Temor da Morte - Joanna
de Ângelis
O temor da morte é
resultado da ignorância a respeito da vida.
Tradicionalmente
renegada como sendo o fim, considerada como o momento de prestação
de contas, normalmente apavorante, em razão do comportamento
existencial durante a jornada terrestre, quase sempre reprochável,
ou aniquilamento da consciência, a morte se transformou em
hedionda realidade da qual, porém, ninguém consegue eximir-se.
Para morrer, basta
encontrar-se vivo.
Em algumas culturas
ancestrais e em diversas atuais, procura-se mascarar a morte,
ora realizando-se cultos prolongados e afligentes, noutros momentos
produzindo-se festas de libertação do corpo, ainda, outras vezes,
promovendo-se cerimoniais, maquilando-se o cadáver para dar-lhe
melhor aparência, como se isso fosse importante, com o objetivo de
diminuir-se a dor do seu enfrentamento.
Quando se tem
consciência do significado real da morte, na condição de
passaporte para a vida, a alegria da imortalidade substitui a
angústia do eterno adeus, ou da promessa do juízo final, ou ainda,
a respeito do nunca mais...
Se o corpo pudesse
prolongar a sua permanência na Terra, como agradaria a alguns
aficionados da ilusão, mas apenas temporariamente, como isso seria
terrível para os portadores de enfermidades degenerativas, de
distúrbios psicóticos profundos, de deformidades congênitas, de
paralisias, de transtornos psicológicos destrutivos, da miséria
social e econômica, das expiações em geral.
Para quem se compraz na
fantasia da ignorância, pretendendo manter a eterna juventude,
desfrutar dos esgotantes prazeres, permanecer em foco onde quer que
se encontre, seria, aparentemente, muito bom e compensador. No
entanto, tudo quanto se faz repetitivo, num continuum demorado, corre
o risco de tornar-se tedioso, de produzir o vazio existencial por
falta de significado psicológico...
A Divindade, ao
estabelecer os limites orgânicos, em razão das energias que
vitalizam a matéria, proporciona tempo e oportunidade necessários
para o desenvolvimento ético-moral e espiritual do ser humano.
Mediante as existências
sucessivas, adquirem-se os valores inalienáveis para a conquista do
bem-estar, da harmonia, da individuação.
Com a sua constituição
imortal, o Espírito progride e alcança os patamares superiores da
vida, podendo fruir todas as bênçãos que se lhe encontram ao
alcance.
A felicidade não é
deste mundo – assevera o Eclesiastes, demonstrando, que sim,
existe a plenitude, mas não a anelada pelo corpo físico no mundo
material.
A consciência da
sobrevivência à disjunção molecular proporcional real alegria de
viver e de lutar, ensejando um grandioso significado à existência
que se adorna de possibilidades que facultam a conquista do estado
numinoso.
Alguns objetam que esse
comportamento pode proporcionar acomodação ao sofrimento, aceitação
passiva das ocorrências perturbadoras, pensando-se que as futuras
reencarnações tudo resolvem.
Pelo contrário,
ocorre, pois que a consciência de si faculta ampliação dos
horizontes mentais, enriquecimento emocional superior, esperança de
alcançar-se as metas dignificantes da vida, à medida que se luta
por consegui-las.
* * *
Morre-se a cada
instante, em razão das contínuas transformações que ocorrem no
organismo.
Centenas de milhões de
células decompõem-se e morrem, em minutos, ensejando o surgimento
de outras tantas, até o momento quando a energia vital em
deperecimento resultante do desgaste diminui e se consome, ensejando
a morte de todo o organismo.
Em uma lúcida
comparação, toda vez quando o sono fisiológico toma o organismo e
obscurece a consciência, defronta-se uma forma de morte, sem grande
variação a respeito daquela que encerra o ciclo terrestre.
O medo da morte, de
alguma forma, é atávico, procedente da caverna, quando o fenômeno
biológico sucedia e o homem primitivo não o entendia, desconhecendo
a razão da sua ocorrência.
Do desconhecido sucesso
às informações que foram sendo recolhidas ao longo dos milênios,
os mitos e arquétipos remotos se encarregaram de criar funestos
conceitos a seu respeito.
Nada obstante, nesse
mesmo período, ocorrem, as memoráveis comunicações espirituais
cujas informações são encontradas em algumas escritas rupestres,
assim também originando-se o culto aos Espíritos, como uma forma de
os manter vivos, de os tranquilizar, de os encaminhar ao mundo de
origem.
Guardadas hoje as
proporções, cerimônias religiosas, as recomendações litúrgicas
e os ritos constituem um aperfeiçoamento daqueles cultos primitivos,
nos quais, durante um largo período, realizavam-se holocaustos de
animais e de seres humanos, afim de acalmar aqueles que se
proclamavam deuses e responsáveis pelos acontecimentos em geral.
Houve, sem dúvida, um
grande progresso na celebração dos cultos aos mortos, permanecendo
ainda, lamentavelmente, a ignorância em torno da imortalidade.
Retornando ao convívio
com aqueles que ficaram na Terra, dispõe-se de claras e
significativas informações a respeito da sobrevivência do ser, de
como contribuir em seu benefício, substituindo a pompa e as
extravagâncias muito do agrado da insensatez pelas orações ungidas
de amor e de respeito pela sua memória, recordando-o com carinho,
trabalhando-se em benefício do próximo, em homenagem ao que
representa na afetividade...
A reverência ao
corpo fixou-se de tal maneira no comportamento humano, que a arte
utilizou-se desse fenômeno, para preservar o carinho dos que
permaneceram no mundo, afinal, por pouco tempo, porque também foram
convocados a seguir para o Além, através dos monumentos colossais,
dos mausoléus ricamente decorados, das capelas revestidas de
mosaicos e de mármores de altos preços... Os artistas aumentarem
esse tipo de .culto, estimulando as decorações com estátuas
imponentes ou comovedoras, utilizando do bronze, do ferro, do ouro e
de outros metais, como de pedras preciosas, de pinturas faustosas,
para expressar a grandiosidade do desencarnado, muitas vezes em
situações deploráveis no mundo espiritual, como decorrência da
vida que levou na Terra...
Ainda aí, vemos uma
forma de dissimular a morte, dando um aspecto festivo aos despojos já
consumidos pelos fenômenos naturais...
...E todos esses
recursos poderiam ser encaminhados para diminuir o sofrimento de
milhões de criaturas enfermas, esfaimadas, excluídas do conjunto
social...
Infelizmente, porém, a
morte é um dos fatores que empurram as pessoas fracas e
despreparadas para os enfrentamentos normais da existência, para a
depressão, para a revolta, para a violência.
Ninguém conseguirá
driblar a morte, por mais que o intente.
* * *
Pensa com frequência e
tranquilidade na tua desencarnação.
Considera que o
momento, por mais distante se te apresente, chegará fatalmente.
Recorda os teus desencarnados com carinho, envolvendo-os em ternura e
orações.
Fala-lhes mentalmente a
respeito da realidade na qual se encontram e de como se devem
comportar, procurando o apoio dos seus Guias e a proteção do Senhor
da Vida.
Morrendo e retornando,
logo depois, Jesus cantou o hino da imortalidade gloriosa que culmina
a Sua trajetória na Terra de maneira insuperável.
Joanna de Ângelis.
Psicografia
de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 25 de maio de
2010, na residência de Josef Jachulak, em Viena, Áustria
Estudo sobre o Temor da Morte no youtube.
https://youtu.be/QA1ZT1vADuU