terça-feira, 9 de agosto de 2016

Duplo Etérico - cuide bem do seu



Lembrando que também fui um fumante durante duas décadas e fração....
É difícil deixar o fumo esquecido da nossa vida? 

É muito difícil, mas o 'pão-duro" pode lembrar que está queimando dinheiro... o que tem medo de morrer, que está facilitando o trabalho da morte e o consciente, que está no processo de suicídio.

Segundo o Espírito Joseph Gleber, no livro Medicina da Alma, no capítulo "Duplo Etérico":
"A utilização de matérias tóxicas com o fumo, o álcool ou mesmo substâncias consideradas medicamentosas, com teor tóxico inegável, afetam a estrutura íntima do duplo, desregularizando-lhe os centros de força e, por consequência, a rede de distribuição das energias vitais que irrigam as células do corpo físico.

O tabaco, o álcool e as drogas mais utilizadas pelo homem, envenenam-lhe as reservas vitais, obstruindo os centros de força que as distribui. A nicotina e o alcatrão, de forma mais atuante, corroem a própria matéria etérica de que é constituído o duplo, formando buracos, semelhantes às bordas queimadas de um papel, facilitando assim os diversos distúrbios que comprometem o equilíbrio psicofísico do ser humano.
Funciona o duplo etérico para o ser encarnado como um manto protetor ou uma tela etérica que impede o contato constante e sem barreiras com o mundo astral, atuando também como proteção natural contra investidas mais intensas dos habitantes menos esclarecidos daquele plano e, ainda, protegendo o homem contra o ataque e multiplicação de bactérias e larvas astralinas que, sem a proteção etérica, invadiriam a organização, como a própria constituição perispiritual.
Quando através de seus desregramentos e vícios o homem passa a utilizar-se de substâncias corrosivas como o álcool, o fumo, a maconha e outras drogas, ou quando no seu comportamento abusivo na esfera da moralidade ele bombardeia a constituição etérica do duplo, queimando-lhe ou envenenando-lhe as células etéricas, cria verdadeiras brechas onde penetram as comunidades de larvas e vírus do sub-plano astral, comumente utilizados por inteligências sombrias para facilitar-lhes o domínio sobre o homem, ou mesmo o próprio assédio mais intenso, das consciências vulgares que se utilizam muitas vezes do ser encarnado para saciarem sua fome e sede de viciações, quando não, para acirrarem ainda mais a perseguição contumaz e infeliz sobre a pobre vítima de seus desequilíbrios.
A utilização de drogas mais fortes como a maconha, o LSD e a cocaína e seus derivados, bem como de medicamentos fortes cujos componentes químicos sejam inegavelmente tóxicos, violenta a tela etérica, rompendo-a. Sabemos que a lesão do duplo dificilmente se recompõe, donde vem a facilidade das pessoas que fazem uso de tais tóxicos verem verdadeiras monstruosidades e aberrações quando estão sob o seu efeito devastador. Acontece que, sem a proteção dessa tela, que os manteriam naturalmente protegidos dos habitantes dos sub-planos astrais, começam a perceber as formas horripilantes, criadas e mantidas pelos seres infelizes que estagiam nas regiões mais densas do plano astralino. Falta-lhes a proteção etérica que violentaram pelo uso de drogas, estimulantes ou excitantes que lhes destruíram parte da proteção que a natureza os dotou, para sua segurança na marcha evolutiva..." 

