domingo, 5 de outubro de 2025

REVETERE AD LOCUM TUUM

 

 E aqui no Rio, quem passar pela Rua General Polidoro, na altura do nº 245, vai visualizar a entrada do Cemitério de São João Baptista, que foi oficialmente inaugurado em 4 de dezembro de 1852. 

 

O título acima está em latim, e inscrito no portão principal do Cemitério, a frase: "REVERTE AD LOCUM TUUM".

Traduzido para o português, significa algo como Retornou ao teu lugar. 

Como assim ? por acaso nosso lugar, antes do nascimento era no Cemitério ? 

- É certo que que a resposta é não. é nossa obrigação  respeitar as crenças das pessoas, a diversidade de entendimentos.

Nada é por acaso, muito se fala, as pessoas aumentam, outras deturpam, a verdade absoluta está longe de nosso conhecimento em praticamente todos os assuntos que interessam ao homem civilizado.

 

Oportuno lembremos  de Gênesis 3:19

" Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão,
até que volte à terra, visto que dela foi tirado;
porque você é pó, e ao pó voltará".  

E em Gênesis 2:7
"Então o SENHOR modelou o ser humano do pó da terra, feito argila, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente." 

Em Eclesiastes 12
6 Sim, com certeza, lembra-te de Deus, antes que se rompa o cordão de prata, ou se quebre a taça de ouro; antes que o cântaro se despedace junto à fonte, a roda se quebre junto ao poço;

 7 o pó retorne à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o concedeu. 

8 “Que absurdo! Que futilidade! Tudo é ilusão, vaidade!” exclama Cohéllet, o sábio. E finaliza: “Nada faz sentido! Tudo é inútil!” 

 Então, está claro que a frase latina faz referência à uma origem do homem, no pó, ou seja,  na natureza.   É uma informação errada ? 

Um estudioso da doutrina espírita, à luz dos ensinamentos dos Espíritos da Codificação, ao visualizar esta frase  certamente vai se aprofundar um pouco mais. 

 

André Luiz, na psicografia de Francisco Candido Xavier e de Valdo Vieira, nos trouxe muitas informações sobre o início da vida no planeta, inclusive informando que a reprodução se baseou no princípio da bactéria leptótrix, ao perder a carapaça. Estas informações estão no livro "Evolução em 2 Mundos".

Ocorre que a doutrina espírita se fundamenta, também no princípio da reencarnação, ou seja, considera que o Espírito constitui uma individualidade perfectível, que vai evoluindo seja no plano extrafísico ou no plano físico, quando está ocupando um corpo físico, quero dizer, na condição de  "Encarnado" .

Enquanto está "encarnado", diz-se que o corpo é ocupado pela "alma" e quando esta alma se desliga do corpo físico, pela falência deste, ele volta à condição anterior, um Espírito Errante.  Diz-se "errante" enquanto está entre uma encarnação e outra. Apenas uma denominação necessária, porque há Espíritos que não mais necessitam reencarnar. 

LIVRO DOS ESPÍRITOS 

QUESTÕES 84 A 87

 

Dentre os muitos tópicos a se estudar sobre a importância da Codificação Espírita, podemos citar o ensinamento que nos trouxeram nas questões 84 a 87,  onde nos esclarecem que O mundo dos Espíritos  constitui um mundo à parte daquele que vemos - é o Mundo dos Espíritos ou das Inteligências incorpóreas", que preexite e sobrevive  a tudo, que o mundo material poderia deixar de existir ou nunca ter existido sem que isto alterasse a essência do mundo espírita, porém nos advertem que eles são independentes, contudo  a correlação entre ambos é incessante e reagem incessamente um sobre o outro.

Os Espíritos estão por toda parte, povoam infinitamente os espaços  infinitos, são uma potência da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução dos seus designios providenciais. Eles atuam  sobre os encarnados sem que estes percebam.  Apesar de estarem por toda parte,  há regiões que são interditas aos menos adiantados. 

 

 

CAPÍTULO IV  NÚMERO 4 DO Evangelho Segundo o Espiritismo

RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO
4. A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob
o nome de ressurreição.

 Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. 

As   idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação.
 

Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos  desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. 

A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado.

 




 

 

 

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/origem-vida.htm

Hipótese de Oparin - Haldane

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/a-hipotese-oparin-haldane.htm



 





 

 


A VERDADEIRA RELIGIÃO

 

A VERDADEIRA RELIGIÃO (1952)



Encontrei-me, viajando pelo mundo, em todos os ambientes.


