sexta-feira, 10 de julho de 2015

Extase sexual




Extase sexual

Do livro Forças sexuais da alma.
Jorge Andréa –(FEB)

Capitulo V


ÊXTASE SEXUAL: CHAMAMENTO REENCARNATÓRIO, MATERNIDADE, CONSTRUÇÃO DA ALMA

Pelos conceitos emitidos até o momento podemos aquilatar da importância da energética sexual nos respaldos da própria vida. Energia criativa, por excelência, tem tido por parte da ciência avaliações bastante superficiais. Entretanto, lembramos que Freud percebeu alguns de seus ângulos mais profundos, como, também, alguns de seus desvios; seus estudos atingiram exclusivamente a zona física, não conseguindo penetrar a grande fonte em que a vida se esteia.

Apesar de tudo, mesmo com as avaliações psicológicas mais superficiais que são as mais comuns, ficamos diante de um imenso quadro ainda por ser equacionado e definido. As manifestações sexuais da zona física, ligadas à zona do psiquismo consciente, já nos fornece um manancial bastante expressivo de análises. Se tentarmos traduzir o êxtase sexual, manifestação magnética desenvolvida pelo encontro dos dois polos (masculino e feminino), ficamos reduzidos na avaliação, devido aos ainda limitados campos perceptivos de nossa intelectualidade. Será que o êxtase sexual teria a finalidade de atender aos sentidos e assegurar a reprodução? Será que funcionaria como exclusivo mecanismo de conservação da espécie? Será que a descarga energética propiciada pelo êxtase sexual visaria, com exclusividade, um "bem-estar bioquímico"? Ou será que o êxtase sexual construiria algo mais além da finalidade evolutiva?

Acreditamos que o êxtase sexual, esta grande reação da vida, além de atender a necessidade procriativa, seria um mecanismo de profundas trocas energéticas entre dois seres. As polaridades sexuais necessitam do intercâmbio para complemento mútuo. As forças sexuais da organização física encontram-se ora na posição masculina, ora na feminina, com finalidade de se juntarem pelo desenvolvimento evolutivo. Seriam polos em constante atração um pelo outro, a fim de se construírem energeticamente. Tudo se iria fazendo de modo que, pelas vivências reencarnatórias, tanto o setor masculino quanto o feminino fossem adquirindo independência pela ampliação das aptidões.

O homem no início da sua evolução vive pelos sentidos materiais. A pouco e pouco, as fontes profundas do espírito vão-se deixando mostrar diante das forças sexuais em evidência. Quanto mais evoluídos os seres, mais conscientes do processo espiritual em atividade; isto é, quando o amor se desenvolve com profundidade espiritual, o vórtice do êxtase sexual permitiria uma construção específica, entre o homem e a mulher, onde as suas respectivas fontes seriam locupletadas e abastecidas. Quando o relacionamento entre o homem e a mulher representa apenas um encontro superficial e de simples descargas de energias, o resultado ficará na superfície, na zona física, sem atingir as forças profundas da alma, porque as suas finalidades foram superficiais e sem a construção espiritual que o amor sério e harmônico pode propiciar.

Compreender um mecanismo desse quilate e entender a sua finalidade não será somente consequência de intelectualidade e cultura, mas, possivelmente, o resultado de um processo maturativo alcançado por evolução.

