A NOSSA IDADE
Eu estava relendo um capítulo do livro “Evolução em 2 Mundos”,
de autoria do Espírito André Luiz, na psicografia de Chico Xavier e
Waldo Vieira, justamente no capítulo onde ele explica que cada
espírito é uma individualidade e que para atingir o reino hominal,
necessita transitar pelos reinos mineral, vegetal, animal e hominal, e
mais o que nos ensinam os Espíritos da Codificação, nas questões
540 e 607 do Livro dos Espíritos:
540
“...Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre--arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam.
Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material.
Depois, poderão dirigir as do mundo moral. é assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo.
Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!”
607
607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais
humanidade.”
a) Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que tudo na Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a
pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. é, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram?
Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”
b) Esse período de humanização principia na Terra?
“A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana.
O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde o seu início
humano, esteja apto a viver na Terra. Não é frequente o caso; constitui antes uma exceção.”
608. O Espírito do homem tem, após a morte, consciência de suas existências
anteriores ao período de humanidade?
“Não, pois não é desse período que começa a sua vida de Espírito.
Difícil é mesmo que se lembre de suas primeiras existências humanas, como difícil é que o homem se lembre dos primeiros tempos de sua infância e ainda menos do tempo que passou no seio materno. Essa a razão por que os Espíritos dizem que não sabem como começaram.”
609. Uma vez no período da humanidade, conserva o Espírito traços do que era precedentemente, quer dizer: do estado em que se achava no período a que se poderia chamar anti-humano?
“Conforme a distância que medeie entre os dois períodos e o progresso realizado. Durante algumas gerações, pode ele conservar vestígios mais ou menos pronunciados do estado primitivo, porquanto nada se opera na Natureza por brusca transição.
Há sempre anéis que ligam as extremidades da cadeia dos seres e dos acontecimentos. Aqueles vestígios, porém, se apagam com o desenvolvimento do livre-arbítrio. Os primeiros progressos só muito lentamente se efetuam, porque ainda não têm a secundá--los a vontade. vão em progressão mais rápida, à medida que o Espírito adquire mais perfeita consciência de si mesmo.”
610. Ter-se-ão enganado os Espíritos que disseram constituir o homem um ser à parte na ordem da criação?
“Não, mas a questão não fora desenvolvida. Ademais, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem
de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo.”
Feitas estas observações que muito nos dão o que meditar, podemos
agora imaginar, apenas para argumentar como estamos no relativo,
que resposta daria, por exemplo o homem comum, que não se
aprofunda demais na parte filosófica, se perguntado
Qual a sua idade ?
Provavelmente, se nasceu no ano 2000 e está em 2022, dirá que tem
22 anos.
Mas, lembremos que o código civil vigente no Brasil, determina:
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Sim, desde a concepção… então isto poderia dizer que a legislação
não ignora completamente o tempo de gestação que o indivíduo
experimentou.
Assim, um outro indivíduo mais atento, poderia, sem receio de errar,
afirmar que tem 20 anos + 9 meses e baseado na proteção da
legislação.
E se fizermos a mesma pergunta a um profitente da Doutrina
Espírita ? Qual seria a resposta ?
Acaso seja ele iniciante na Doutrina poderá responder como o
cidadão comum, conforme acima, mas sendo ele um dos que leram e
aceitam a afirmação de André Luiz, em “Evolução em 2 Mundos”,
provavelmente deverá responder que está utilizando um avatar, mais
um dos muitos que a individualidade utiliza nesta aventura por este
labirinto da criação, no qual se atirou e busca, instintivamente, a
saída. Ele sabe, algo lhe diz que há um lugar melhor, do qual sente
saudade. Ele ouve falar na parábola do Filho Pródigo, não entende
muito disso, mas provavelmente, nas sessões públicas do Centro
Espírita, já ouviu falar sobre o que o Espírito Lammenais comenta
na pergunta 1009 do Livro dos Espíritos, comentando à pergunta
feita :
1009. Assim, as penas impostas jamais o são por toda eternidade ?
Eis o comentário de Lammenais, eu ressaltei um trecho:
“Aplicai-vos, por todos os meios ao vosso alcance, em combater, em aniquilar a ideia da eternidade das penas, ideia blasfematória da justiça e da bondade de Deus, gérmen fecundo da incredulidade, do materialismo e da indiferença que invadiram as massas
humanas, desde que as inteligências começaram a desenvolver-se.