Achei-me entre católicos e os observei. Muitos deles eram sinceros e convictos e viviam aplicando, realmente, os princípios de sua religião. Sua verdadeira fé me encheu de admiração.

Outros deles, porém, embora verbalmente se confessassem e nas práticas religiosas se manifestassem perfeitamente ortodoxos, não viviam inteiramente seus princípios, demonstrando com fatos que, em realidade, neles não acreditavam de modo absoluto. Isso me encheu de tristeza.


Achei-me, depois, entre os protestantes e os observei. Muitos deles eram sinceros e convictos e viviam aplicando, realmente, os princípios de sua religião.

Sua verdadeira fé me encheu de admiração. Outros deles, porém, embora verbalmente se confessassem e nas prá-ticas religiosas se manifestassem perfeitamente ortodoxos, não viviam inteiramente seus princípios, demonstrando com fatos que, em realidade, neles não acreditavam de modo absoluto. Isso me encheu de tristeza.


Achei-me, também, entre os espiritistas e os observei. Muitos deles eram sinceros e convictos e viviam aplicando, realmente, os princípios de sua doutrina.

Sua verdadeira fé me encheu de admiração. Outros deles, porém, embora verbalmente se confessassem e nas práticas formais se manifestassem aderentes à sua doutrina, não viviam inteiramente seus princípios, demonstrando com fatos que, em realidade, neles não acreditavam de modo absoluto. Isso me encheu de tristeza.


Achei-me, depois, entre os teosofistas, os maçons, es maometanos, os budistas etc. e observei o mesmo fenômeno.


Encontrei-me até entre ateus, materialistas convictos. Não obstante, entre eles encontrei os que procuravam viver segundo superiores princípios de retidão. Senti respeito por eles.


Qualquer convicção vivida com retidão merece respeito.

O que me encheu de tristeza foi ver o ateu, materialista animalescamente involvido, somente animado de instintos egoístas para prejudicar o próximo.


Observando-os todos, perguntei a mim mesmo, então: a divisão real, verdadeira, entre os homens, é a de uma religião, doutrina ou crença, ou é, antes, entre o homem sincero e honesto e o homem falso e desonesto, que se encontram no seio de todas as religiões, doutrinas e crenças?


Embora as várias divisões humanas, em cada uma delas sempre encontrei esta outra divisão universal de bons e maus.


Perguntemos a nós mesmos, então:

não será esta a verdadeira distinção, muito mais real que a outra em que tanto se insiste?


Pertencer ao primeiro tipo de homem, antes que ao segundo, não será muito mais importante e decisivo do que pertencer a um determinado agrupamento religioso?


Que importa pertencer a esta ou aquela religião, quando não se é sincero nem honesto?

Não é o fundamental em qualquer campo?


E não é, então, esta a mais importante entre todas as divisões humanas, muito mais do que a atualmente aceita?


Não será essa a divisão que Deus mais assinala, de preferência a outra, que se refere, mais que a bondade do homem, aos interesses humanos que em torno dela se agrupam?


Qual é o fato mais decisivo para a edificação do homem (isso constitui o objetivo de todas as crenças)

os pormenores dogmáticos e doutrinários, a ortodoxia da letra ou o haver compreendido o simplicíssimo princípio do bem e do mal, princípio universal, existente em todas as religiões, inscrito no espírito humano e, sobretudo, viver esse princípio?


A verdadeira distinção, nesse caso, não é a atualmente vigorante em nosso mundo — católicos, protestantes, espiritistas, teosofistas, maçons, maometanos, budistas etc. — mas, sim, o justo e o injusto.


Esta é a distinção substancial, a que tem valor diante de Deus, muito mais importante que a outra, que pode ser apenas formal. Na segunda se pode mentir e ela, então, é fictícia; nunca na primeira, que é real.


Por que, então, tantas lutas religiosas e doutrinárias?

Não têm elas outro valor senão o de defender o patrimônio conceptual do grupo e os interesses que dele dependem.


Por que, então, não reduzir todas as crenças a esse seu denominador comum, que é a sua substância, em que todas se encontram, além de todas as divisões?


E por que não achar nessa substância a ponte que as une todas numa característica comum, em lugar de procurar em especulações sutis que pode dividí-las?


Por que não parar e insistir no que importa acima de tudo; a bondade e a evolução do homem?


Tudo isso é importantíssimo para a fusão das almas no caminho da unificação, que é o futuro do mundo em todos os campos. Daí nasceria um grande respeito recíproco, uma nova possibilidade de compreensão, um superior espírito de fraternidade. O cioso amor à ortodoxia, justificável em outros tempos, excitado até o ponto de preferir a letra ao espírito, pode significar uma satânica falsificação da fé na psicologia farisaica, enfermidade de todos os tempos e de todas as religiões.