fonte: "Medicina da Alma", de Joseph Gleber

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A FUNÇÃO DA DOR

81. A FUNÇÃO DA DOR
(do Livro "A Grande Síntese", por Pietro Ubaldi)

Outra força que o homem moderno teria de compreender é a dor. A atitude de vossa mentalidade diante do fenômeno da dor é a de defesa e de rebelião. A ciência fez brilhar em vossas mentes a ilusão de uma possibilidade de paraíso imediato na Terra e desencadeou uma guerra contra a dor, mesmo à custa de qualquer prostituição moral, num paroxismo de terror que revela como, mesmo nas dobras de sua audácia, esconde-se numa zona cinzenta de fraqueza, uma alma cega diante dos objetivos supremos. Mas essa atitude de espírito não alcançou sua meta e jamais, mesmo no estrondo de tão grande progresso, a dor assanhou-se tanto mais aguda e profunda; nunca se viu maior vazio no espírito, faltando a coragem de lutar e saber sofrer. A ciência não compreendeu que a dor tem uma função fundamental de equilíbrio na economia da vida e como tal, não pode ser eliminada; ela é íntima função de ordem, função biológica construtiva, como excitante de atividades conscientes. O tão criticado estado de alma, de resignação paciente, é uma virtude de adaptação, de resistência e de defesa, que os povos modernos estão perdendo. A ciência movimentou-se para eliminar as causas próximas da dor; ela, porém, corresponde a uma lei de ampla causalidade, cujos primeiros e distantes impulsos é mister pesquisar. Essas causas estão na substância dos atos humanos, na natureza individual. Enquanto o homem for o que é e não souber realizar o esforço de realizar-se a si mesmo, a dor será parte integrante de sua vida, com funções evolutivas fundamentais. Portanto, é irredutível fator substancial que impõe a evolução. Sei muito bem como é o homem moderno e não lhe peço a perfeição imediata. Digo-lhe, entretanto, que, se não for capaz de melhorar-se e enquanto não modificar-se, todas as dores que lhe sobrevierem serão justas e bem merecidas.

Pobre ciência: muda diante dos problemas substanciais! Pobres crianças que odiais a dor que vós mesmos quisesteis e que semeasteis; que tendes a ilusão de vencê-la, calando-a e escondendo-a ao invés de compreendê-la. Os problemas só se resolvem quando são enfrentados com lealdade e coragem. No meio de tanto progresso, cada um caminha mudo dentro de si mesmo, a sorrir numa máscara de cortesia, que esconde seu fardo de males secretos. A cada dia, novos excessos em todos os setores, excitando novas reações de sofrimentos futuros. Se o homem tem de ser livre e, no entanto, ignora as consequências de suas ações, uma dor atroz que o flagele é, para seu bem, a reação necessária e proporcional à sua sensibilidade. Isto é inevitável, quando a orientação da vida for toda errada. A lei das coisas nem por isso se modifica, mas reage a cada momento para fazer-se compreender. Em sua ingenuidade, o homem pretenderia violar e modificar a Lei, torcendo-a a seu favor; está iludido de que pode e sabe tudo, fraudando a todos; ri-se das reações e considera o irmão caído como um falido, ao invés de estender-lhe a mão, para que a encontre estendida para si quando for sua vez de cair. Deveria, ao contrário, compreender que, num mundo em que nada se cria e nada se destrói, também no campo das qualidades morais sutis, só se neutraliza um efeito ao reconduzi-lo invertido para a sua causa, a fim de aí encontrar sua compensação. Não se anula uma quantidade de caráter consciente e moral, se não for absorvida pela vida. A mentalidade moderna míope limita-se ao jogo da defesa imediata, contra uma força que volta sempre. Com constante esforço expulsa-a, ao invés de absorver-lhe o alívio que a esgota; para não ver e para atordoar-se nos prazeres, aumenta-a com novos erros, que voltam sempre em forma de novas dores. Assim, homens, classes sociais e nações transferem-se uns aos outros essa massa saturada de débitos, que circula por todos, passa de geração em geração e fica sempre a mesma, porque ninguém a absorve. Cristo, que morreu na cruz, redimindo a humanidade com sua paixão, é o grandioso símbolo que resume e convalida esses conceitos.

