Livro dos Espíritos - capítulo 1 Questão 1 :
Que é Deus?
- "Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas"
nota de Kardec:
o texto foi colocado entre aspas porque é a própria resposta dos Espíritos da Codificação.
...
Que é Deus?
- "Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas"
nota de Kardec:
o texto foi colocado entre aspas porque é a própria resposta dos Espíritos da Codificação.
...
Pietro Ubaldi, no capítulo 6 do livro "O Sistema" nos fala sobre Deus.
Capítulo VI - Livro O Sistema
DEUS CRIADOR
http://omundoextrafisico.blogspot.com.br/2015/09/deus-ciencia-as-criaturas-e-o-criador.html
O capítulo primeiro do Evangelho de São João confirma em cheio essa teoria: “No princípio era o Verbo (O Pai, o Logos criador), e o Verbo estava em Deus (o Espírito, o pensamento), e o Verbo era Deus (porque ambos eram um só). E o Verbo (Pai) se fez carne (se exteriorizou, ou seja, tornou-se Filho) e habitou entre nós cheio de graça e verdade, e vimos sua glória como no unigênito (filho, gerado) do Pai (do Verbo que o produziu)”. João, 1:1 e 14; Mateus, 12:31-32; Marcos, 3:28-29 e Lucas, 12:8-10: (N. do T.)
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Capítulo VI - Livro O Sistema
DEUS CRIADOR
Na
primeira parte deste volume, expusemos a visão em síntese, tal como
nos apareceu por intuição, em seu conjunto.
Retomemos, agora, a
observação adotando uma atitude psicológica diferente, que
justamente chamamos de Análise e Crítica. Embora tenhamos de
repetir, voltemos ao início, olhando agora com os olhos da razão,
mais do que com os da fé, mudando os pontos de referência e nossa
perspectiva, de modo que tudo se torne claro, dando resposta a todas
as objeções e resolvendo todas as dificuldades. Observamos o
fenômeno da criação no volume
Deus e Universo e capítulo II deste
livro. Muita coisa dissemos, mas, diante da imensidade do assunto
parece-nos nada haver dito ainda. Os leitores, a quem apresentamos
estas teorias, devem considerar que estamos observando a obra de
Deus, quase como se Ele nos tivesse de prestar contas. Se alguns
podem parecer ainda não satisfeitos, porque os frutos que têm nas
mãos nem sempre são bons, a estes vamos demonstrar, agora, que Deus
fez tudo otimamente e não podia fazer melhor, e, se o ser navega na
imperfeição e na dor, a culpa não pode de maneira nenhuma ser
atribuída a Deus. Tudo, qualquer que seja o estado atual e por mais
difícil aceitá-lo, se desenvolveu em perfeita lógica, bondade e
justiça.
Mas,
procedamos com ordem. Aqui fala-se de Deus. É mister, pois, começar
pesquisando o que entendemos pela palavra Deus. Dissemos que tudo
deriva Dele, centro do Sistema, causa primeira de tudo, situado no
vértice da pirâmide da hierarquia dos seres. Dissemos, também, que
Deus não pode ser definido. Definir significa limitar, delinear, em
relação a certos pontos de referência. Ora, o infinito não pode
estar limitado e não existem pontos de referência para o absoluto
que abarca tudo. Mas dissemos também que as definições, tentadas a
respeito de Deus, foram obtidas elevando à potência infinita as
mínimas quantidades de perfeição reconquistadas pelo homem com a
evolução, ou percebidas, intuitivamente, como futura
realização a
ser conquistada. Poderemos, assim, atribuir a
Deus algumas
qualidades.
Foram
surgindo à medida que fomos descobrindo o seu modo de agir, sendo
lógico e evidente possuir Deus os atributos que cada um de nós, por
instinto e portanto axiomaticamente,
gosta de ver num chefe ou
patrão. Satisfeita esta exigência, ficarão todos mais facilmente
persuadidos. Parece existirem alguns axiomas fundamentais do ser, não
demonstrados nem discutidos, em relação aos quais se ergue um
consenso universal, axiomas que são aceitos porque neles a mente
repousa satisfeita, sem mesmo saber racionalmente o porquê.
A
nossa mente, para satisfazer-se, exige, pois, que Deus seja perfeito,
quer dizer, possua em grau de perfeição as melhores
qualidades
conhecidas pelo homem na escala de seus valores.
