domingo, 14 de março de 2021

1936 Primeira Visita de Chico Xavier ao Grupo Ismael

 

Primeira Visita de Chico Xavier

ao Grupo Ismael


Foi a 7 de junho de 1936 que o médium Francisco Cândido Xavier veio, pela primeira vez, ao Rio de Janeiro, a serviço da Repartição de Pedro Leopoldo, onde trabalhava.


Aqui chegando, foi recebido por Manuel Quintão, que o levou a ver as belezas naturais da terra carioca, o mar principalmente, que o médium sempre sonhara em ver, frente a frente.

Solucionados os problemas da Repartição, e após outros passeios pela cidade maravilhosa e visitas a pessoas de suas relações, Chico Xavier compareceu, na quarta-feira, ao Grupo Ismael, célula-máter da FEB.


Antes, porém, o Diário da Noite descobre que o médium se achava hospedado na casa do Quintão. O repórter do conhecido jornal carioca invade o “esconderijo” e obtém, após séria resistência, uma reportagem com o médium, boa no todo, apesar de algumas omissões e cincas do repórter. Fez o mesmo, a seguir, o jornal Pátria.


À noite, no Grupo Ismael, Chico Xavier psicografou sucessivamente sonetos de Cruz e Souza, Auta de Souza e Hermes Fontes, bem como excelente página doutrinária, em prosa, do Espírito Bittencourt Sampaio.


Na quinta-feira, em casa de Quintão, onde Chico Xavier já havia recebido espontaneamente a significativa crônica – “A Casa de Ismael”, do Espírito Humberto de Campos, escrito que na ocasião foi estampado nos jornais acima citados e que se acha publicado no livro Crônicas de Além-Túmulo –, realizou-se uma sessão íntima, na qual, por intermédio

do jovem de Pedro Leopoldo, uma filha de Quintão, desencarnada, se identificou nos mais mínimos detalhes, só conhecidos dos membros da família, trazendo a todos a inabalável certeza de sua presença.


Sexta-feira, Chico Xavier passou o dia a passear e a visitar alguns confrades, e, à noite, participou da reunião pública da Federação Espírita Brasileira, em sua sede à Avenida Passos.

Perante um milhar de assistentes, o médium recebeu o soneto

Templo da paz”, do Espírito João de Deus, e, logo a seguir, a magistral mensagem de Emmanuel intitulada – “Pela Revivescência do Cristianismo”, incluída, posteriormente, no livro – Emmanuel.

No dia imediato, Chico Xavier se despedia, na antiga gare Pedro II, dos diretores da Federação, levando os abraços e os votos de felicidades da família espírita carioca.

Em complemento a essa súmula recordativa da primeira visita de Francisco Cândido Xavier ao Rio de Janeiro, inserimos, em seguida, a mensagem de Bittencourt Sampaio, a que acima nos referimos [...]:


Meus amigos.

Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade. Meu coração se afoga subitamente no pranto, lembrando-me de que todos nos poderíamos encontrar no divino banquete. O mundo, porém, atraiu grande parte dos nossos companheiros com as seduções de seus

efêmeros prazeres. Entretanto, os baluartes do templo de Ismael permanecem inabaláveis, edificados na rocha das grandes e consoladoras verdades do Evangelho de Jesus.

Minha voz, amigos, é hoje mais familiar e mais íntima. Substituindo, no momento, aquele cuja tarefa vem sendo penosamente cumprida, está o nosso irmão Xavier, para vos transmitir a minha palavra de companheiro e de amigo. Não me dirijo a vós senão para vos falar ao coração,

muitas vezes despedaçado, ao longo do caminho, pelas perfídias atrozes de todos aqueles que concentram suas energias no ataque ao instituto do Bem, à palavra do Evangelho e ao estatuto da Verdade.

Mas, filhos, se o espaço que vos é vizinho está cheio de organizações poderosas do mal, objetivando a destruição da obra comum, há uma esfera divina, de onde partem os alvitres valiosos, a inspiração providencial, para quantos aqui mourejam com o propósito de bem servirem à

causa da luz e da verdade.


Não necessito alongar-me em considerações sobre a grande e sublime tarefa do Brasil, como orientador, no seio dos povos, da revivescência do Cristianismo, restabelecendo-lhe as verdades fecundas, nem preciso encarecer a magnitude da obra do Evangelho, problemas esses de elevado interesse espiritual para as vossas coletividades e cuja solução já procurei indicar, trazendo-vos, espontaneamente, a minha palavra humilde de miserável servo de Jesus.


Agora, amigos, cabe-me solicitar a vossa atenção para a continuidade do nosso programa, traçado há mais de cinquenta anos.


A Federação não pode prescindir da célula primordial do seu organismo, representada pelo Santuário de Ismael, onde cada um afina a sua mente para a tarefa do sacrifício e da abnegação, em prol da causa da Verdade, nem pode desviar-se do seu roteiro, delineado dentro do Evangelho, com o objetivo da formação da mentalidade essencialmente cristã.

Todas as questões científicas, no seio da doutrina, repetimo-lo, têm caráter secundário, servindo apenas de acessórios na expansão das realidades espiritualistas.


Na atualidade, mais do que tudo, necessita-se da formação dos espíritas, da disciplina cristã, da compreensão dos deveres individuais, ante as excelências da doutrina, a fim de que se possam atacar os grandes cometimentos.



Firmai-vos na orientação que vindes observando, sem embargo das ideologias ocas que vos espreitam no caminho das experiências penosas.


Somente dentro das características morais e religiosas pode o Espiritismo cooperar na evolução da Humanidade.


As criaturas humanas se envenenaram com o excesso de investigações e de empreendimentos científicos, para os quais não prepararam seus corações e seus espíritos.


Derivativo lógico dessa ânsia mal dirigida de conhecer a verdade é o estado atual de confusionismo, em que

se debatem todos os setores das atividades terrenas, no campo social e político. Não que condenemos a curiosidade, porquanto ela representa os pródromos de todos os conhecimentos; mas, é que acima de tudo se faz necessário o método e a legitimidade da compreensão individual e

coletiva.


Preparai-vos, portanto, preparando simultaneamente os vossos irmãos em Humanidade, dentro do ensinamento cristão, e amanhã compreendereis, se não puderdes entender ainda hoje, a sublimidade da nossa tarefa comum e a grandeza dos seus objetivos.

Que Maria derrame sobre os vossos Espíritos a sua bênção e que o divino Mestre agasalhe sob o manto acolhedor da sua misericórdia todas as esperanças e anseios de vossos corações.

F. L. Bittencourt Sampaio”

(Fonte: Reformador, ano 85, n. 7, p. 21(161)-22(162), jul. 1967. Transcrito de Reformador, ano 126, n. 2.156, p. 16(414)-17(415), nov. 2008).

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