quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Ninguém pode ao mesmo tempo servir a dois senhores




DO LIVRO ELUCIDAÇÕES EVANGÉLICAS   ( Antônio Luiz Sayão )

34
MATEUS, 6º, 24 ao 34. -
LUCAS, 16º, 13 ao 15; e 12º, 22 ao 31.

Servir a Deus e não a Mamom.

- Nada de preocupação exclusiva com as coisas materiais.
- Confiar em Deus, procurando os caminhos que levam a Ele.


MATEUS: capítulo 6º, versículo:

- 24. Ninguém pode servir a dois senhores, porque, ou odiará
        a um e amará o outro, ou se submeterá a um e desprezará
        o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom .

25. Eis por que vos digo: não vos inquieteis pelo que comereis
         para sustento da vossa vida, nem com que vestireis o 
         vosso corpo. A vida não é muito mais do que o alimento,
         e o corpo muito mais do que as roupas?

26. Vede as aves do céu: não semeiam, não ceifam, não
    enchem celeiros e entretanto vosso Pai celestial as alimenta. 
    Não sois muito mais do que elas?

27. E qual de vós pode, pelo seu engenho, acrescentar
         um côvado à sua    estatura?

28. E com as vestes, por que vos inquietais? Considerai como
         crescem os lírios do campo: não trabalham, nem fiam.

29. E eu vos digo que, no entanto, nem Salomão, em toda a
         sua glória, jamais vestiu como um deles.

30. Se, pois, Deus cuida de vestir assim o feno dos campos 
         que hoje existe e amanhã será lançado ao forno, 
         quanto mais a vós, homens de pouca fé!

31. Não vos inquieteis, pois, dizendo: que comeremos? 
         ou: que beberemos? ou como nos vestiremos?

32. À semelhança dos gentios que se azafamam por essas
         coisas, porquanto vosso Pai sabe que delas precisais.

33. Procurai primeiramente o reino de Deus e sua justiça
         e todas aquelas coisas vos serão dadas de acréscimo.

34. Assim, não vos inquieteis pelo dia de amanhã, pois 
        o dia de amanhã cuidará de si mesmo. 
        Basta a cada dia a sua própria aflição.


LUCAS:

capítulo 16º, versículo:

- 13. Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou
        odiará a um e amará a outro, ou se dedicará a um 
        e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon.

- 14. Os fariseus, que eram avarentos, ouvindo-lhe todas estas
        coisas, zombavam dele.

- 15. Jesus lhes disse: Pondes grande cuidado em parecer justos
        aos homens; mas Deus conhece os vossos corações;
        pois, o que é elevado aos olhos dos homens é abominação
        aos olhos de Deus.

LUCAS: capítulo 12º, versículo:

- 22. E disse a seus discípulos: Portanto, eu vos digo: não vos
        inquieteis pela vossa vida, cuidando do que comereis, nem 
        pelo vosso corpo, procurando com o que o cubrais.

- 23. A vida é mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa.

- 24. Considerai os corvos: não semeiam, nem ceifam, não têm
        despensa nem celeiro e Deus os sustenta. Não valeis mais
        do que eles?

- 25. Mas, qual de vós o que, pelo seu engenho,possa aumentar
        um côvado à sua estatura?

- 26. Se as menores coisas estão acima do vosso poder, por que vos
        haveis de inquietar pelas outras?

- 27. Vede como crescem os lírios; não trabalham, nem fiam, 
         e, entretanto, eu vos digo que nem mesmo Salomão,
         em toda a sua glória, jamais vestiu    como qualquer deles.

- 28. Ora, se Deus veste dessa maneira o feno que hoje está
        no campo e amanhã será lançado no forno, quanto mais
        a vós, homens de pouquíssima fé!

- 29. Não vos atribuleis, pois, pelo que haveis de comer ou 
        de beber; não fique em suspenso o vosso Espírito.

- 30. As gentes do mundo são que procuram todas essas 
        coisas; vosso Pai sabe que delas tendes necessidade.

31. Procurai, portanto, primeiramente, o reino de Deus 
         e a sua justiça e todas aquelas coisas vos serão dadas
         de acréscimo. (38)


A missão de Jesus, como ainda há pouco dizíamos, tinha por principal escopo libertar os homens do jugo, da escravidão da matéria e convencê-los de que o objetivo que devem colimar, o fim que acima de todas as coisas devem propor aos seus esforços é a conquista da vida eterna, isto é, a vida de puro Espírito, do Espírito que, havendo completado o ciclo das provas que se lhe tornaram necessárias ao progresso moral, chega ao supremo grau de pureza, o que lhe faculta a compreensão de Deus e o gozo eterno da vida espiritual livre, que o leva a aproximar-se cada vez mais do centro da onipotência, sem, todavia, igualar-se jamais à Divindade.

Predicando a homens grosseiros, de naturezas rebeldes, de almas endurecidas, tinha Ele, como também já dissemos, que lhes dirigir fortes e enérgicas reprimendas, para conseguir tocá-los um pouco, impressionando-lhes a imaginação.