Em "A GRANDE SÍNTESE", no capítulo As vias da evolução humana, informa-nos Pietro Ubaldi: "Os instintos inferiores, as paixões tempestuosas, são o antagonista na grande luta interior. As grandes renúncias — pobreza, castidade, obediência — são os decisivos embates dos quais a animalidade sai desfalecida, mas que, convém lembrar, só poderão ter valor quando se souber ao mesmo tempo reconstruir, substituindo aqueles instintos e paixões por mais altas qualidades: amores, domínios e paixões mais espirituais; de outro modo, o ser perder-se-á no vácuo de uma infrutífera asfixia. Se ao ser se impõe uma morte no nível animalidade, deveis oferecer-lhe um renascimento no nível espiritualidade. As paixões são grandes forças que não deveis tentar destruir, mas utilizá-las e elevá-las, porque na evolução tudo procede por continuidade."
Pelo que hoje conhecemos do mecanismo das energias, das suas atrações e repulsões, das suas emissões e recepções, não podemos deixar de computar o imenso valor construtivo da dinâmica sexual. Claro que estamos a referir os casos harmônicos, ajustados, bem-intencionados e sem desequilíbrios de qualquer natureza, entre dois seres de sexos diferentes. Desse entrosamento grandioso, por ser, por excelência, benéfico e construtivo, haveria muito mais do que uma atração mútua com finalidade de abastecimento. As emissões de energias, que o êxtase sexual oferece, poderiam muito bem ser um campo atrativo para os Espíritos necessitados de reencarnação. Não queremos dizer que os vórtices do êxtase sexual representem uma porta aberta ao mergulho espiritual nas armilas carnais, mas, sim, um campo específico de irradiações, como se fora um foco atrativo a convidar almas afins que estivessem em sintonia com os pais para, dentro de estruturas dinâmicas apropriadas, envolverem-se no complexo fenômeno da reencarnação.

Quando o êxtase sexual não pudesse responder pelo processo reencarnatório, como só acontecer em muitos casos pelo esgotamento procriativo feminino, ou lesões físicas que prejudiquem o processo, buscaria despertar nos cônjuges a abertura de outros campos mentais, de um amor mais purificado pelo degrau alcançado, onde a fraternidade teria lugar de destaque. E aqueles que, por motivos vários não tivessem o encontro sexual físico, mas apresentassem condições espirituais bem desenvolvidas na própria alma, conduziriam essas energias criativas para o bem, para as virtudes, para a educação dos filhos da vida e outros movimentos fraternos, a fim de drenarem os seus potenciais acumulados. As forças do bem desenvolvidas entre os seres representam benesses a enaltecer, continuamente, o amor autêntico que se encontra acima de qualquer exteriorização, porém sustentando os imperecíveis valores que dignificam a vida.
André Luiz, no capítulo sobre sexo, em seu livro "NO MUNDO MAIOR", dá-nos a seguinte referência: "Convictos desta realidade universal, não podemos esquecer que nenhuma exteriorização do instinto sexual na Terra, qualquer que seja a sua forma de expressão, será destruída, senão transmudada no estado de sublimação. As manifestações dos próprios irracionais participam do mesmo impulso ascensional. Nos povos primitivos, a eclosão sexual primava pela posse absoluta. A personalidade integralmente ativa do homem dominava a personalidade totalmente passiva da mulher.
"O trabalho paciente dos milênios transformou, todavia, essas relações. A mulher-mãe e o homem--pai deram acesso a novos sopros de renovação do Espírito. Com bases nas experiências sexuais, a tribo converteu-se na família, a taba metamorfoseou-se no lar, a defesa armada cedeu ao direito, a floresta selvagem transformou-se na lavoura pacífica, a heterogeneidade dos impulsos nas imensas extensões de território abriu campo à comunhão dos ideais na pátria progressista, a barbárie ergueu-se em civilização, os processos rudes da atração transubstanciaram-se nos anseios artísticos que dignificam o ser, o grito elevou-se ao cântico; e, estimulada pela força criadora do sexo, a coletividade humana avança, vagarosamente embora, para o supremo alvo do divino amor. Da espontânea manifestação brutal dos sentidos menos elevados a alma transita para gloriosa iniciação.

"Desejo, posse, simpatia, carinho, devotamente, renúncia, sacrifício, constituem aspectos dessa jornada sublimadora. Por vezes, a criatura demora-se anos, séculos, existências diversas de uma estação a outra. Raras individualidades conseguem manter-se no posto da simpatia, com o equilíbrio indispensável. Muito poucas atravessam a província da posse sem duelos cruéis com os monstros do egoísmo e do ciúme, aos quais se entregam desvairadamente. Reduzido número percorre os departamentos do carinho
sem se algemar, por largo trecho, aos gnomos do exclusivismo. E, às vezes, só após milênios de provas cruciantes e purificadoras, consegue a alma alcançar o zênite luminoso do sacrifício para a suprema libertação, no rumo de novos ciclos de unificação com a Divindade.