O Espírito, prestes a esclarecer-se, ou mesmo apenas desbastado, logo lhe apreendeu a monstruosa injustiça. Sua razão a repele e, então, raro é que não englobe no mesmo repúdio a pena que o revolta e o Deus a quem a atribui. Daí os males sem conta que
hão desabado sobre vós e aos quais vimos trazer remédio. Tanto mais fácil será a tarefa que vos apontamos, quanto é certo que todas as autoridades em quem se apoiam os defensores de tal crença evitaram todas pronunciar-se formalmente a respeito. Nem os concílios, nem os Pais da Igreja resolveram essa grave questão.
muito embora, segundo os evangelistas e tomadas ao pé da letra as palavras emblemáticas do Cristo, Ele tenha ameaçado os culpados com um fogo que se não extingue, com um fogo eterno, absolutamente nada se encontra nas suas palavras capaz de provar que os haja condenado eternamente.
Pobres ovelhas desgarradas, aprendei a ver aproximar-se de vós o bom Pastor, que, longe de vos banir para todo o sempre de sua presença, vem pessoalmente ao vosso encontro, para vos reconduzir ao aprisco. filhos pródigos, deixai o vosso voluntário exílio; encaminhai vossos passos para a morada paterna. O Pai vos estende os braços e está sempre pronto a festejar o vosso regresso ao seio da família.”
Lamennais
Do site do Ibbis
“A parábola do Filho Pródigo é a nossa própria história em sua faceta de involução ou queda, e de ascensão ou evolução:
"Filhos pródigos, abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna: o pai vos estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno à família". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários de Lammenais, Pergunta 1009). (Os grifos são nossos).
"Nosso pai é justo e bom. Todos somos filhos pródigos; voltemos à casa paterna".
(J. B. Roustaing, Os Quatro Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 14, p. 168).”
No livro Evolução em 2 Mundos, André Luiz, ensinando no capítulo
6 – Evolução e Sexo, informa:
“GENEALOGIA DO ESPÍRITO — Os naturalistas situados no chão do
mundo, desde os sacerdotes egípcios, que estudavam a origem da vida
planetária em conchas fósseis, até os mais eminentes biólogos modernos,
atreitos à unilateralidade de observação, compreensivelmente não conseguirão
suprir as lacunas existentes no quadro da evolução, não obstante Cuvier, com
a Anatomia Comparada, tenha traçado forma básica à sistemática da
Paleontologia.
Em verdade, porém, para não cairmos nas recapitulações Incessantes, em
torno de apreciações e conclusões que a ciência do mundo tem repetido à
saciedade, acrescentaremos simplesmente que as leis da reprodução animal,
orientadas pelos Instrutores Divinos, desde o casulo ferruginoso do leptótrix,
através da retração e expansão da energia nas ocorrências do nascimento e
morte da forma, recapitulam ainda hoje, na organização de qualquer veículo
humano, na fase embriogênica, a evolução tilogenética de todo o reino animal,
demonstrando que além da ciência que estuda a gênese das formas, há
também uma genealogia do espírito.
Com a Supervisão Celeste, o princípio inteligente gastou, desde os vírus e
as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos
quinze milhões de séculos, a fim de que pudesse, como ser pensante, embora
em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pensamento
contínuo para os Espaços Cósmicos.
Pedro Leopoldo, 2/2/58. “
E, meus irmãos, não pára aí, não podemos desprezar a leitura do
capítulo 10 deste mesmo livro, onde André Luiz nos ensina sobre o
mecanismo da palavra, sobre as intervenções espirituais, sobre a
razão e o nascimento da responsabilidade.
Então, apenas para concluir, ainda que provisóriamente, porque há
outras considerações a fazer, a Doutrina Espírita tem como um dos
seus pilares, a REENCARNAÇÃO, ou seja, uma individualidade
que transita pelo universo utilizando muitos corpos, vivenciando
incontáveis personalidades, enquanto se elabora e se reorganiza para
o retorno ao Reino de Deus, e, antes disso, ela vai se modificando,
vestindo várias túnicas, mas não se imagine que ainda que esteja no
Reino de Deus, a individualidade se esvaia no todo… “Eu e o Pai
somos um” - João, 10:30
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