Pode, então, acontecer que se faça da religião o que sempre se tem feito do amor à pátria que, embora santo em si, se transforma em agressividade e guerras contra outras pátrias.


Ora, como esse tipo de amor nacional está hoje em vias de desaparecimento, superado pela vida que caminha para a unificação social, do mesmo modo a vida superará o espírito de absolutismo e intransigência, pois ela se dirige para a unificação religiosa.



É necessário, assim, abandonar o espírito separatista de domínio, em nome de absolutismos, numa verdade que na Terra, para o homem, não pode deixar de ser relativa e progressiva, isto é, em função de sua capacidade evolutiva.

A vida hoje caminha para a colaboração por compreensão em todos os campos e os imperialismos, políticos ou religiosos, pertencem a fases que estão sendo superadas.


Os imperialismos espirituais retardam a unificação, que se situa justamente no campo das convicções e das consciências e que não se pode obter com o espírito de absolutismo e de domínio.


Qual é, pois, a religião de substância em que poderão pacificar-se todas as distinções humanas, encontrando-se em seu denominador comum?


A religião de substância é somente uma.


A ela pertencem todos os honestos que crêem sinceramente e vivem suas crenças, sejam católicos, protestantes, espiritistas, teosofistas, maçons, maometanos, budistas etc..


Estão, ao contrário, fora da religião, todos os falsos, os injustos, os que interiormente não crêem (embora formalmente em seus lugares), os que não vivem suas crenças, sejam católicos, protestantes, espiritistas, teosofistas, maçons, maometanos, budistas etc. Estes se igualam no representar a traição a ideia que professam.


Na "Mensagem de Natal" de 1931, diz Sua Voz:


...não está longe o dia em que somente uma será a divisão entre os homens: justos e injustos.”


Na Terra, em todos os campos, existem sempre dois tipos humanos:

o evolvido e o involvido.


Encontram-se em todas as filosofias, governos, religiões, hierarquias e povos.


O involvido vive sempre no nível animal, é animado pelo espírito de dominação e, por isso, intransigente e agressivo; fecha-se na forma, desprezando a substância;

é mais ligado à Terra que ao céu.

julga-se, em todos os campos, sempre com a posse da verdade e da parte de Deus, julgando todos os outros como situados no erro e da parte de Satanás.


Tende à egocêntrica monopolização da Divindade.


O evolvido tem características opostas. Vivendo num nível mais alto, é animado pelo espírito de fraternal compreensão;

tolera e auxilia;

fala com o exemplo, dando e não dominando;

é mais aderente à substância que à forma, mais unido ao céu que à Terra. Não julga nem condena.

Tende a anular seu eu em Deus e no amor ao próximo.

Não se faz paladino da verdade para exigir virtude dos outros, mas começa por praticá-la, ele mesmo:

ilumina, não impõe, pois respeita as consciências.

Não pretende ser o único que tem Deus consigo.

Não identifica com o mal tudo que está fora de seu eu, do seu grupo ou hierarquia nem o condena em defesa própria.

Não se faz representante de Deus para dominar com sua personalidade, mas reconhece em Deus o Pai de todos.


O homem está evolvendo e a religião dos justos será a religião unitária que a todos entrelaçará.

O estado vigente até hoje corresponde à fase caótica do mundo. Ele caminha, porém, para a fase orgânica na qual, em todos os campos, os relativos pontos de vista se coordenarão numa verdade universal.


A religião una será a substancial, a religião do bem e dos bons, que se compreenderão, por serem evolvidos.

Para essa compreensão os involvidos ainda não estão maduros, pois só podem crer que a salvação depende apenas da filiação a esta ou aquela forma da verdade, sem cuidar da substância, que pode estar em todas as formas.

Tudo isso, porém, será fatalmente superado.


É lei de evolução que o dualismo, em que se dividiu nosso universo, gradativamente, em todos os campos se vá reconstituindo em sua originária unidade de que o espírito caiu na cisão, na forma, na matéria.

É fatal lei de evolução que chegue finalmente à Terra a tão esperada realização do Reino de Deus.


Pietro Ubaldi em São Vicente, São Paulo

(“Fragmentos de Pensamento e de Paixão - Primeira Parte)








Afrontando o aguilhão torvo e escarninho

De sarcasmos e anseios tentadores,

Ei-lo que passa sob as grandes dores,

Na grade estreita do terrestre ninho.


Relegado às agruras do caminho,

Segue ao peso de estranhos amargores,

Acendendo celestes resplendores,

Atormentado, exânime, sozinho...


