satanás, mas a que conduz a Deus.


     E assim evidente também o que diz o Evangelho sobre a necessidade de decidir-se na escolha, porque não é possível servir a dois senhores ao mesmo tempo, isto é, prosperar concomitantemente no sistema e no anti-sistema. Se quisermos realmente ven­cer, é de nosso interesse seguir o primeiro e não o segundo. É na­tural, pois, que Cristo e o mundo sejam inexoravelmente inimigos, mas também que Cristo, Senhor do sistema, vença o anti-sistema. Cristo não sofreu porque fosse fraco ou vencido, como acreditou a estupidez dos seus algozes, mas em razão de livre e deliberado sacrifício de Amor. A paixão de Cristo se situa logicamente no plano de salvação do universo, no plano da reconstrução do sistema com o anti-sistema em que ele desmoronou.



Senhor deste plano, desdenhando os pobres meios huma­nos de ataque e defesa, Cristo, o Cordeiro pacífico e inerme, ven­ceu o mundo.




1 "E muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim,quando Te encontras em mim". (N. do T.)


2 “Deus está nas supremas alturas e também no meu íntimo.”


3 Nele vivemos, nos movemos e existimos. (N. do T.)

4 Gálatas, 2:20 (N. do T.)


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AINDA, PIETRO UBALDI, MAS 
AGORA NO CAPÍTULO 30 DE
"A GRANDE SÍNTESE"


30. PALINGENESIA
(Eterno Retorno)

         Que vem a ser, neste sistema, o vosso 

conceito de Divin­dade? Compreendeis que Deus 

não pode ser algo mais e exterior à criação, 

ou distinto dela; que só o homem que está no 

relativo pode acrescentar a si, ou devenir 

além de si, não Deus, que é o ab­so­luto. 

Vossa concepção de um Deus que cria fora e 

além de si, acrescentando algo a si mesmo, é 

absurda concepção antropomó­rfica, é querer 

reduzir o absoluto ao relativo. Não pode 

haver cria­ção no absoluto. Só no relativo 

pode haver nascimento e transformação. O 

absoluto simplesmente “é”. Não queirais 

restringir a Divindade aos limites de vossa 

razão; não vos eleveis a juízes e à medida 

do todo; não projeteis no infinito as 

pequeninas imagens de vosso finito; não 

ponhais limites ao absoluto. Em sua 

essência, Deus está além do universo de 

vossa consciência, além dos limites de vosso 

concebível. É irreverência aviltar esse 

conceito para querer compreendê-Lo. 

Constituindo-vos em medida das coisas, 

colocais como sobrenatural e miraculoso 

qualquer fato novo para vossas sensações, 

tudo o que exorbite do que sabeis e 

conheceis. Mas, a natureza é expressão 

divina e não pode haver nada acima dela, 

nenhum acréscimo, nenhuma exceção, nenhuma 

correção à Lei.




         Sobrenatural e milagre são conceitos Absurdos diante do absoluto, aceitáveis 

apenas em vosso relativo, aptos a exprimir 

vosso assombro diante do que é novo para vós 

e nada mais. Neles está contida a idéia de 

limite e de seu superamento; conceitos 

inaplicáveis à Divindade. Esta é superior a 

qualquer prodígio e o exclui como exceção, 

como retorno ao que já está feito, como reto­

que ou arrependimento e, sobretudo, como 

vontade de desordem no equilíbrio da lei 

estabelecida. Limitai a vós mesmos esses con­

ceitos e não vos julgueis centro do 

universo. 

Guardai para vós os conceitos de tempo, de 

espaço, de quantidade, de medida, de movi­

mento, de perfectibilidade. Não deveis medir 

a Divindade como medis a vós mesmos; não 

tenteis defini-La, muito menos com aquilo

que serve para definir-vos a vós mesmos, 

por multiplicação e expansão de vosso 

concebível. 

Se quereis somar ao infinito vos­sos 

superlativos, dizei ao infinito: isto ainda 

não é Deus. Seja Deus para vós uma direção, 

uma aspiração, uma tendência; seja para vós 

meta. Se Deus está no infinito — 

inconcebível para vós em sua essência — 

nosso finito dele se avizinha por

aproximações conceptuais progressivas. Vede 

como na Terra cada um adora a representação 

máxima da Divindade que pode conceber, e 

como, notempo, essa aproximação se dilata. 

Do politeísmo ao mono­teísmo e ao monismo 

verificais o progresso de vossa concepção, 

que é proporcional à vossa força intelectiva 

e progride com ela. A luz aparece mais 

intensa à proporção que o olhar se torna 

mais Pene­trante. O mistério subsiste, mas 

empurrado cada vez para mais longínquos 

horizontes. Por mais que este se dilate, 

haverá sempre um horizonte mais afastado 

para atingir.Ao verificar vossa relatividade 

que progride, eu não destruo o mistério, mas

o enqua­dro no todo e dele dou a justificação 

racional, torno-o um mistério relativo, que 

só existe pela limitação de vossas 

capacidades inte­lectivas, que recua 

continuamente diante da luz, em função do ca­

minho das verdades progressivas; um mistério 

fechado dentro dos limites que a evolução  

ultrapassa dia a dia. Se a divindade é um 

princípio que exorbita vossos limites 

conceptuais, ela lá está a esperar-vos; para 

revelar-se, espera vossa maturação.

Hoje, que finalmente vossa mente está

amadurecendo, não é mais lícito, como no

passado, “reduzir” aquele  conceito a

proporções antropomórficas

Hoje, eu já trouxe ao vosso relativo nova e 

maior aproximação; projetei em vossas mentes 

a maior imagem que as humanidades  futuras 

terão de Deus. Este é um canto mais alto de 

sua glória. Isto não é irreligiosidade, mas 

ao invés, pela maior exal­tação de Deus, é 

religiosidade mais profunda. Não procureis 


Deus apenas fora de vós, tornando-O concreto 

em imagens e expressões de matéria, mas O 

“sentis”, sobretudo , em sua forma de maior 


po­der dentro de vós, na idéia abstrata, 


estendendo os braços para o universo do 

espírito, que vos aguarda.

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                         Por hoje é só.


(E muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim,
     quando Te encontras em mim.) Santo Agostinho.




Não esqueçamos que neste blog já tem um publicação sobre
                               O QUE É DEUS

aqui neste link
 
http://omundoextrafisico.blogspot.com.br/2015/08/o-que-e-deus-e-pietro-ubaldi-no.html




                  ___________ 

O que foi publicado no link divulgado no Yahoo:

Um dos principais cientistas do planeta falou sobre o ser humano e Deus. Em entrevista concedida ao jornal El País, Stephen Hawking afirmou que teme pelo futuro da raça humana e explicou sua relação com conceitos religiosos.

“Utilizo a palavra ‘Deus’ em um sentido impessoal, da mesma forma que Einstein, para me referir às leis da natureza. As leis da ciência bastam para explicar a origem do Universo. Não é preciso invocar Deus”, explicou ele.




https://br.noticias.yahoo.com/blogs/super-incr%C3%ADvel/-as-leis-da-ci%C3%AAncia-bastam--n%C3%A3o-precisamos-de-deus---afirma-stephen-hawking-201215905.html