Que diremos ao homem comum que sofre, mesmo ignorando? É bem triste, por vezes, o quadro das reações naturais, que denominais castigo divino. Inútil negá-lo: todos sofrem mais, ou menos; todos se debatem entre os braços do monstro. Pobre ser, o homem! Não só permaneceu pagão, mas bestial na substância, abaixa tudo a seu nível: religião, estado, sociedade, ética. Para adaptá-los a sua condição, realiza uma contínua redução de todos os valores morais; permanecendo nos instintos primordiais do furto e da guerra, precisa atravessar dores ingentes, porque só elas poderão fazer-se entendidas, abalando sua inconsciência. A alma humana, que hoje amontoou sobre si um fardo tão embaraçoso de inútil cerebralismo, não vê esses equilíbrios espontâneos e simples. No paroxismo de um dinamismo frenético, sua alma é fraca e primitiva. Que poderia fazê-lo recobrar a razão, mesmo deixando-o livre, se não a imensurável massa de dores? Está equilibrado em seu nível, oprimido por áspera luta e por uma realidade de dores. Iludido, insensível, inconsciente, o homem resiste a qualquer melhoria substancial; corre atrás dos sentidos, ambiciona a ascensão exterior, econômica, ávido para abusar de tudo, imerso no egoísmo do momento, ignorante do amanhã, fechado em seu horizonte. Se o gênio não se abaixar até ele, certamente que nada saberá fazer para alçar-se até o gênio. As verdades são julgadas, mas o desfrutamento dos ideais é tão velho quanto os homens e a sociedade habituou-se a considerá-los mentira. Cada um sabe, por instinto, filho de experiências seculares, que por trás de tantas ostentações de coisas grandes, existe a própria miséria moral e material; que aquelas são retórica e esta a realidade; acredita nas verdades em que todos crêem, a festa do próprio ventre é a vitória por qualquer meio. A palavra é dada à dor, única marteladora eterna de destinos e forjadora de almas. Ela ficará enxertada no esforço da vida, gotejando cada dia, e com grandes lufadas periódicas coletivas, para atingir as almas e deixar nelas suas marcas.

Para chegar à solução do problema é indispensável o aperfeiçoamento moral, o remate do amadurecimento biológico do super-homem; é preciso subir com Cristo à cruz e refazer a vida individual e coletiva nas bases do amor; é necessário saber reencontrar na dor uma força amiga, da qual se compreendem as causas, a função, e delas se utiliza para a própria ascensão. A dor é o esforço necessário da evolução, é a essência e a razão da existência; contém o germe de uma felicidade cada vez mais alta que o homem “deve” conquistar. Esses equilíbrios são insuprimíveis e indispensáveis à respiração do universo.

Se a dor faz a evolução, a evolução anula progressivamente a dor. Esta, reabsorvendo a reação e eliminando o débito, operando a gradativa harmonização e atuação da Lei no Eu, elimina-se a si mesma, enquanto faz progredir o ser. Isso demonstra a justiça e a bondade da Lei, que não é lei de mal, nem de dor, mas lei de bem e de felicidade. Por isso é necessário seguir um caminho de gradual redenção em várias etapas: primeiro, reabsorver as reações livremente excitadas no passado, sofrer pacientemente as consequências das próprias culpas; depois, reconstituído o equilíbrio, manter-se em estado de harmonia com a Lei, evitando qualquer nova violação e reação. É indispensável conceber o universo não como um meio para a realização do próprio Eu, seu centro, mas como um universo regulado por uma Lei suprema, dentro da qual só é possível realizar o próprio Eu, quando em harmonia com tudo o que existe. É necessário conceber a dor não como um mal devido ao acaso, mas como uma forma de justiça, como uma função de equilíbrio que ensina ao homem, mesmo respeitando-lhe a liberdade, os verdadeiros caminhos da vida, e o “constrange”, após tentativas e erros, pelo único caminho possível, o do próprio progresso. A dor não pode desaparecer, se não for pago o débito à Lei de justiça, que, no campo moral, social, histórico, econômico, físico e químico, é sempre a mesma Lei, a mesma vontade, o mesmo Deus. Não se rouba, não se escapa, no tempo, à sua ação; rebelar-se é excitar maior choque de reações; sua elasticidade (divina misericórdia) é tão grande que pode conter todo o livre-arbítrio humano, terminando sempre por devolver-vos como fato inexorável.