"O êxtase do santo foi, um dia, mero impulso, como o diamante lapidado — gota celeste eleita para refletir a claridade divina — viveu na aluvião, ignorado entre seixos brutos. Claro está que, assim como se submete o diamante ao disco do lapidário, para atingir o pedestal da beleza, assim também o instinto sexual, para coroar-se com as glórias do êxtase, há que dobrar-se aos imperativos da responsabilidade, às exigências da disciplina, aos ditames da renúncia."

É pela difusão de energias criativas, onde o manancial sexual de profundidade encontra-se acoplado e fazendo parte de sua estrutura, que o ser tem oportunidade de manifestar o êxtase de doação e de entender o valor construtivo das realizações na esfera do espírito. Doar energias, de modo fraterno, positivo e sem preocupações da oferta, a possibilitar a abertura dos campos da vida numa recepção de vitalidade constante e renovações perenes. Quanto mais oferecermos um trabalho íntegro com doações de amor, nos campos positivos do bem, mais seremos reabastecidos por envolventes energias, tanto mais construtivas quanto mais efetivas forem as doações.
Pela conceituação em pauta, podemos avaliar da importância das atitudes que o ser humano necessita desenvolver para sua construção espiritual. Devemos anotar, também, as respostas negativas em face dos desequilíbrios desenvolvidos. A vida é ordem e harmonia. Viver em desarmonia é semear a desordem e o caos, com as reações-respostas que as ações desencadearam. Enquanto estivermos no charco só veremos turvações e respiraremos os gases resultantes das decomposições; quanto mais buscarmos as fontes cristalinas, mais perceberemos a pureza e a beleza da luz, embora, na luta, o sacrifício possa construir o lírio com toda a sua sutileza, perfume e beleza, cujas raízes encontram-se implantadas na lama. "O cativeiro nos tormentos do sexo não é problema que possa ser solucionado por literatos ou médicos a agir no campo exterior: é questão da alma, que demanda processo individual de cura, e sobre esta só o Espírito resolverá no tribunal da própria consciência. É inegável que todo auxílio externo é valioso e respeitável, mas cumpre-nos reconhecer que os escravos das perturbações do campo sensorial só por si mesmos serão liberados, isto é, pela dilatação do entendimento, pela compreensão dos sofrimentos alheios e das dificuldades próprias, pela aplicação, enfim, do 'amai-vos uns aos outros' assim na doutrinação, como no imo da alma, com as melhores energias do cérebro e com os melhores sentimentos do coração" (André Luiz).

Uma das grandes construções de que o ser pode participar é a do processo procriativo, pela oferta de um corpo ao Espírito necessitado de experiências e realizações. Imaginemos a importância de nossa participação nesse grande movimento da vida e quanto teremos que responder quando agredimos o processo procriativo com a nossa desvairada interferência. O nosso livre-arbítrio, a interferir no processo procriativo, deverá ser sempre equilibrado e amparado pelos motivos ajustados e bem equacionados da ciência.

É o caso de se perguntar: será preferível um Espírito reencarnar num lar pobre com as habituais dificuldades de subsistência, absorvendo nos escolhos e tropeços pela vida forças e hábitos de lutas onde os pais participem com integralidade, ou ficar o Espírito aturdido e acoplado à mãe que lhe fechou os canais, criando, nesta simbiose, neuroses e psicoses de variados matizes? Os Espíritos quando vêm para a reencarnação, na maioria das vezes, muito antes do processo de gestação evidenciar-se, de há muito já estão em sintonia com o cadinho materno.
Sabemos, e temos como certo, que a ciência com os seus métodos se vai aperfeiçoando e haverá, sem sombras de dúvidas, de futuro, uma sociedade mais bem arregimentada. Porém, nas fases transitórias, a fim de que a organização social alcance outros degraus éticos e de moral elevada, haverá distúrbios e desentendimentos, representando a procura do autêntico caminho. Nessas fases, a dor é a bandeira desfraldada a ser colhida por todo aquele que se encontre em dívidas presentes ou pregressas, na tonalidade que tenha a capacidade de suportar e relacionado ao grau de responsabilidade com o qual esteja comprometido.

