domingo, 5 de outubro de 2025

REVETERE AD LOCUM TUUM

 

 E aqui no Rio, quem passar pela Rua General Polidoro, na altura do nº 245, vai visualizar a entrada do Cemitério de São João Baptista, que foi oficialmente inaugurado em 4 de dezembro de 1852. 

 

O título acima está em latim, e inscrito no portão principal do Cemitério, a frase: "REVERTE AD LOCUM TUUM".

Traduzido para o português, significa algo como Retornou ao teu lugar. 

Como assim ? por acaso nosso lugar, antes do nascimento era no Cemitério ? 

- É certo que que a resposta é não. é nossa obrigação  respeitar as crenças das pessoas, a diversidade de entendimentos.

Nada é por acaso, muito se fala, as pessoas aumentam, outras deturpam, a verdade absoluta está longe de nosso conhecimento em praticamente todos os assuntos que interessam ao homem civilizado.

 

Oportuno lembremos  de Gênesis 3:19

" Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão,
até que volte à terra, visto que dela foi tirado;
porque você é pó, e ao pó voltará".  

E em Gênesis 2:7
"Então o SENHOR modelou o ser humano do pó da terra, feito argila, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente." 

Em Eclesiastes 12
6 Sim, com certeza, lembra-te de Deus, antes que se rompa o cordão de prata, ou se quebre a taça de ouro; antes que o cântaro se despedace junto à fonte, a roda se quebre junto ao poço;

 7 o pó retorne à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o concedeu. 

8 “Que absurdo! Que futilidade! Tudo é ilusão, vaidade!” exclama Cohéllet, o sábio. E finaliza: “Nada faz sentido! Tudo é inútil!” 

 Então, está claro que a frase latina faz referência à uma origem do homem, no pó, ou seja,  na natureza.   É uma informação errada ? 

Um estudioso da doutrina espírita, à luz dos ensinamentos dos Espíritos da Codificação, ao visualizar esta frase  certamente vai se aprofundar um pouco mais. 

 

André Luiz, na psicografia de Francisco Candido Xavier e de Valdo Vieira, nos trouxe muitas informações sobre o início da vida no planeta, inclusive informando que a reprodução se baseou no princípio da bactéria leptótrix, ao perder a carapaça. Estas informações estão no livro "Evolução em 2 Mundos".

Ocorre que a doutrina espírita se fundamenta, também no princípio da reencarnação, ou seja, considera que o Espírito constitui uma individualidade perfectível, que vai evoluindo seja no plano extrafísico ou no plano físico, quando está ocupando um corpo físico, quero dizer, na condição de  "Encarnado" .

Enquanto está "encarnado", diz-se que o corpo é ocupado pela "alma" e quando esta alma se desliga do corpo físico, pela falência deste, ele volta à condição anterior, um Espírito Errante.  Diz-se "errante" enquanto está entre uma encarnação e outra. Apenas uma denominação necessária, porque há Espíritos que não mais necessitam reencarnar. 

LIVRO DOS ESPÍRITOS 

QUESTÕES 84 A 87

 

Dentre os muitos tópicos a se estudar sobre a importância da Codificação Espírita, podemos citar o ensinamento que nos trouxeram nas questões 84 a 87,  onde nos esclarecem que O mundo dos Espíritos  constitui um mundo à parte daquele que vemos - é o Mundo dos Espíritos ou das Inteligências incorpóreas", que preexite e sobrevive  a tudo, que o mundo material poderia deixar de existir ou nunca ter existido sem que isto alterasse a essência do mundo espírita, porém nos advertem que eles são independentes, contudo  a correlação entre ambos é incessante e reagem incessamente um sobre o outro.

Os Espíritos estão por toda parte, povoam infinitamente os espaços  infinitos, são uma potência da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução dos seus designios providenciais. Eles atuam  sobre os encarnados sem que estes percebam.  Apesar de estarem por toda parte,  há regiões que são interditas aos menos adiantados. 

 

 

CAPÍTULO IV  NÚMERO 4 DO Evangelho Segundo o Espiritismo

RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO
4. A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob
o nome de ressurreição.

 Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. 

As   idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação.
 

Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos  desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. 

A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado.

 




 

 

 

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/origem-vida.htm

Hipótese de Oparin - Haldane

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/a-hipotese-oparin-haldane.htm



 





 

 


A VERDADEIRA RELIGIÃO

 

A VERDADEIRA RELIGIÃO (1952)



Encontrei-me, viajando pelo mundo, em todos os ambientes.


Achei-me entre católicos e os observei. Muitos deles eram sinceros e convictos e viviam aplicando, realmente, os princípios de sua religião. Sua verdadeira fé me encheu de admiração.