Por isso, o homem
procura fazer de Deus um conceito, multiplicando ao infinito tudo o
que de melhor possui e pode fazer, de seu ponto de vista situado no
relativo. E neste caso o instinto não vai de encontro à lógica.
Sem saber como isso ocorra, o homem sente instintivamente estar Deus
no cimo de todas as coisas, e é a meta final para a qual tudo
caminha. Assim, multiplicando ao infinito os pequenos graus de
perfeição conquistados com a evolução, o homem procura imaginar o
que possa ser a perfeição completa do Ser Supremo.
Então,
tal como exige a nossa mente, Deus deve possuir todas
as qualidades
no grau da mais absoluta perfeição, e ser absolutamente perfeito em
tudo, onipotente, onisciente, absolutamente livre, bom, justo,
lógico, uno.
Colocadas
em Deus estas qualidades, estas devem ser também atributos da Sua
criação, pois esta saiu de Seu seio e, portanto, constituída por
Sua própria substância. Isto porque não é possível dar à
criação outra causa fora de Deus, que só pode ser o Todo, fora do
qual nada pode existir.
Vemos,
então, que a criação de Deus só pode ser uma obra perfeita. Das
mãos de um Deus perfeito não pode sair uma obra imperfeita, cheia
de erros, males e dores, como é a nossa
atual criação. A
verdadeira criação operada por Deus deve pois ter sido outra, e não
a que conhecemos. Esta em que vivemos deve ter sido derivada de outra
causa, sobrevinda mais tarde. Não é possível sair desta lógica.
Tanto mais que, sendo Deus onipotente, não poderia haver obstáculos
à consecução da perfeição; e sendo onisciente, não podia
cometer erros.
De
uma tal criação só podiam nascer seres absolutamente livres. Ora,
se a perfeição implica na existência dos seres de forma
disciplinada, de acordo com uma ordem e uma lei que estabeleça tal
ordem, isto não podia de forma alguma acontecer num sistema
escravagista, mas apenas no regime de absoluta liberdade.
Mas
Deus deve ser, também, sumamente bom. Então, a criação não pode
ser fruto de seu egoísmo, mas apenas um ato de amor pela Sua
criatura. E Deus não pode deixar de continuar a amá-la sempre,
procurando a sua felicidade. Ora, vemos quão longe estamos disso em
nosso mundo. Então, se isto ocorre porque Ele não tem o modo de
no-lo dar, Deus não é onipotente; e se Ele não no-la quer dar, Ele
não é bom. E se é onipotente e bom, porque não no-la dá? Por ser
bom, Deus representa o bem. Por que permite Ele, então, a existência
de tanto mal em nosso mundo?
Aqui
não estão de acordo causa e efeito. Ambas devem ser da mesma
natureza e ter os mesmos caracteres. Se entre causa e efeito há essa
discordância, isto demonstra ter sobrevindo outro fato, alterando a
ação da causa pela introdução de novos impulsos estranhos. De
outra forma não se pode explicar essa injustiça num Deus que deve
ser absolutamente justo, esta ilogicidade num Deus que deve ser
absolutamente lógico.
Deus
deve ser justo, isto é, imparcial, sem favoritismos e dádivas não
razoáveis e injustas, porque não merecidas. Surge, assim, a idéia
de uma ordem e de uma lei que a dirija. Um Chefe, com o direito de
comandar e para com o qual se tenha o dever de obediência, não
podendo ser um déspota caprichoso que abuse do poder em suas mãos.
Compete, em primeiro lugar, a quem personifica a lei, representar a
sua perfeita atuação na ordem e na disciplina. Só quem jamais
transgride pode ter o direito de exigir a obediência. E se esta Lei
representa apenas o próprio pensamento e vontade de Deus, com isto
Ele obedece apenas a Si mesmo em perfeita liberdade. E se a criatura
tem de reconhecer em Deus o direito de comando, isto implica, de seu
lado, o dever de obediência; e se esta não for respeitada, por
causa da revolta, implica a merecida reação da justiça de Deus. É
assim que, só pela simples observação das qualidades que devemos
atribuir à Divindade, vemos, já presentes, todos os elementos dos
quais poderá, mais tarde, desenvolver-se lógica e fatalmente, o
drama da queda.