Com o abuso na aplicação dos anticoncepcionais, a maternidade recebe um forte golpe pelas restrições de mecanismos altamente valorosos para a evolução individual e coletiva. Sem contarmos o aborto delituoso, a constituir crime dos mais graves, com severas respostas espirituais para aqueles que fugiram às suas responsabilidades, o fechamento das portas reencarnatórias, pelo uso indevido dos contraceptivos, contribui para desorientação das energias desencadeadas pelo êxtase sexual.
O contato sexual, desenvolvendo energias imensas entre os cônjuges, de suas muitas finalidades teria o fim precípuo da atração do Espírito reencarnante. Haveria, desse modo, o chamamento para aquele que, sintonizado com os pais, pudesse encontrar o "caminho" na nova mudança dimensional — motivo da realização evolutiva individual e do ciclo familiar.
Se os canais destinados à maternidade são neutralizados e fechados, é claro que haverá distúrbios, principalmente no psiquismo de profundidade, isto é, na zona inconsciente ou espiritual, onde as energias emitidas por essas fontes não encontram correspondência em seu ciclo. Se o Espírito encarnado emite energias para a sua própria matéria, esta também forneceria energias a serem aproveitadas pela zona espiritual após devida metabolização, isto é, após adaptações. Havendo quebra desses mecanismos, por causas diversas (pílulas anticoncepcionais, aborto delituoso), é lógico que um dos fatores mais expressivos da vida entre em colapso, com as consequências daí advindas. As energias em desalinho encravam-se na tecitura espiritual do culpado, refletindo, de futuro, as desarmonias como processo compensatório. Somente a dor, com o chamamento de suas vibrações, teria a possibilidade de limpar os campos doentes do Espírito desencadeados pelas infelizes atitudes dos que transgrediram a Grande Lei. A organização do corpo físico ainda constitui o exaustor ideal para o equilíbrio daquele que se encontra, temporariamente, desarmonizado.

Diante dessa assertiva, devemos compreender a importância e o necessário cuidado avaliativo do setor sexual, e da conduta que devemos manter diante da lógica de um entendimento mais correto possível. Com os nossos atos menos felizes, estribados em opiniões sem critérios e sem sedimento, não enganaremos senão a nós mesmos. As leis são justas e perfeitas. Os homens, ainda ignorantes das grandes finalidades da vida, encontram-se limitados e, apesar de suas avaliações superficiais, unilateralizadas e sem profundidade, desejam traçar rumos e ditar normas como inconcussas verdades a serem seguidas. Leon Denis, um dos grandes vexilários da Doutrina Espírita, afirmava que "o lar abençoado por uma prole é templo dos pais e altar dos filhos, escola em que a humanidade cresce, guindando o ser ao ápice da destinação para a qual evolute: a perfeição".
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O êxtase sexual não pode significar apenas um prazer para os sentidos na faixa da psique de superfície ou zona consciencial. É claro que representa um atrativo, uma necessidade e exigência do movimento glandular da arquitetura física. Os seus campos de influência terão que transcender a dimensão do nosso entendimento na matéria. Vórtices de tal quilate devem alcançar as zonas nobres e desconhecidas do psiquismo de profundidade, onde as delicadas e ainda incompreensíveis organizações da alma se dessedentam. Esses importantes vórtices energéticos, desencadeados pelo contato sexual na zona material, devem atravessar todos os campos do psiquismo à procura de sua zona central, o inconsciente puro (capítulo I). E, nesses momentos inavaliáveis pelos sentidos, inenarráveis pelas emoções, fica o ser procurando o que há de mais nobre no universo onde vive e convive. Fica ansiando, em êxtase, pela Grande Energia, pela Inteligência Máxima, pelo próprio Deus a manifestar seus incalculáveis eflúvios pelas zonas profundas do psiquismo, na energia crística vibrante que carregamos no inconsciente puro.