Anjo em grilhões de carne, errante e aflito,

Traz consigo os luzeiros do Infinito,

Por mais que a sombra acuse, gema e brade!


E, servindo no escuro sorvedouro,

Abre ao mundo infeliz as portas de ouro

Para o banquete da imortalidade.”

Cruz e Souza


(Soneto psicografado por Francisco Cândido Xavier em Pedro Leopoldo-MG, dedicado ao Professor Pietro Ubaldi no dia 18 de agosto de 1951, em homenagem aos seus 65 anos)

 

domingo, 24 de agosto de 2025

A NOSSA IDADE -

 

A NOSSA IDADE



Eu estava relendo um capítulo do livro “Evolução em 2 Mundos”, de autoria do Espírito André Luiz, na psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, justamente no capítulo onde ele explica que cada espírito é uma individualidade e que para atingir o reino hominal, necessita transitar pelos reinos mineral, vegetal, animal e hominal, e mais o que nos ensinam os Espíritos da Codificação, nas questões 540 e 607 do Livro dos Espíritos:


540

...Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam.

Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material.

Depois, poderão dirigir as do mundo moral. é assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo.

Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!”


607

607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?


Numa série de existências que precedem o período a que chamais

humanidade.”


a) Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?


Já não dissemos que tudo na Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. é, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram?


Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”


b) Esse período de humanização principia na Terra?

A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana.

O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde o seu início

humano, esteja apto a viver na Terra. Não é frequente o caso; constitui antes uma exceção.”


608. O Espírito do homem tem, após a morte, consciência de suas existências anteriores ao período de humanidade?


“Não, pois não é desse período que começa a sua vida de Espírito.

Difícil é mesmo que se lembre de suas primeiras existências humanas, como difícil é que o homem se lembre dos primeiros tempos de sua infância e ainda menos do tempo que passou no seio materno. Essa a razão por que os Espíritos dizem que não sabem como começaram.”


609. Uma vez no período da humanidade, conserva o Espírito traços do que era precedentemente, quer dizer: do estado em que se achava no período a que se poderia chamar anti-humano?


Conforme a distância que medeie entre os dois períodos e o progresso realizado. Durante algumas gerações, pode ele conservar vestígios mais ou menos pronunciados do estado primitivo, porquanto nada se opera na Natureza por brusca transição.

Há sempre anéis que ligam as extremidades da cadeia dos seres e dos acontecimentos. Aqueles vestígios, porém, se apagam com o desenvolvimento do livre-arbítrio. Os primeiros progressos só muito lentamente se efetuam, porque ainda não têm a secundá-los a vontade. vão em progressão mais rápida, à medida que o Espírito adquire mais perfeita consciência de si mesmo.”


610. Ter-se-ão enganado os Espíritos que disseram constituir o homem um ser à parte na ordem da criação?

“Não, mas a questão não fora desenvolvida. Ademais, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecê-lo.”



Feitas estas observações que muito nos dão o que meditar, podemos agora imaginar, apenas para argumentar como estamos no relativo, que resposta daria, por exemplo o homem comum, que não se aprofunda demais na parte filosófica, se perguntado:

Qual a sua idade ?

Provavelmente, se nasceu no ano 2000 e está em 2022, dirá que tem 22 anos.


Mas, lembremos que o código civil vigente no Brasil, determina:


Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.


Sim, desde a concepção… então isto poderia dizer que a legislação não ignora completamente o tempo de gestação que o indivíduo experimentou.


Assim, um outro indivíduo mais atento, poderia, sem receio de errar, afirmar que tem 20 anos + 9 meses e baseado na proteção da legislação.


E se fizermos a mesma pergunta a um profitente da Doutrina Espírita ? Qual seria a resposta ?


Acaso seja ele iniciante na Doutrina poderá responder como o cidadão comum, conforme acima, mas sendo ele um dos que leram e aceitam a afirmação de André Luiz, em “Evolução em 2 Mundos”, provavelmente deverá responder que está utilizando um avatar, mais um dos muitos que a individualidade utiliza nesta aventura por este labirinto da criação, no qual se atirou e busca, instintivamente, a saída. Ele sabe, algo lhe diz que há um lugar melhor, do qual sente saudade. Ele ouve falar na parábola do Filho Pródigo, não entende muito disso, mas provavelmente, nas sessões públicas do Centro Espírita, já ouviu falar sobre o que o Espírito Lammenais comenta na pergunta 1009 do Livro dos Espíritos, comentando à pergunta feita :


1009. Assim, as penas impostas jamais o são por toda eternidade ?

Eis o comentário de Lammenais, eu ressaltei um trecho:

Aplicai-vos, por todos os meios ao vosso alcance, em combater, em aniquilar a ideia da eternidade das penas, ideia blasfematória da justiça e da bondade de Deus, gérmen fecundo da incredulidade, do materialismo e da indiferença que invadiram as massas humanas, desde que as inteligências começaram a desenvolver-se.