A anulação da dor é feita corajosamente através da dor. Por isso, ela pode ser colocada no caminho das ascensões humanas. Recusai a utopia que o materialismo vos pôs na mente e percebei esta solene verdade da vida. Entre o impulso frenético de vossos tempos para todas as felicidades, entre a série lastimável de todas as experiências humanas, diante da desilusão, com um sonho vão nas pupilas da felicidade não atingida, tenha o homem a coragem de olhar esta realidade mais profunda, abrace fraternalmente sua dor. Que ele aprenda e progrida na arte de saber sofrer. Talvez julgueis este tom prevalentemente negativo, mas ele é apenas sob vosso ponto de vista humano, não das reconstruções super-humanas, onde jaz minha maior afirmação. Na tábua relativa de vossos valores éticos, estais sempre embaixo e vossas virtudes violentas e guerreiras, necessárias ao vosso estado atual, não serão mais virtudes e serão superadas amanhã. Tudo é proporcional ao próprio nível e o exprime. Há muitas formas de dor, esta é tanto mais grave, quanto mais baixo estiver o ser. A medida do contragolpe doloroso, que recai sobre quem movimentou a causa, é obtida pelo cálculo de responsabilidade e vimos, modifica-se com o grau de evolução, a qual sutiliza a cadeia férrea das reações.
Observai como o castigo quase se volatiliza, no processo da espiritualização progressiva. No mundo subumano, a dor é derrota sem compaixão; o ser sofre nas trevas, cheio apenas de ira, num estado de miséria absoluta, sem luzes espirituais compensadoras. É a dor do condenado, cego, sem esperança. E o homem tem liberdade de retroceder para esse inferno, se não quiser aceitar o esforço de sua libertação. No mundo humano, a consciência desperta, pesa e reflete; o espírito tem o pressentimento de uma justiça, de uma compensação e de uma libertação, e espera. É a dor tranquila de quem sabe e resgata;  é o purgatório confortado por uma fé; o castigo pára nas portas da alma, que tem seu refúgio na paz. A mente analisa a dor, descobre-lhe as causas e a Lei, aceita-a livremente como ato de justiça que trará alegria; de um tormento faz um trabalho fecundo, um instrumento de redenção. Quanto já perdeu a dor de sua virulência! Muito diferente é o sofrer esperando e bendizendo, pois, o golpe contra a alma assim encouraçada é menos amargo e, no espírito defendido por essa profunda consciência, tem menor força de penetração. A visão substancial das coisas dá, a cada caso, a sensação da justiça, uma grande fé e um absoluto otimismo; entre as dissonâncias do ambiente, forma-se na alma um oásis de harmonia. Chega-se, assim, por graus, ao mundo super-humano, em que a dor perde seu caráter negativo e maléfico e transforma-se numa afirmação criadora, em poder de regeneração, numa corrida à vida. Ergue-se, então, o hino da redenção: felizes os que choram.