Outros deles, porém, embora verbalmente se confessassem e nas práticas religiosas se manifestassem perfeitamente ortodoxos, não viviam inteiramente seus princípios, demonstrando com fatos que, em realidade, neles não acreditavam de modo absoluto. Isso me encheu de tristeza.


Achei-me, depois, entre os protestantes e os observei. Muitos deles eram sinceros e convictos e viviam aplicando, realmente, os princípios de sua religião.

Sua verdadeira fé me encheu de admiração. Outros deles, porém, embora verbalmente se confessassem e nas prá-ticas religiosas se manifestassem perfeitamente ortodoxos, não viviam inteiramente seus princípios, demonstrando com fatos que, em realidade, neles não acreditavam de modo absoluto. Isso me encheu de tristeza.


Achei-me, também, entre os espiritistas e os observei. Muitos deles eram sinceros e convictos e viviam aplicando, realmente, os princípios de sua doutrina.

Sua verdadeira fé me encheu de admiração. Outros deles, porém, embora verbalmente se confessassem e nas práticas formais se manifestassem aderentes à sua doutrina, não viviam inteiramente seus princípios, demonstrando com fatos que, em realidade, neles não acreditavam de modo absoluto. Isso me encheu de tristeza.


Achei-me, depois, entre os teosofistas, os maçons, es maometanos, os budistas etc. e observei o mesmo fenômeno.


Encontrei-me até entre ateus, materialistas convictos. Não obstante, entre eles encontrei os que procuravam viver segundo superiores princípios de retidão. Senti respeito por eles.


Qualquer convicção vivida com retidão merece respeito.

O que me encheu de tristeza foi ver o ateu, materialista animalescamente involvido, somente animado de instintos egoístas para prejudicar o próximo.


Observando-os todos, perguntei a mim mesmo, então: a divisão real, verdadeira, entre os homens, é a de uma religião, doutrina ou crença, ou é, antes, entre o homem sincero e honesto e o homem falso e desonesto, que se encontram no seio de todas as religiões, doutrinas e crenças?


Embora as várias divisões humanas, em cada uma delas sempre encontrei esta outra divisão universal de bons e maus.


Perguntemos a nós mesmos, então:

não será esta a verdadeira distinção, muito mais real que a outra em que tanto se insiste?


Pertencer ao primeiro tipo de homem, antes que ao segundo, não será muito mais importante e decisivo do que pertencer a um determinado agrupamento religioso?


Que importa pertencer a esta ou aquela religião, quando não se é sincero nem honesto?

Não é o fundamental em qualquer campo?


E não é, então, esta a mais importante entre todas as divisões humanas, muito mais do que a atualmente aceita?


Não será essa a divisão que Deus mais assinala, de preferência a outra, que se refere, mais que a bondade do homem, aos interesses humanos que em torno dela se agrupam?


Qual é o fato mais decisivo para a edificação do homem (isso constitui o objetivo de todas as crenças)

os pormenores dogmáticos e doutrinários, a ortodoxia da letra ou o haver compreendido o simplicíssimo princípio do bem e do mal, princípio universal, existente em todas as religiões, inscrito no espírito humano e, sobretudo, viver esse princípio?


A verdadeira distinção, nesse caso, não é a atualmente vigorante em nosso mundo — católicos, protestantes, espiritistas, teosofistas, maçons, maometanos, budistas etc. — mas, sim, o justo e o injusto.


Esta é a distinção substancial, a que tem valor diante de Deus, muito mais importante que a outra, que pode ser apenas formal. Na segunda se pode mentir e ela, então, é fictícia; nunca na primeira, que é real.


Por que, então, tantas lutas religiosas e doutrinárias?

Não têm elas outro valor senão o de defender o patrimônio conceptual do grupo e os interesses que dele dependem.


Por que, então, não reduzir todas as crenças a esse seu denominador comum, que é a sua substância, em que todas se encontram, além de todas as divisões?


E por que não achar nessa substância a ponte que as une todas numa característica comum, em lugar de procurar em especulações sutis que pode dividí-las?


Por que não parar e insistir no que importa acima de tudo; a bondade e a evolução do homem?


Tudo isso é importantíssimo para a fusão das almas no caminho da unificação, que é o futuro do mundo em todos os campos. Daí nasceria um grande respeito recíproco, uma nova possibilidade de compreensão, um superior espírito de fraternidade. O cioso amor à ortodoxia, justificável em outros tempos, excitado até o ponto de preferir a letra ao espírito, pode significar uma satânica falsificação da fé na psicologia farisaica, enfermidade de todos os tempos e de todas as religiões.


Pode, então, acontecer que se faça da religião o que sempre se tem feito do amor à pátria que, embora santo em si, se transforma em agressividade e guerras contra outras pátrias.