A utilização ou não do sexo na zona física deve obedecer a condições. Quem não estiver preparado, pela própria evolução, não poderá dispensar ou afugentar o mecanismo sexual da zona física. Quem ainda não tiver suplantado as fases sexuais, nas suas duas polaridades, não terá condições de afastar-se das necessárias realizações na romagem física. Entretanto, a castidade pode ser desenvolvida, pela construção das energias sexuais no bem, quando essas forças da alma estiverem mais maduras para um direcionamento mais bem adequado.

O sexo é organização específica por onde os mecanismos de sublimação podem dar-se e, também, por onde o amor favorece os impulsos que buscam sempre o equilíbrio das emoções. Na ausência de responsabilidade, onde viceja o campo negativo da libertinagem, o amor é desequilíbrio, é animal e puramente selvagem. O sexo só evolui para o bem e a sua maior construção é quando se projeta além da mente de superfície e busca, no comando mais nobre das emoções, as vivências mais avançadas do espírito.
Os que ainda vicejam nas paixões animais, elaborando vícios dos sentidos, encontrarão respostas na patologia sexual, tendo muito a lutar e a caminhar para equilíbrio de suas organizações que, por sua vez, é liberação. Somente na conduta do bem poderá o homem participar da harmonia que busca e anseia.

É no relacionamento sexual equilibrado, sem a busca constante do orgasmo passageiro, cansativo e atordoante, que as almas se refazem, tornam-se autênticas em estado rítmicos de espiritualização. Pelo relacionamento harmônico o ser atenderia ao Espírito reencarnante, como, também, à alma do cônjuge ou participante, sem reflexos de lesões no corpo físico e no perispírito.

As forças sexuais bem dirigidas amparam as criações de ordem física, intelectual, sentimental e espiritual. As forças do sexo, desenvolvidas em todo o seu estuário — da parte física à zona espiritual —, pelas permutas harmônicas renovam os campos do Espírito e oferecem lampejos e impulsos para as grandes construções humanas. Os que se encontram em fases involutivas, cortejando a sensualidade barata na vulgarização dos sentidos, destroem o seu potencial de forças criadoras, aumentando os campos de amoralidade.
As grandes realizações estão sedimentadas na responsabilidade do amor-equilíbrio. As mais expressivas construções na vida artística e literária têm oferecido excelsos exemplos nesse sentido. Dante, sem a inspiração de sua Beatriz, possivelmente não teria elaborado a Divina Comédia. A força criativa do sexo é de tal ordem que pode ser também transferida, em casos específicos, aos campos do martírio e da renúncia com apagamento da personalidade. Nos atos de autêntico heroísmo, em muitas circunstâncias, poderá haver reflexos dessas energias profundas do psiquismo, que somente a integridade de seus eflúvios seria capaz de motivar.

Na ausência de amor, nas baixezas da libertinagem encontram-se os móveis de destruição, inclusive a decadência da grei e dos povos. Os que se perderam através das forças sexuais desequilibrantes incorporarão, nas futuras reencarnações, energias destoantes diversas, onde a frigidez sexual, sem explicações científicas para determinados seres, representa uma resposta; existindo casos, pelas informações espirituais, em que o parceiro de outrora está quase sempre presente como cônjuge necessitado e exigente.
Nos dias presentes, de evidentes reajustes cármicos, os reflexos destoantes na organização sexual, como reações-respostas da Lei, são gritantes. O número de homens e mulheres que estão demonstrando essas reações, na frigidez sexual sem causas orgânicas apreciáveis, é bem maior do que se possa aquilatar. O cônjuge, tanto masculino quanto feminino, não tendo condições de entendimento com a frigidez sexual do parceiro, inquieta-se e desorganiza-se em face dos sentidos, pelas vorazes forças instintivas sempre a solicitar o que não lhe pode ser dado. Em vista desses graves desajustes, somente o conhecimento da posição cármica, pela análise e devida avaliação, propiciará, para o casal em desajuste, um caminho adequado num processo terapêutico de equilíbrio.