A dor, obrigando o espírito a dobrar-se sobre si mesmo, prepara o caminho para as profundas introspecções e penetrações, desperta e desenvolve suas qualidades de outro modo latentes, multiplica-lhe todas as potencialidades. Sobretudo para as grandes almas, a dor é uma força de valorização e criação. A expansão da vida, constrangida para dentro, atinge realidades mais profundas e o choque da dor obriga a seguir os caminhos da libertação. Novo mundo se revela a cada golpe que parece trazer ruína, algo referve e nasce do âmago do Eu; a cada golpe da dor que parece mutilar a vida, algo se reconquista, que a faz crescer e a eleva. A dor desapega e liberta de um invólucro denso de desejos e de sensações; a alma, a cada pedaço de animalidade arrancado, dilata-se em mais amplo poder de percepção, em forma mais intensa de vida, em realidade mais profunda. Imaginai a mais titânica das lutas, o mais tremendo dos esforços, a mais impetuosa tempestade. Há um dilaceramento silencioso no âmago das leis biológicas; uma disputa palmo a palmo no campo da vida; um encarniçamento de retornos atávicos para baixo, uma atração irresistível para o alto. Espírito e animalidade lutam, vinculados e inimigos, como na hora da alvorada lutam a luz e as trevas, para que surja o dia. Na fase super-humana a dor não é mais apenas expiação, que se conforta com a esperança: é o ímpeto frenético das grandes criações espirituais. No meio da luta pela libertação, a sensação dominante é juventude, na expansão das energias é ressurreição; enfraquecidas as paixões e dominadas as prepotências da natureza inferior, a sensação do espírito vitorioso é o doce repouso de quem aporta num oásis de paz. O espírito olha então com mais calma dentro de si. A dor e a luta sutilizaram seu ouvido e ele pode ouvir. Então evoca-se o canto do infinito. Então, lentamente, do âmago da alma, entoa-se a grande sinfonia do universo. As notas que aí cantam são as estrelas e os mundos, as flores e as almas, as harmonias da lei e o pensamento de Deus.

Levanta-te ó alma, tua dor está vencida! Morta, entre as coisas mortas, está tua dor, lá em baixo, inútil instrumento jogado fora, lá embaixo, na margem deserta de um caminho triste. No infinito, o universo canta: levanta-te, tua dor está vencida. Todas as coisas transformaram-se diante do olhar de Deus; o canto tem tal profundidade de doçura, que a alma se desorienta. Pela alegria da mente, caem os véus do mistério; pela alegria do coração caem as barreiras do amor. Abre-se o universo. Uma vibração onipresente de amor transporta o espírito fora de si, de visão em visão, de felicidade em felicidade. Ele não luta mais: abandona-se, esquece-se em Deus. As forças da vida o sustentam e o arrastam, lançam-no para o alto onde está o novo equilíbrio. Decepadas as cadeias, ele está verdadeiramente livre e pode subir; o passado persegue e é necessário percorrer até o fundo os caminhos do bem, tanto quanto para os maus é preciso que se afoguem até o fundo, nos caminhos do mal. Então o ser não pertence mais à Terra de dor: imerge cada vez mais na luz do Cristo e aí se aniquila num incêndio de amor.

Estas não são rarefações utopísticas da respiração da vida, senão enquanto não for deslocado o centro da personalidade para o mundo super-humano. O conceito de dor-prejuízo e de dor-mal evolui, desse modo, por gradações, para o de dor-redenção, dor-trabalho, dor-utilidade, dor-alegria, dor-bem, dor-paixão, dor-amor. Há como que uma transhumanização da dor na lei santa do sacrifício. Nesse paraíso, o milagre da superação da dor através dela própria está realizado. O mal transitório, o estridor das violações, o choque violento entre a livre ação e a lei esgotam-se em suas funções; a dor existe para engolir-se a si mesma; cai o desacordo à proporção que atinge a harmonia. Por meio desse sábio mecanismo, pelo qual a liberdade é obrigada a canalizar-se para o progresso, chega-se à unificação do Eu com a Lei. Então desaparece qualquer possibilidade de violação e de reação e a dor se anula em sua causa. Então a alma brada: “Senhor, agradeço-Te por esta, que é a maior maravilha da vida: que minha dor seja Tua bênção”!

