sexta-feira, 2 de novembro de 2018

F I N A D O S


Hoje, 2 de novembro, os costumes e a legislação, reservaram esta data para nos termos um tempo de reflexão e, para os que vão fazer uma visita ao túmulo de entes queridos, que façam isto sem a preocupação de cumprir horário de trabalho ou outras obrigações daí decorrentes.

Respeitando a crença de cada irmão que tenha entendimento diferente, não posso deixar passar a oportunidade para lembrar que cada um de nós, seja “vivo”, seja “morto”, é uma obra individualizada, unigênita, na criação de nosso Pai Celestial. E, nosso Pai não desperdiça suas obras e não permite que ela fique estagnada, encerrada em um túmulo.

A vida é única, no sentido de que a criação não ocorre no momento do nascimento.

Deus não fica à disposição dos casais, aguardando a concepção, o nascimento, para criar seus filhos, designar uma alma para aquele corpo. Já nos informam nossos irmãos do plano extrafísico que o mecanismo é bem diferente do que aprendemos, pois são tantas as teorias...
A realidade é outra, a alma (Espírito encarnado para os espíritas e espiritualistas) é preexistente ao nascimento e sobrevivente ao momento da transformação que denominamos “morte”.

Assim, meus irmãos, os Espíritos da Codificação Espírita nos ensinam que após “a morte” (do corpo físico), as almas não ficam nos túmulos, mas podem, para atender ao apelo do coração daqueles que acreditam que elas lá estejam, comparecer aos cemitérios.

Lembremo-nos  que a criatura caminha para Deus e a individualidade, utilizou  uma personalidade, que foi conhecida na última existência entre nós e que por isto  Jesus nos ensinou: 
                
 "Que o vosso coração não se turbe, Crede em Deus, crede também em mim.   Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, eu já vos teria   dito, porque eu me vou para vos preparar o lugar e depois que eu tenha ido   e que vos tenha preparado o lugar, eu voltarei e vos retomarei para mim afim   de que lá onde eu estiver ai estejais também."  - João, cap XIV, 1, 2,3

Nesta oportunidade e exatamente pelo que mencionei acima, gostaria também de relembrar o pedido de um desencarnado, onde, em uma psicografia, ele pede que evitem realizar velórios e  sepultamentos no dia de finados, porque por ter sido sepultado numa data de finados  passou por experiência negativa, devido à presença de multidões de Espíritos, nas mais variadas condições, que afluem aos cemitérios nesta data, perturbando o que deve ser tranquilo.

Então, o assunto não é confortável de falar, porque desperta muitas emoções que estão latentes em nosso subconsciente.
Mas no livro “O Céu e o Inferno”, tem um estudo com o relato de um jovem de nome Marcel que nos esclarece muito sobre o quanto podemos estar enganados ao ver um irmão em sofrimento. Vou transcrever aqui todo o caso e também o esclarecimento de São Luis, o protetor da França no plano Espiritual, assim como Ismael o é do Brasil.


Marcel, o menino do no 4

Havia num hospital de província um menino de 8 a 10 anos, cujo

estado era difícil precisar. Designavam-no pelo no 4.

Totalmente contorcido, já pela sua deformidade inata, já pela doença, as pernas se lhe torciam roçando pelo pescoço, num tal estado de magreza, que eram pele

sobre ossos. O corpo, uma chaga; os sofrimentos, atrozes. Era oriundo

de uma família israelita. A moléstia dominava aquele organismo, já de

oito longos anos, e no entanto demonstrava o enfermo uma inteligência

notável, além de candura, paciência e resignação edificantes. O médico

que o assistia, cheio de compaixão pelo pobre um tanto abandonado,

visto que seus parentes pouco o visitavam, tomou por ele certo interesse.

E achava-lhe um quê de atraente na precocidade intelectual. Assim, não

só o tratava com bondade, como lia-lhe quando as ocupações lho permitiam,

admirando-se do seu critério na apreciação de coisas a seu ver

superiores ao discernimento da sua idade.


Um dia, o menino disse-lhe: — Doutor, tenha a bondade de me

dar ainda uma vez aquelas pílulas ultimamente receitadas.

Para quê? — replicou-lhe o médico — se já te ministrei o sufi-

ciente, e maior quantidade pode fazer-te mal...


É que eu sofro tanto, que dificilmente posso orar a Deus para que

me dê forças, pois não quero incomodar os outros enfermos que aí estão.

Essas pílulas fazem-me dormir e, ao menos quando durmo, a ninguém

incomodo.


Aqui está quanto basta para demonstrar a grandeza dessa alma encerrada

num corpo informe. Onde teria ido essa criança haurir tais sentimentos?

Certo, não foi no meio em que se educou; além disso, na idade

em que principiou a sofrer, não possuía sequer o raciocínio.

Tais sentimentos eram-lhe inatos: mas então por que se via condenado

ao sofrimento, admitindo-se que Deus houvesse concomitantemente

criado uma alma assim tão nobre e aquele mísero corpo –– instrumento

dos suplícios?