O Espírito, prestes a esclarecer-se, ou mesmo apenas desbastado, logo lhe apreendeu a monstruosa injustiça. Sua razão a repele e, então, raro é que não englobe no mesmo repúdio a pena que o revolta e o Deus a quem a atribui. Daí os males sem conta que hão desabado sobre vós e aos quais vimos trazer remédio. Tanto mais fácil será a tarefa que vos apontamos, quanto é certo que todas as autoridades em quem se apoiam os defensores de tal crença evitaram todas pronunciar-se formalmente a respeito. Nem os concílios, nem os Pais da Igreja resolveram essa grave questão.

Muito embora, segundo os evangelistas e tomadas ao pé da letra as palavras emblemáticas do Cristo, Ele tenha ameaçado os culpados com um fogo que se não extingue, com um fogo eterno, absolutamente nada se encontra nas suas palavras capaz de provar que os haja condenado eternamente.


Pobres ovelhas desgarradas, aprendei a ver aproximar-se de vós o bom Pastor, que, longe de vos banir para todo o sempre de sua presença, vem pessoalmente ao vosso encontro, para vos reconduzir ao aprisco. filhos pródigos, deixai o vosso voluntário exílio; encaminhai vossos passos para a morada paterna. O Pai vos estende os braços e está sempre pronto a festejar o vosso regresso ao seio da família.”

Lamennais


Do site do Ibbis

(www.ibbis.org.br)


A parábola do Filho Pródigo é a nossa própria história em sua faceta de involução ou queda, e de ascensão ou evolução:

"Filhos pródigos, abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna: o pai vos estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar vosso retorno à família". (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Comentários de Lammenais, Pergunta 1009). (Os grifos são nossos).

"Nosso pai é justo e bom. Todos somos filhos pródigos; voltemos à casa paterna".

(J. B. Roustaing, Os Quatro Evangelhos, Tomo Primeiro, Item 14, p. 168).”



No livro Evolução em 2 Mundos, André Luiz, ensinando no capítulo 6 – Evolução e Sexo, informa:


GENEALOGIA DO ESPÍRITO — Os naturalistas situados no chão do mundo, desde os sacerdotes egípcios, que estudavam a origem da vida planetária em conchas fósseis, até os mais eminentes biólogos modernos, atreitos à unilateralidade de observação,compreensivelmente não conseguirão suprir as lacunas existentes no quadro da evolução, não obstante Cuvier, com a Anatomia Comparada, tenha traçado forma básica à sistemática da

Paleontologia.

Em verdade, porém, para não cairmos nas recapitulações Incessantes, em torno de apreciações e conclusões que a ciência do mundo tem repetido à saciedade, acrescentaremos simplesmente que as leis da reprodução animal, orientadas pelos Instrutores Divinos, desde o casulo ferruginoso do leptótrix, através da retração e expansão da energia nas ocorrências do nascimento e morte da forma, recapitulam ainda hoje, na organização de qualquer veículo humano, na fase embriogênica, a evolução tilogenética de todo o reino animal, demonstrando que além da ciência que estuda a gênese das formas, há também uma genealogia do espírito.


Com a Supervisão Celeste, o princípio inteligente gastou, desde os vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos

quinze milhões de séculos, a fim de que pudesse, como ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pensamento contínuo para os Espaços Cósmicos.

Pedro Leopoldo, 2/2/58. “


E, meus irmãos, não pára aí, não podemos desprezar a leitura do capítulo 10 deste mesmo livro, onde André Luiz nos ensina sobre o mecanismo da palavra, sobre as intervenções espirituais, sobre a razão e o nascimento da responsabilidade.


Então, apenas para concluir, ainda que provisóriamente, porque há outras considerações a fazer, a Doutrina Espírita tem como um dos seus pilares, a REENCARNAÇÃO, ou seja, uma individualidade que transita pelo universo utilizando muitos corpos, vivenciando incontáveis personalidades, enquanto se elabora e se reorganiza para o retorno ao Reino de Deus, e, antes disso, ela vai se modificando, vestindo várias túnicas, mas não se imagine que ainda que esteja no Reino de Deus, a individualidade se esvaia no todo… “Eu e o Pai somos um” - João, 10:30