Tendo-se em conta essas circunstâncias e considerando-se que as suas palavras devem ser interpretadas sempre segundo o espírito e não segundo a letra, facilmente se percebe que, ao proferir as que constam nos versículos acima, não pretendeu o divino Mestre aconselhar ao homem que, para satisfação de todas as necessidades da sua existência, se entregue exclusivamente aos cuidados do seu Criador;
que deixe de cumprir a sua tarefa;

que se despreocupe de toda previdência, negligenciando em precatar-se para os dias da senectude e da invalidez.

Jamais poderia Ele pensar em dar semelhante conselho, quando é certo que do conjunto de seus ensinos decorre para a criatura humana o dever de ajuntar no seu celeiro, enquanto se ache no vigor da idade, os grãos que lhe assegurem o pão da velhice. Apenas, o que é mister é que faça isso lealmente, com integridade diante do Senhor, sem desperdiçar qualquer parcela, porque lhe cabe ajudar seus irmãos desvalidos ou inválidos, que não puderam colher mais do que algumas espigas para seu sustento diário.

Portanto, trabalhar segundo as nossas forças e meios, pensando sempre nos que não o podem fazer, ou já não podem mais, e cuidando de auxiliá-los quanto nos seja possível, eis como cumpre procedamos, certos de que Deus abençoa os corações puros e as boas intenções.

Ninguém pode servir a Deus e a Mamon.

Mamon era uma divindade que os antigos sírios adoravam, um ídolo de prata ou de ouro, que mais ou menos correspondia ao Júpiter dos latinos e representava as paixões humanas, com seu cortejo de vícios, o que explica o pensamento de Jesus, quando disse:

Ninguém pode ao mesmo tempo servir a dois senhores.

De fato, não podemos viver a vida que Deus quer que vivamos, cedendo simultaneamente aos desvarios da vida mundana.

O mundo, em regra, considera coisas elevadas e dignas do maior apreço, únicas cobiçáveis, a riqueza e a glória, por serem as que satisfazem ao cego orgulho do homem, enquanto que o Senhor ama os de espírito humilde, aos simples e mansos de coração.

A criatura deve aguardar que pela vontade do seu Criador se lhe desenvolvam os predicados com que haja de brilhar aos olhos de seus irmãos,
mas deve esperar em atividade, no trabalho, que Deus sempre abençoa, e não na inércia, na ociosidade, na despreocupação com que a açucena dos campos espera, no seio da Terra, que de suas brilhantes vestes Ele a cubra.

Proceder de modo contrário é pretender que Jesus tenha encomiado a preguiça, a negligência, é fazer de suas palavras um pretexto para a incúria, para o fatalismo.

Não vos inquieteis pelo dia de amanhã. Quer isto dizer que, vivendo segundo os desígnios de Deus e trabalhando, como lhe cumpre, para a sua subsistência, deve o homem estar sempre confiante de que a tudo mais, como for de justiça e conforme às suas necessidades espirituais, o Pai proverá.

Quer dizer também que, embora sem ser menos previdente do que certos animais, não deve ele mostrar-se ambicioso, nem concentrar na acumulação de riquezas todos os seus pensamentos e desejos.

Quer, ainda, dizer que, se apesar da sua aplicação ao trabalho, vier o homem a achar-se na penúria, deve confiar-se ao Senhor, que, sabendo o que convém a cada uma de suas criaturas, se permite que em tal situação ele se encontre, é porque ela representa a prova necessária a lhe depurar o Espírito e a torná-lo digno do seu Criador.

Cônscios, que devemos estar, de que, por nós mesmos, nem as mínimas coisas somos capazes de fazer, como poderemos alimentar a pretensão de mudar a face dos acontecimentos, que todos decorrem da onisciente ação divina?

Em todas as circunstâncias, pois, o que nos cabe é conformar-nos, certos de que tudo obedece à vontade de Deus, que só ao nosso bem visa.
Não nos preocupemos com os cuidados e aflições que hajam de vir.

Entreguemo-nos confiantes à misericórdia do Senhor, que não deixará de chamar os obreiros diligentes para, no devido tempo, gozarem do fruto de seus labores.

Coragem, portanto, coragem, que esse tempo chegará.

Quando houvermos transposto a barreira que nos detém os passos, volveremos à nossa verdadeira pátria e de lá apreciaremos os progressos da Humanidade, e cumprida integralmente estará a revelação do Cristo.


(38) Gênese, 18º, 21.
- Êxodo, 3º, 8
- 1º Reis, 16º, 7.
- Job, 38º, 41.
- Salmos, 54º, 23; 146º, 9.
- JOÃO, 2º, 15.
- 1ª Epístola à Timóteo, 6º, 19.
- Aos Filipenses, 4º, 6.
- 1ª de Pedro, 5º, 7.
- Epístola aos Gálatas, 1º, 10.

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