É preciso negar a bondade de Deus, ou admitir a anterioridade de

causa; isto é, a preexistência da alma e a pluralidade das existências.

Os últimos pensamentos desta criança, ao desencarnar, foram para

Deus e para o caridoso médico que dela se condoeu. Decorrido algum

tempo, foi o seu Espírito evocado na Sociedade de Paris, onde deu a seguinte

comunicação (1863):


A vosso chamado, vim fazer que a minha voz se estenda para além

deste círculo, tocando todos os corações. Oxalá seu eco se faça ouvir na

solidão, lembrando-lhes que as agonias da Terra têm por premissas as

alegrias do Céu; que o martírio não é mais do que a casca de um fruto

deleitável, dando coragem e resignação.


Essa voz lhes dirá que, sobre o catre da miséria, estão os enviados

do Senhor, cuja missão consiste na exemplificação de que não há dor insuperável,

desde que tenhamos o auxílio do Onipotente e dos seus bons

Espíritos. Essa voz lhes fará ouvir lamentações de mistura com preces,

para que lhes compreendam a harmonia piedosa, bem diferente da de

coros de lamentações mescladas com blasfêmias.


Um dos vossos bons Espíritos, grande apóstolo do Espiritismo,

cedeu-me o seu lugar por esta noite.69 Por minha vez, também me compete

dizer algo sobre o progresso da vossa Doutrina, que deve auxiliar em

sua missão os que entre vós encarnam para aprender a sofrer. O Espiritismo

será a pedra de toque; os padecentes terão o exemplo e a palavra, e

então as imprecações se transformarão em gritos de alegria e lágrimas de

contentamento.”





P. Pelo que afirmais, parece que os vossos sofrimentos não eram

expiação de faltas anteriores...


R. Não seriam uma expiação direta, mas asseguro-vos que todo

sofrimento tem uma causa justa. Aquele a quem conhecestes tão mísero

foi belo, grande, rico e adulado. Eu tivera turiferários e cortesãos,

fora fútil e orgulhoso. Anteriormente fui bem culpado; reneguei Deus,

prejudiquei meu semelhante, mas expiei cruelmente, primeiro no mundo

espiritual e depois na Terra. Os meus sofrimentos de alguns anos

apenas, nesta última encarnação, suportei-os eu anteriormente por toda

uma existência que raiou pela extrema velhice. Por meu arrependimento

reconquistei a graça do Senhor, o qual me confiou muitas missões,

inclusive a última, que bem conheceis. E fui eu quem as solicitou, para

terminar a minha depuração.


Adeus, amigos; tornarei algumas vezes. A minha missão é de consolar,

e não de instruir. Há, porém, aqui muitas pessoas cujas feridas

jazem ocultas, e essas terão prazer com a minha presença.”



69 Nota de Allan Kardec: Santo Agostinho, pelo médium com o qual habitualmente se comunica na

Sociedade.



Marcel

Instruções do guia do médium Pobrezinho sofredor, definhado, ulceroso e disforme! Nesse asilo de misérias e lágrimas, quantos gemidos exalados! E como era resignado... e como a sua alma lobrigava já então o termo dos sofrimentos, apesar da tenra idade! No além-túmulo, pressentia a recompensa de tantos gemidos abafados, e esperava! E como

orava também por aqueles que não tinham resignação no sofrimento, pelos que trocavam preces por blasfêmias! 


Foi-lhe lenta a agonia, mas terrível não lhe foi a hora do trespasse; certo, os membros convulsos contorciam-se, oferecendo aos assistentes o espetáculo de um corpo disforme a revoltar-se contra a morte, nessa lei da carne que a todo o custo quer viver, mas um anjo bom lhe pairava por sobre o leito mortuário e cicatrizava-lhe o coração. Depois, esse

anjo arrebatou nas asas brancas essa alma tão bela a escapar-se de tão horripilante corpo, e foram estas as palavras pronunciadas: “Glória a vós, Senhor, meu Deus!” E a alma subiu ao Todo-Poderoso, feliz, e exclamou:


Eis-me aqui, Senhor; destes-me por missão exemplificar o sofrimento... terei suportado dignamente a provação?”


Hoje, o Espírito da pobre criança avulta, paira no Espaço, vai do fraco ao humilde, e a todos diz: “Esperança e coragem.” Livre de todas as impurezas da matéria, ele aí está junto de vós a falar-vos, a dizer-vos  não mais com essa voz fraca e lastimosa, porém agora firme: “Todos que me observaram, viram que a criança não murmurava, e hauriram nesse

exemplo a calma para os seus males e seus corações se tonificaram na suave

confiança em Deus, que outro não era o fim da minha curta passagem

pela Terra.”

Santo Agostinho 

E para finalizar recomendo a leitura aqui neste Blog, da postagem A Função da Dor.
https://omundoextrafisico.blogspot.com/2016/08/a-funcao-da-dor.html