Mas
Deus deve ser também uno. Ou seja, não apenas ser único, possuindo
tudo dentro de si, mas deve também ser unitário, e não cindido em
formas contrastantes. Não pode haver em Deus aquele contraste entre
qualidades opostas, pertencente ao nosso mundo, contraste, pois, que
deve ter outra origem, sobrevinda mais tarde. Deus só pode ser todo
positivo, afirmação. O aspecto negativo do ser não pode ter tido
origem direta de Deus. Ora, se uma das qualidades fundamentais de
nosso mundo é justamente o dualismo, e se este não pode de maneira
nenhuma existir em Deus, nem na criação, que saiu do Seu seio,
então este dualismo só pode ser o resultado de uma ruptura,
posteriormente ocorrida na obra de Deus.
Tendo
assim feito da Divindade o máximo conceito que nos é possível,
seres situados no relativo, vejamos agora como Ela operou na criação.
Neste Seu operar, devem reaparecer as Suas qualidades, pois Deus
operou de acordo com elas, que constituíam a Sua própria natureza.
Dessa forma, podemos imaginar como foi executada a criação, ou
seja, aplicando-lhe as características próprias de Deus.
Eis
então como, mediante simples imagens, podemos fazer uma
representação mental de como ocorreu a criação.
Em
ilimitada planície deserta, onde nada havia, nem uma casa, nem um
fio de erva, nem ser algum, uma planície tão igual que impossível
fosse ali estabelecer qualquer ponto de referência ou de distância,
nesse espaço incomensurável havia um bloco imenso, sendo ele a
única coisa que podia existir.
Só
ele existia ali. Além dele, nada mais havia, sendo tudo o que podia
existir ali. Dizemos “só”, porque vivemos em relação com
outros seres, mas não estava só, pois compreendia dentro de si
todos os seres. Uma parte pode permanecer isolada se lhe falta
qualquer outra parte, mas não o pode quem abarca tudo dentro de si,
porque dessa forma, faltam-lhe, do lado de fora, pontos de referência
para poder estabelecer a própria solidão em relação a eles.
Assim
sendo, ele não podia olhar para fora de si, pois fora de si nada
mais havia. Olhava então para dentro de si. Sendo este bloco, uma
unidade, feito não de matéria, mas de pensamento, esta sua
auto-contemplação, representava a consciência que possuía de sua
existência, consistindo num pensamento único, sintético,
homogêneo, indiferenciado, imóvel, concentrado em si mesmo.
Mas
eis que, em dado momento, nesse estado de autoconsciência imóvel,
se inicia um movimento de descentralização, pelo qual esse
pensamento se torna multíplice, analítico, diferenciado, imóvel,
resultante de muitos pensamentos diferentes. Esses pensamentos
diversos são as criaturas nascidas da primeira criação, feitas de
puros espíritos.
Isto
não significa, porém, ter sido perdida a unidade do pensamento de
origem. Ao contrário, a necessidade dessa unidade permanecer íntegra
– sem o que teria desaparecido o supremo “eu” da Divindade –
impôs também a necessidade dessa multiplicação ocorrer em sentido
orgânico. Em outros termos, nesta primeira criação não podia
nascer uma multidão de elementos iguais, simplesmente se somando no
todo, mas apenas um sistema, um verdadeiro organismo do qual fossem
parte integrante, como hierarquia de posições e distribuição de
funções, como é necessário em todo organismo ou sistema. Satisfaz
a nossa mente e nos convém pensar que o processo
dessa criação
tenha sido regido por uma concatenação lógica, sendo esta uma das
qualidades da Divindade. Eis como aparece logo, necessariamente, em
virtude dessa lógica, a idéia do Sistema, ou seja, que a criação
não produziu apenas uma simples multiplicidade, mas um verdadeiro
organismo. Daí nasce a necessidade de admitir-se a presença de uma
ordem, e portanto de uma lei que discipline os movimentos de todos os
elementos constitutivos do Sistema, lei que representa a continuação
da autoconsciência da Divindade que, como pensamento central,
situado no topo da hierarquia, a dirige e, dessa forma, dirige todo o
Sistema.
