Hoje, 2 de novembro,
os costumes e a legislação, reservaram esta data para nos termos um
tempo de reflexão e, para os que vão fazer uma
visita ao túmulo de entes queridos, que façam isto sem a
preocupação de cumprir horário de trabalho ou outras obrigações
daí decorrentes.
Respeitando a
crença de cada irmão que tenha entendimento diferente, não posso
deixar passar a oportunidade para lembrar que cada um de nós, seja
“vivo”, seja “morto”, é uma obra individualizada, unigênita,
na criação de nosso Pai Celestial. E, nosso Pai não desperdiça
suas obras e não permite que ela fique estagnada, encerrada em um
túmulo.
A vida é única,
no sentido de que a criação não ocorre no momento do nascimento.
Deus não fica à
disposição dos casais, aguardando a concepção, o nascimento, para
criar seus filhos, designar uma alma para aquele corpo. Já nos
informam nossos irmãos do plano extrafísico que o mecanismo é bem
diferente do que aprendemos, pois são tantas as teorias...
A realidade é
outra, a alma (Espírito encarnado para os espíritas e
espiritualistas) é preexistente ao nascimento e sobrevivente ao
momento da transformação que denominamos “morte”.
Assim, meus irmãos,
os Espíritos da Codificação Espírita nos ensinam que após “a
morte” (do corpo físico), as almas não ficam nos túmulos, mas
podem, para atender ao apelo do coração daqueles que acreditam que
elas lá estejam, comparecer aos cemitérios.
Lembremo-nos que a criatura caminha para Deus e a individualidade, utilizou uma personalidade, que foi conhecida na última existência entre nós e que por isto Jesus nos ensinou:
"Que o vosso coração não se turbe, Crede em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, eu já vos teria dito, porque eu me vou para vos preparar o lugar e depois que eu tenha ido e que vos tenha preparado o lugar, eu voltarei e vos retomarei para mim afim de que lá onde eu estiver ai estejais também." - João, cap XIV, 1, 2,3
Nesta oportunidade
e exatamente pelo que mencionei acima, gostaria também de relembrar
o pedido de um desencarnado, onde, em uma psicografia, ele pede que evitem realizar velórios e sepultamentos no dia de finados,
porque por ter sido sepultado numa data de finados passou
por experiência negativa, devido à presença de multidões de
Espíritos, nas mais variadas condições, que afluem aos cemitérios
nesta data, perturbando o que deve ser tranquilo.
Então, o assunto
não é confortável de falar, porque desperta muitas emoções que
estão latentes em nosso subconsciente.
Mas no livro “O
Céu e o Inferno”, tem um estudo com o relato de um jovem de nome
Marcel que nos esclarece muito sobre o quanto podemos estar enganados
ao ver um irmão em sofrimento. Vou transcrever aqui todo o caso e
também o esclarecimento de São Luis, o protetor da França no plano
Espiritual, assim como Ismael o é do Brasil.
Marcel,
o menino do no
4
Havia
num hospital de província um menino de 8 a 10 anos, cujo
estado
era difícil precisar. Designavam-no pelo no
4.
Totalmente
contorcido, já pela sua deformidade inata, já pela doença, as
pernas se lhe torciam
roçando pelo pescoço, num tal estado de magreza, que eram pele
sobre
ossos. O corpo, uma chaga; os sofrimentos, atrozes. Era oriundo
de
uma família israelita. A moléstia dominava aquele organismo, já de
oito
longos anos, e no entanto demonstrava o enfermo uma inteligência
notável,
além de candura, paciência e resignação edificantes. O médico
que
o assistia, cheio de compaixão pelo pobre um tanto abandonado,
visto
que seus parentes pouco o visitavam, tomou por ele certo interesse.
E
achava-lhe um quê de atraente na precocidade intelectual. Assim, não
só
o tratava com bondade, como lia-lhe quando as ocupações lho
permitiam,
admirando-se
do seu critério na apreciação de coisas a seu ver
superiores
ao discernimento da sua idade.
Um
dia, o menino disse-lhe: — Doutor, tenha a bondade de me
dar
ainda uma vez aquelas pílulas ultimamente receitadas.
—
Para
quê? — replicou-lhe o médico — se já te ministrei o sufi-
ciente,
e maior quantidade pode fazer-te mal...
—
É
que eu sofro tanto, que dificilmente posso orar a Deus para que
me
dê forças, pois não quero incomodar os outros enfermos que aí
estão.
Essas
pílulas fazem-me dormir e, ao menos quando durmo, a ninguém
incomodo.
Aqui
está quanto basta para demonstrar a grandeza dessa alma encerrada
num
corpo informe. Onde teria ido essa criança haurir tais sentimentos?
Certo,
não foi no meio em que se educou; além disso, na idade
em
que principiou a sofrer, não possuía sequer o raciocínio.
Tais
sentimentos eram-lhe inatos: mas então por que se via condenado
ao
sofrimento, admitindo-se que Deus houvesse concomitantemente
criado
uma alma assim tão nobre e aquele mísero corpo –– instrumento
dos
suplícios?