Quase sempre o abrir das comportas instintivas, sem medidas e mesmo cultivando distonias, constitui grave erro para aquele que devia preservar o patrimônio das suas forças criativas. Com seus desequilíbrios arrastam o parceiro, prejudicando e atingindo os componentes sexuais que se encontram relacionados com toda a estrutura de ligação com o casal.

Por tudo, compreendemos a necessidade de utilização das vibrações sexuais (com ou sem utilização direta dos órgãos sexuais), com equilíbrio e disciplina, para que haja reservas energéticas imensamente benéficas ao metabolismo psíquico. É bem oportuna a referência de um amigo espiritual: "A castidade funciona como depósito de reservas energéticas, castidade que não pode ser considerada somente como a falta de exercício sexual, mas como método e disciplina. Castidade que não é ausência; castidade que é apenas equilíbrio. Porque, na permuta das emoções, as almas também se completam, os corpos se renovam; porque não somente o processo físico, mas também a dissociação energética que se interpenetra nos homens, nos seres, produz essa dissociação, o intercâmbio mantenedor da própria vida. Na atualidade espiritualista, na impossibilidade de convocar o homem a uma disciplina que seria a ideal, é mister convocá-lo aos exercícios mentais, para que, por intermédio deles, possa ele manter a linha direcional de sua mente, voltada para os deveres espirituais e complementada pela função equilibrada." Assim, situemos o sexo na arquitetura do psiquismo como um dos pilares criativos da vida.
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Por essa maneira de ver, avaliemos a importância do contingente dinâmico sexual no processo evolutivo dos seres. Podemos, também, aquilatar por que Freud percebeu essas forças, embora só as correlacionasse na zona mais periférica ou do corpo físico. Os seus estudos estavam afeitos à zona material e, como tal, não pôde dar o grande mergulho na essência do espírito e sentir as forças supersexuais que carregamos. Jung, que deu mais importância ao inconsciente no sentido de defini-lo em "proporções coletivas", ofereceu uma psicologia de maior profundidade, traduzindo essas forças sexuais na dualidade: animus x anima. Os estudos desse investigador teriam maior alcance e seriam mais bem compreendidos se na sua psicologia fosse incluído o mecanismo palingenético, mecanismo que proporcionaria a simplificação de muitos de seus conceitos.

Gostaríamos de lembrar que as forças PSI-sexuais, em seus pontos mais centrais do psiquismo, em plena zona espiritual, sendo impessoais e de totalidade, não apresentam as múltiplas variações com que se refletem na periferia corpórea. E um dos fatores dessa diversificação de apresentação, que mais influência determina na exteriorização do próprio sexo (masculino ou feminino), seria o arcabouço psicológico de cada ser. Sabemos das inúmeras variações, que vão ao infinito, dos indivíduos, embora possamos arregimentá-los, segundo o seu desenvolvimento espiritual, em infranormais, normais e supranormais. Se a estes tipos acrescentarmos fatores de introversão e extroversão, próprios do pensamento junguista e como os mais expressivos no biótipo psicológico, esbarraremos numa extensa variedade de apresentação sexual no corpo físico, mesmo obedecendo à influência direta da faixa PSI-sexual (gravura 6) de sua própria necessidade. Consideremos, ainda, as etapas da vida (infância, adolescência, idade adulta e velhice), os fatores do meio ligados à alimentação, às influências barométricas, educação intelectual e sentimental, realmente, chegaremos à conclusão de um difícil enquadramento, onde cada indivíduo terá o seu próprio aspecto, por apresentar, também, sua própria condição evolutiva.

A potencialidade bissexual que possuímos na intimidade da alma, quando em canalização normal, na periferia consciencial, traduz a sua tendência e grau na adequada e necessária faixa física. Entretanto, podemos computar variações de acordo com a idade do indivíduo, cuja personalidade pode modificar, em parte, as tendências internas sem que isto represente variações apreciáveis. É o caso de certas pessoas, em idade avançada, que apresentam rasgos emotivos com decisões mais apropriadas ao sexo oposto. Por isso, o homem velho pode apresentar-se mais delicado, sentimental e mais submisso; acontecendo o contrário com a mulher idosa que pode refletir um pouco dos ímpetos e arrogâncias do sexo masculino.