Só
assim o Tudo-Uno-Deus podia, apesar de tão grande transformação,
permanecer idêntico a si mesmo. Se Deus era Tudo, é lógico que a
criação não podia ocorrer fora de Deus, mas só dentro Dele. Mas
era necessário, também, que isso tudo não alterasse, de nenhum
modo, a unidade de Deus. Podemos imaginar o estado antes da criação
como um incêndio, com luz e calor, igual em todos os seus pontos; e,
após a criação, como o mesmo incêndio organicamente dividido em
muitas centelhas. Cada criatura é uma centelha, da mesma substância
do fogo de origem, todas juntas continuando a constituir elementos de
um todo que permanece, após as transformações, idêntico a si
mesmo, tal como era antes.
Eis
então que, ocorrida a criação, Deus se nos apresenta como uma
unidade orgânica constituída por muitos elementos diferentes, mas
mantidos ligados pelo estado orgânico, no qual se transformou o
Todo, assim como todas as células de nosso organismo físico são
mantidas ligadas por seu estado orgânico, sem o qual elas, também
consideradas como seres separados, não podem viver. Daí a absoluta
necessidade dessa concórdia e dessa unidade que rege o sistema, sem
as quais tudo desmorona. Dessa forma, é fácil compreender o que
pode ocorrer à mínima desordem. O fato de cada elemento possuir
agora a sua individualidade separada, qualquer menor egocentrismo
seu, à semelhança daquele egocentrismo máximo de Deus, torna
possível ocorrer uma desordem tão logo falhe a obediência à
disciplina imposta pela lei. Por isso há necessidade absoluta de
todos os elementos permanecerem ligados, conjuntamente, no mesmo
estado orgânico do Sistema, sem o que desmorona a unidade do bloco,
no qual permaneceu o Tudo-Uno-Deus, tal como era antes.
Podemos
imaginar o estado de origem como o de uma estátua de mármore igual
em todos os seus pontos. Um dia esse mármore se transforma em uma
porção de células vivas, hierarquicamente disciplinadas,
governadas por uma lei à qual é desastroso desobedecer. Elas se
reagrupam em tecidos e órgãos e desempenham determinadas funções,
das quais depende a vida do organismo, tanto quanto as suas.
Assim
ocorreu a criação e nisso consistiu. Só nesta segunda parte, de
análise e de crítica, podíamos observá-la mais detalhadamente. E
para nos tornarmos mais compreensíveis tivemos de nos apoiar em
representações concretas. Trata-se
de imagens torcidas e opacas,
porém só estas pode o nosso
mundo oferecer-nos.
Temos
de admitir essa criação, porque representa o terceiro momento da
Trindade, que sem isto permaneceria incompleta. Trindade composta,
como vimos, de três pessoas ou momentos, ou seja:
Espírito (a
concepção),
Pai (o Verbo ou ação),
Filho (o ser criado)1.
Isto
quer dizer que a Divindade, esgotado o processo da criação, se
achou constituída no estado do Filho, ou unidade coletiva ou sistema
orgânico, em que permaneciam íntegros os dois estados precedentes.
Permanecia o Espírito ou concepção, porque subsistira na obra o
plano geral e a lei que lhe disciplinava o funcionamento. Permanecia
o Pai ou a ação, porque aquela lei era também vontade de
realização, não apenas norma, mas também poder de atuação. E no
estado orgânico do Sistema, a multiplicidade dos elementos fundidos
na ordem da Lei, constituía uma unidade coletiva, em que Deus
permanecia o Tudo-Uno-Deus.
Era
necessário esclarecer até o fundo, agora que podemos analisar o
fenômeno, estes conceitos que representam o seu ponto de partida,
porque se não os tivermos compreendido, não poderemos tampouco
compreender depois o fenômeno da revolta e da queda, nem os fatores
já presentes que o possibilitaram e nem o modo como o processo,
dadas as suas premissas, se desenvolveu com logicidade férrea.
Leia mais sobre Deus... aqui neste link:
O capítulo primeiro do Evangelho de São João confirma em cheio essa teoria: “No princípio era o Verbo (O Pai, o Logos criador), e o Verbo estava em Deus (o Espírito, o pensamento), e o Verbo era Deus (porque ambos eram um só). E o Verbo (Pai) se fez carne (se exteriorizou, ou seja, tornou-se Filho) e habitou entre nós cheio de graça e verdade, e vimos sua glória como no unigênito (filho, gerado) do Pai (do Verbo que o produziu)”. João, 1:1 e 14; Mateus, 12:31-32; Marcos, 3:28-29 e Lucas, 12:8-10: (N. do T.)
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