É
preciso negar a bondade de Deus, ou admitir a anterioridade de
causa;
isto é, a preexistência da alma e a pluralidade das existências.
Os
últimos pensamentos desta criança, ao desencarnar, foram para
Deus
e para o caridoso médico que dela se condoeu. Decorrido algum
tempo,
foi o seu Espírito evocado na Sociedade de Paris, onde deu a
seguinte
comunicação
(1863):
“A
vosso chamado, vim fazer que a minha voz se estenda para além
deste
círculo, tocando todos os corações. Oxalá seu eco se faça ouvir
na
solidão,
lembrando-lhes que as agonias da Terra têm por premissas as
alegrias
do Céu; que o martírio não é mais do que a casca de um fruto
deleitável,
dando coragem e resignação.
Essa
voz lhes dirá que, sobre o catre da miséria, estão os enviados
do
Senhor, cuja missão consiste na exemplificação de que não há dor
insuperável,
desde
que tenhamos o auxílio do Onipotente e dos seus bons
Espíritos.
Essa voz lhes fará ouvir lamentações de mistura com preces,
para
que lhes compreendam a harmonia piedosa, bem diferente da de
coros
de lamentações mescladas com blasfêmias.
Um
dos vossos bons Espíritos, grande apóstolo do Espiritismo,
cedeu-me
o seu lugar por esta noite.69
Por
minha vez, também me compete
dizer
algo sobre o progresso da vossa Doutrina, que deve auxiliar em
sua
missão os que entre vós encarnam para aprender a sofrer. O
Espiritismo
será
a pedra de toque; os padecentes terão o exemplo e a palavra, e
então
as imprecações se transformarão em gritos de alegria e lágrimas
de
contentamento.”
—
P.
Pelo que afirmais, parece que os vossos sofrimentos não eram
expiação
de faltas anteriores...
—
R.
Não seriam uma expiação direta, mas asseguro-vos que todo
sofrimento
tem uma causa justa. Aquele a quem conhecestes tão mísero
foi
belo, grande, rico e adulado. Eu tivera turiferários e cortesãos,
fora
fútil e orgulhoso. Anteriormente fui bem culpado; reneguei Deus,
prejudiquei
meu semelhante, mas expiei cruelmente, primeiro no mundo
espiritual
e depois na Terra. Os meus sofrimentos de alguns anos
apenas,
nesta última encarnação, suportei-os eu anteriormente por toda
uma
existência que raiou pela extrema velhice. Por meu arrependimento
reconquistei
a graça do Senhor, o qual me confiou muitas missões,
inclusive
a última, que bem conheceis. E fui eu quem as solicitou, para
terminar
a minha depuração.
“Adeus,
amigos; tornarei algumas vezes. A minha missão é de consolar,
e
não de instruir. Há, porém, aqui muitas pessoas cujas feridas
jazem
ocultas, e essas terão prazer com a minha presença.”
69
Nota
de Allan Kardec: Santo Agostinho, pelo médium com o qual
habitualmente se comunica na
Sociedade.
Marcel
Instruções
do guia do médium —
Pobrezinho
sofredor, definhado,
ulceroso e disforme! Nesse asilo de misérias e lágrimas, quantos gemidos
exalados! E como era resignado... e como a sua alma lobrigava já então
o termo dos sofrimentos, apesar da tenra idade! No além-túmulo, pressentia
a recompensa de tantos gemidos abafados, e esperava! E como
orava
também por aqueles que não tinham resignação no sofrimento, pelos
que trocavam preces por blasfêmias!
Foi-lhe
lenta a agonia, mas terrível não lhe foi a hora do trespasse; certo,
os membros convulsos contorciam-se, oferecendo aos assistentes o
espetáculo de um corpo disforme a revoltar-se contra a morte, nessa lei
da carne que a todo o custo quer viver, mas um anjo bom lhe pairava por
sobre o leito mortuário e cicatrizava-lhe o coração. Depois, esse
anjo
arrebatou nas asas brancas essa alma tão bela a escapar-se de tão horripilante
corpo, e foram estas as palavras pronunciadas: “Glória a vós, Senhor,
meu Deus!” E a alma subiu ao Todo-Poderoso, feliz, e exclamou:
“Eis-me
aqui, Senhor; destes-me por missão exemplificar o sofrimento... terei
suportado dignamente a provação?”
Hoje,
o Espírito da pobre criança avulta, paira no Espaço, vai do fraco
ao humilde, e a todos diz: “Esperança e coragem.” Livre de todas as
impurezas da matéria, ele aí está junto de vós a falar-vos, a
dizer-vos não
mais com essa voz fraca e lastimosa, porém agora firme: “Todos que
me observaram, viram que a criança não murmurava, e hauriram nesse
exemplo
a calma para os seus males e seus corações se tonificaram na suave
confiança
em Deus, que outro não era o fim da minha curta passagem
pela
Terra.”
Santo
Agostinho
E para finalizar recomendo a leitura aqui neste Blog, da postagem A Função da Dor.
https://omundoextrafisico.blogspot.com/2016/08/a-funcao-da-dor.html
https://omundoextrafisico.blogspot.com/2016/08/a-funcao-da-dor.html