Além dessas apresentações das energias sexuais, absolutamente normais, sofrendo pequenas variações de escoamento na zona consciente, existiriam outras oscilações também consideradas normais, onde o indivíduo revelará, pelas atitudes emocionais, acúmulo de tendências opostas reprimidas. Estas últimas variações são perfeitamente percebidas na escolha entre cônjuges em que, na maioria das vezes, a atração entre ambos está ligada a uma desconhecida imposição; é como se houvesse entre os dois sexos a necessidade de uma complementação emocional. Cremos que as ligações sexuais entre cônjuges seriam mais pulsões psíquicas de atração (simpatia, entendimento íntimo), como uma necessidade de complemento construtivo, onde outras faixas de vibrações da vida entrariam em jogo.

Diante dessa conceituação, podemos dizer que a energética sexual na fonte interna ou espiritual seria unificada por uma totalização integral, na periferia a variação seria imensa nas suas personificações. O escoamento periférico dessas energias variaria em face da tela consciente de manifestação relacionada diretamente ao tipo psicológico. Qualquer que seja a posição individual evolutiva (infranormais, normais e supranormais), nos tipos introvertidos a drenagem dessas energias seria maior do que nos extrovertidos. Sabemos que o introvertido contém-se em face do objeto, solicita maior teor emocional, enquanto que o extrovertido logo se identifica com o objeto, não necessitando de maior carga emocional das correntes PSI-sexuais em deságue. Esse mecanismo está bem compreendido na conhecida lei de dualidade ou dos contrários, onde haverá sempre necessidade de equilíbrio entre os polos do manancial energético. Os indivíduos em suas próprias apresentações estarão, quanto às energias sexuais, ora mais na profundidade, ora em plena periferia consciencial. Alguns não conseguem sentir o manancial interno como um deságue natural de energias que busca a tela consciente; por isso, situam-se superficialmente, vivenciando as condições que os sentidos corpóreos solicitam. São indivíduos que vivem mais o sexo fisiológico, sem o cultivo emocional de complemento; vivem exclusivamente para os solicitantes instintos. Claro que, também, existem os casos intermediários em que o indivíduo já sente a necessidade de ampliar a faixa energética sexual para além de uma função física.

Os que se encontram mais nos campos da profundidade espiritual, por terem suplantado as vivências periféricas, são os mais evoluídos, os que já sublimaram o sexo periferia. Diferem muito dos que vivem exclusivamente na periferia (a maioria da humanidade), ainda sem as condições evolutivas de sublimação e suplantação por maturação. Para os dois tipos humanos, os de profundidade e os de superfície, a força criativa da vida, envolvendo fortes conteúdos de sexualidade, manifesta-se na faixa evolutiva em que se encontra o indivíduo.

Na força criativa sexual de profundidade estaria um Francisco de Assis esparzindo amor universal e, na periferia, um D. Juan no amor carnal egoísta.

Na profundidade espiritual estaria um Ghandi oferecendo-se em holocausto pela liberdade do homem; na periferia, um Napoleão marchando com seus soldados em busca da conquista egoísta de um império.

Nas profundezas do inconsciente, como vivência, estaria Atenas no século de Péricles a fornecer os pensamentos mais expressivos da Filosofia, e na periferia consciencial estaria Esparta, com sua rígida disciplina, a buscar o desenvolvimento dos músculos e a demonstração da força física dos homens.



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REFERÊNCIAS
André Luiz — "No Mundo Maior". Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Editora FEB, 2ª edição, 1951, Rio de Janeiro.
Andréa, Jorge — "Palingênese, a Grande Lei". Editora Caminho da Libertação. 2ª edição, -980, Rio de Janeiro.
Ubaldi, Pietro — "A Grande Síntese". Trad. Mário Corbioli. Editora Lake. 2ª edição, 1951, São Paulo.



Assim seja.




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