Mesmo por outros caminhos inferiores e coletivos, a dor tende a anular-se. Este é o último anel da cadeia: involução, ignorância, egoísmo, força, luta, seleção. Mas o ímpeto evolutivo transforma a fase da força em justiça, o mal em bem. Demolindo as mais baixas condições de vida, opera a transformação da dor. Coletivamente, a força — por um jogo de reações coletivas, por progressiva aproximação e pela lei do mínimo esforço — tende, com o uso, à auto-eliminação, quase reabsorvida em si mesma e ressurgindo em forma de justiça; assim coletivamente a dor tende a anular-se como fator transitório inerente às mais baixas fases de evolução. Absurdos seriam um mal e uma dor incondicionais e definitivos. O maior ímpeto da vida, a evolução, leva, necessariamente, o mal ao bem, a dor à felicidade.

Mostro-vos todas as gradações da verdade, para que cada um escolha a mais elevada em seu concebível. Dizei-me como sabeis sofrer e vos direi quem sois. Cada um sofre diferentemente, de acordo com seu nível: uns amaldiçoando, outros resgatando, outros abençoando e criando!  Das três cruzes iguais sobre o Gólgota, partiram três gritos diferentes. Só justiça e amor é a reação dos Grandes. Cabe a vós saberdes extrair do esforço da vida a maior ascensão do espírito, utilizando a dor, ao invés de combatê-la, transportando cada vez mais para o alto o centro de vossa vida.

Certamente que nestes níveis não estamos na ordem comum das coisas humanas atuais, e tudo isso pode parecer fuga e demolição de virtudes positivas; mas eu vos disse que é fuga, para uma afirmação mais elevada. Isso pode parecer mutilação de aspirações e de vontades, supressão de energias sadias, produtivas, mas aquelas aspirações jamais vos farão sair do ciclo da vida nos níveis inferiores, nos quais cada vitória tem que contrabalançar-se com uma derrota, cada juventude com uma velhice. Aí, cada grandeza precipita-se sempre em sua destruição. O que vos indico, porém, é sublimação da vida, numa forma de ação mais alta, dirigida a conquistas que são as únicas eternas; ação mais enérgica e civilizada que o desperdício inútil da agressão comum, que desorganiza; ação mais produtiva, porque consciente das forças naturais, entre as quais ocorre.

Não vos indico como ideal supremo humano a figura primitiva do herói da força que violenta e vence, mas — ainda que as massas não nos entendam — mostro-vos o super-homem, em que a vontade do dominador, a inteligência do gênio, a hipersensibilidade do artista e a bondade do santo fundem-se; o lutador sobre-humano que perdoa e ajuda a seu semelhante, só ataca as forças biológicas e as submete, ser de nova raça, lutador da justiça, senhor de si mesmo, para o bem coletivo.

A santidade não morreu nem foi superada, apenas começou e tem que subsistir no mundo moderno uma santidade nova, culta, consciente, científica, que ressurja das velhas formas no coração de vossa vida turbilhonante; é mister que volte a lutar pelo bem e, com vossa psicologia objetiva, enfrente heroicamente o choque de vossa rebelde alma nova. Se hoje o lema é força, que seja a força superior do espírito; seja uma beleza espiritual que ouse mostrar-se viva no mundo como um desafio, para que este, se não compreender, dilacere-a e dilacerando-a, aprenda. O santo, nesse sentido amplíssimo, passa em missão, só é grande por inclinar-se a educar e erguer para essas superações da dor.

Muito lento é o caminho das massas inconscientes, embaixo . Esperam elas a fecundação da parte desse ser, ponto culminante, para o qual converge todo o transformismo fenomênico, sustentado e querido por todas as forças da evolução, fenômeno realizado da transformação biológica. No último produto do grande esforço da vida, a criação dobra-se sobre si mesma para retomar, no movimento evolutivo, as camadas mais baixas. O impulso torna a descer para elevar e para aliviar a dor; estende a mão ao homem que caminha sob o peso de sua ascensão, e carrega sobre si a dor do mundo. Esta retomada ascensional, que já estudamos como característica fundamental no desenvolvimento da trajetória típica dos movimentos fenomênicos, aqui se torna inerente ao impulso da evolução e nela representa ainda uma tendência à eliminação da dor.