Ora, como esse tipo de amor nacional está hoje em vias de desaparecimento, superado pela vida que caminha para a unificação social, do mesmo modo a vida superará o espírito de absolutismo e intransigência, pois ela se dirige para a unificação religiosa.



É necessário, assim, abandonar o espírito separatista de domínio, em nome de absolutismos, numa verdade que na Terra, para o homem, não pode deixar de ser relativa e progressiva, isto é, em função de sua capacidade evolutiva.

A vida hoje caminha para a colaboração por compreensão em todos os campos e os imperialismos, políticos ou religiosos, pertencem a fases que estão sendo superadas.


Os imperialismos espirituais retardam a unificação, que se situa justamente no campo das convicções e das consciências e que não se pode obter com o espírito de absolutismo e de domínio.


Qual é, pois, a religião de substância em que poderão pacificar-se todas as distinções humanas, encontrando-se em seu denominador comum?


A religião de substância é somente uma.


A ela pertencem todos os honestos que crêem sinceramente e vivem suas crenças, sejam católicos, protestantes, espiritistas, teosofistas, maçons, maometanos, budistas etc..


Estão, ao contrário, fora da religião, todos os falsos, os injustos, os que interiormente não crêem (embora formalmente em seus lugares), os que não vivem suas crenças, sejam católicos, protestantes, espiritistas, teosofistas, maçons, maometanos, budistas etc. Estes se igualam no representar a traição a ideia que professam.


Na "Mensagem de Natal" de 1931, diz Sua Voz:


...não está longe o dia em que somente uma será a divisão entre os homens: justos e injustos.”


Na Terra, em todos os campos, existem sempre dois tipos humanos:

o evolvido e o involvido.


Encontram-se em todas as filosofias, governos, religiões, hierarquias e povos.


O involvido vive sempre no nível animal, é animado pelo espírito de dominação e, por isso, intransigente e agressivo; fecha-se na forma, desprezando a substância;

é mais ligado à Terra que ao céu.

julga-se, em todos os campos, sempre com a posse da verdade e da parte de Deus, julgando todos os outros como situados no erro e da parte de Satanás.


Tende à egocêntrica monopolização da Divindade.


O evolvido tem características opostas. Vivendo num nível mais alto, é animado pelo espírito de fraternal compreensão;

tolera e auxilia;

fala com o exemplo, dando e não dominando;

é mais aderente à substância que à forma, mais unido ao céu que à Terra. Não julga nem condena.

Tende a anular seu eu em Deus e no amor ao próximo.

Não se faz paladino da verdade para exigir virtude dos outros, mas começa por praticá-la, ele mesmo:

ilumina, não impõe, pois respeita as consciências.

Não pretende ser o único que tem Deus consigo.

Não identifica com o mal tudo que está fora de seu eu, do seu grupo ou hierarquia nem o condena em defesa própria.

Não se faz representante de Deus para dominar com sua personalidade, mas reconhece em Deus o Pai de todos.


O homem está evolvendo e a religião dos justos será a religião unitária que a todos entrelaçará.

O estado vigente até hoje corresponde à fase caótica do mundo. Ele caminha, porém, para a fase orgânica na qual, em todos os campos, os relativos pontos de vista se coordenarão numa verdade universal.


A religião una será a substancial, a religião do bem e dos bons, que se compreenderão, por serem evolvidos.

Para essa compreensão os involvidos ainda não estão maduros, pois só podem crer que a salvação depende apenas da filiação a esta ou aquela forma da verdade, sem cuidar da substância, que pode estar em todas as formas.

Tudo isso, porém, será fatalmente superado.


É lei de evolução que o dualismo, em que se dividiu nosso universo, gradativamente, em todos os campos se vá reconstituindo em sua originária unidade de que o espírito caiu na cisão, na forma, na matéria.

É fatal lei de evolução que chegue finalmente à Terra a tão esperada realização do Reino de Deus.


Pietro Ubaldi em São Vicente, São Paulo

(“Fragmentos de Pensamento e de Paixão - Primeira Parte)








Afrontando o aguilhão torvo e escarninho

De sarcasmos e anseios tentadores,

Ei-lo que passa sob as grandes dores,

Na grade estreita do terrestre ninho.


Relegado às agruras do caminho,

Segue ao peso de estranhos amargores,

Acendendo celestes resplendores,

Atormentado, exânime, sozinho...


Anjo em grilhões de carne, errante e aflito,

Traz consigo os luzeiros do Infinito,

Por mais que a sombra acuse, gema e brade!


E, servindo no escuro sorvedouro,

Abre ao mundo infeliz as portas de ouro

Para o banquete da imortalidade.”

Cruz e Souza


(Soneto psicografado por Francisco Cândido Xavier em Pedro Leopoldo-MG, dedicado ao Professor Pietro Ubaldi no dia 18 de agosto de 1951, em homenagem aos seus 65 anos)